Gondim, Arminianos, e Irracionalidade
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Marcelo Lemos
Recentemente publicamos a notícia a respeito da demissão do Pastor Ricardo Gondim da equipe de colunista da Revista Ultimato (Leia aqui). Além de sua defesa da união civil entre homossexuais, Gondim tem despertado polêmica no meio evangélico por adotar uma postura favorável a tese do Open Teísmo.
Que prega o Open Teísmo? Trata-se de uma doutrina que vislumbra um Deus “aberto” (open) para o futuro, ou no sentido de que não conhece o futuro, ou que não o decreta. Ou seja, um Deus que apesar de ser soberano sobre um plano geral da História, não é soberano sobre aqui e agora. Nas palavras de Gondim, uma tragédia ou um crime hediondo não fazem parte do querer de Deus: Deus não quer e nem permite, os homens fazem por serem livres para o que bem entenderem.
Arminiamos e Calvinsitas se ressentem de tal doutrina e a combatem ferozmente. Isso é bom, significa que até mesmo entre os arminianos não se aceita a ideia de que Deus não seja soberano. No entanto, não posso deixar de sinalizar que a briga arminiano contra o Open Teísmo revela a própria falsidade da tese arminiana – quando um arminiano ergue voz contra Ricardo Gondim está assumindo seu próprio erro.
O Open Teísmo é heresia, mas tem algo que falta ao Arminianismo: uma boa dose de coerência. Para o Arminiano Deus decreta o futuro com base naquilo que ele previu nos homens. Em outras palavras, Deus apenas reagiu à ação livre do homem. Ora, isso implica em estar, sim, “aberto ao futuro”; se não agora, ao menos quando ele previu o que o homem iria livremente fazer. No caso de um estrupo, Deus não decretou aquilo, mas viu que o homem iria fazer e permitiu. Essa é a única vantagem do Arminianismo quando comparado ao Open Teísmo: que Deus é onisciente. Fora esse detalhe da Onisciência de Deus, Arminianismo e Open Teísmo pregam a mesma coisa.
1. Deus não é totalmente soberano. Assim como no Open Teísmo, a tese dos arminiamos nega que tudo acontece por ser a vontade de Deus; no máximo aceitaram uma vontade “permissiva” de Deus, pela qual ainda que contra sua vontade ele permite que o homem faça o que bem entender. O homem é soberano sobre seus próprios atos, e Deus apenas reage a ação dos homens.
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2. O homem é senhor de seu próprio destino. “Apenas você pode impedir que Deus te abençoe!”. “Ninguém pode impedir que Cristo te salve: a não ser você mesmo”. Para ambos os grupos o dito “livre-arbítrio” é algo tão valioso que nem mesmo Deus se atreve a interferir na vontade humana. Deus pode tudo, menos tocar na sua livre vontade – não é essa a mensagem da maioria dos pregadores populares de nossos dias? Eles estão ensinando que Deus é soberano, mas só até onde começa a soberania do próprio homem. O homem é senhor do seu próprio destino.
3. A relação entre Deus e o homem é meritória. Os dois grupos vão negar a acusação, mas ela é inevitável. Se Deus reage a ação humana, então segue-se que a salvação baseia-se naquilo que o homem faz para Deus. Por isso os dois grupos negam a Predestinação Incondicional. Aqui temos algo interessante. Os arminianos não aceitam serem acusados de “salvação por obras”, mas insistem em dizer que a Predestinação não é, como afirmamos, “Inconcidional”. Ou seja, se o homem quer ser salvo, precisa cumprir determinadas condições, e sendo livre sobre seus atos, implica em salvação meritória.
A graça de Deus é igual sobre todos os homens, eles ensinam. Se é assim a diferença entre um salvo e um perdido não está na Graça, nem na ação do Espírito Santo, mas nas boas e más ações do próprio homem. O salvo foi bom o suficiente para responder positivamente, e o perdido não teve tal bondade, e se perdeu.
O Arminianismo é incoerente ao criticar o Open Teísmo sobre a “abertura de Deus”, já que ele mesmo vislumbra um Deus que “viu” o futuro acontecer livremente, sem o seu decreto. E ambos são incoerentes ao afirmarem uma salvação “por graça”, quando na verdade, suas teses implicam em uma salvação meritória.
Na minha humilde visão, encaro tanto o calvinismo quanto o arminianismo como extremos ligeiramente exagerados sobre o mesmo assunto. Deus é soberano e o homem tem participação na salvação! Se não conseguimos ver uma maneira de conciliar essas duas afirmações é porque talvez Deus tenha propositalmente deixado esse assunto além da nossa compreensão.
ResponderExcluirAbraços, Paz de Cristo.
Bem, eu já vejo o arminiamos uma tentativa de não exagerar a "abertura" de Deus. O Paradoxo é que isso o torna mais "Bíblico" que o Open Teísmo - no sentido de não negar a Onisciencia Divina; mas o torna mais incoerente que seu rival, já que acaba criticando a si mesmo.E quanto a "salvação por graça", ambos são contraditórios.
ResponderExcluirUm nega (Open), o outro relativiza (Arminianismo) a Soberania de Deus. Por exemplo, o massacre em Realengo aconteceu pelo decreto de Deus? Ambos dirão que não: o Open dirá que Deus nem sabia daquilo, e os Argminiamos dirão que Deus permitiu o jovem resolver o que faria, e apenas permitiu contra sua vontade. Quem decretou o massacre? O próprio assassino.
Abraços.
Recomendo a todos o livro "A Soberania de Deus e a Responsabilidade do Homem". Embora paradoxal, tanto Deus é soberano quanto o homem tem responsabilidade.
ResponderExcluirPermaneçamos firmes!
Ótima exposição. De fato, há contradições enormes na idéia arminiana de salvação. Se admitem que a salvação é pela graça, mas pregam que é "mantida" pela obra, então estão acrescentando à Obra de Cristo a parcela humana da salvação. Se é assim, então qualquer um pode concluir que a salvação que Cristo nos oferece é incompleta, necessitando de "apoio". Bom, eu fico com a declaração dos profetas, dos discipulos e do próprio Cristo, principalmente a de Jo 6, onde Ele responde que a obra de Deus é que creiamos no Seu Filho para salvação!
ResponderExcluirDeus abençoe!
Alliadoo, no arminianismo se fala de "paradoxo" entre Soberania Divina e Responsabilidade Humana, pois para eles o homem só poder ser responsável se for livre. No Calvinismo não existe tal paradoxo: afirmamos que o homem é responsável, mas não que seja livre. Ser responsável, como diz Romanos 9, não tem haver com ser o homem livre, mas com Deus ser completamente soberano.
ResponderExcluirAbraços.
Afirmar que Deus permitiu desgraças produzidas por mãos humanas, é retirar a culpa dos homens e transferí-las para Deus!
ResponderExcluirÉ evidente que o calvinismo tira o caráter da pessoalidade de Deus quando o coloca como soberano, à exemplo da forma arcaica do deus furioso da igreja medieval.
O fato de Deus não interferir quando homens comumente cometem atrocidades, não significa que não seja soberano! Em sua soberania, Deus escolheu não forçar o ser humano a serví-los, nem muito menos, tirar a oportunidade de salvação. A Bíblia diz que a culpa das contradições humanas não é de Deus, afinal, "de que se queixa o homem,. senão dos próprios pecados", já diz tudo!
E, o futuro a Deus pertence, nos sentido que ele tem poder para mudar os caminhos tortusos dos homens!
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Graça e paz do SENHOR aos irmãos do blog....
ResponderExcluirSr. Valter Borges, por favor, medite neste texto: "Mas seu pai [de Sansão] e sua mãe não sabiam que isto >>VINHA DO SENHOR<<, que buscava ocasião contra os filisteus; porquanto naquele tempo os filisteus dominavam sobre Israel." (Juízes 14:4)
A não ser que eu esteja louco e, o texto em hebraico me contradiga, mas "Vir do SENHOR" não traz a conotação de controle direcionador? Sansão estava desobedecendo os pais se casando com uma filistéia e, nós sabemos que "Deus não tenta ninguém" (Tg: 1.13). Então o que nós podemos concluir do texto: que "todos os meus dias" foram "escritos e >>DETERMINADOS<< quando nenhum deles havia ainda" (Salmo 139:16). Isso significa que a Soberania de Deus está em TOTAL harmonia com nossos atos, sejam bons ou maus.
"Sabe, porém que de todas [as] coisas Deus te pedirá contas." - Ec: 11.9
Que o ESPÍRITO SANTO nos guie a toda verdade!
Ah! propósito irmão Marcelo, seu artigo foi muito esclarecedor! Que o SENHOR JESUS o preserve em humildade.
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