[Kit Gay] A Bancada Evangélica e a Lei de Deus

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Marcelo Lemos

“Estamos dando fôlego a esse governo. Nossa decisão precisa ser política. Se eles querem salvar o Palocci, nós queremos salvar a família brasileira. Vamos trazer o ministro e ir a Dilma e exigir que demita o Haddad” (Garotinho, Presidente da Frente Parlamentar Evangélica)

Ontem escrevi sobre a “vitória” da Bancada Evangélica no caso contra o famigerado Kit Gay. Nem todos gostaram da minha critica, alguns com justa razão, já que em certa parte meu texto ficou um tanto obscuro. Refiro-me a ter escrito “entre o Kit Gay e a corrupção que se libere o Kit e metam os corruptos na cadeia”. A impressão que ficou, com justiça aos críticos, que eu escolheria o Kit para não abrir mão de investigar. Eu não quis dizer isso, mais parece que foi isso que saiu, e a culpa é toda minha.

Eu jamais escolheria o Kit Gay, e jamais o impediria de ser implementado se isso me custasse deixar de averiguar denuncias de corrupção. Não se trata de escolher entre um e outro, mas de ser combativo aos dois. “Deputado Marcelo Lemos, caso o senhor aceite não convocar Palocci nós arquivaremos o projeto do Kit Gay; temos um acordo?”. “Nada feito, vou convocar Palocci e vou lutar contra o Kit Gay”. Foi isso que eu disse, ou melhor, o que eu pretendi dizer no texto de ontem.

O que a atitude dos “cristãos” parece-me dizer é que não levamos a Ética de Cristo a sério, exceto nas questões sexuais, e mesmo nela, não sem certa dose de hipocrisia [Sobre tal hipocrisia leia AQUI]. Quem não se lembra, por exemplo, que foi justamente um discípulo de um dos “Bispos” que encabeçam a chantagem contra Dilma que apareceu no horário nobre fazendo uma oração de agradecimento pela própria recebida? Apesar disso, estou sendo criticado por alguns que alegam não importar os meios: vale que os cristãos "venceram" essa batalha.


Sim, é verdade, politicamente foi um vitória. Mais que isso, foi uma jogada de mestre. Se eles querem o meu "parabéns para você" no que diz respeito a Política, tudo bem. Mais não vejo isso como suficiente. Vencer politicamente é apenas um jogo de forças, e não tem nada haver com o avivamento que desejamos para o Brasil. Esse é o meu ponto. 

A Lei de Deus condena o homossexualismo, e condena igualmente a corrupção. A Lei de Deus, inclusive, condena o suborno. Meus queridos, como homem público o Ministro Palocci tem a obrigação constitucional e moral de dar satisfações ao público. Enquanto trabalhava para o Governo petista ele conseguiu multiplicar 19 vezes o seu patrimônio: que deu um salto de pouco mais de 300.000 para mais de 7.000.00 em alguns anos! Quem não se lembra do caseiro Francenildo que o PT investigou de trás pra gente por causa de 50 mil reais? Será que já nos esquecemos daquilo? Será que também já nos esquecemos de que a ordem de quebrar o sigilo de uma pessoa “privada” saiu justamente, segundo a acusação, do gabinete de... Palocci?!!

De onde veio o dinheiro do Ministro mais poderoso do Planalto? Se surgiu por meio de tráfico de influência é corrupção; e se é corrupção implica em dinheiro roubado de “pobres, viúvas, doentes e órfãos”. Como poderia a Bancada Evangélica fazer aceitar uma proposta que ajuda a blindar Palocci? Será que é assim que nos “nossos representantes” lidam com o tema da corrupção em seus gabinetes? Será que é assim que lidam com o tema da corrupção em suas articulações eclesiásticas? 

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Comprar a casa própria, pagar a faculdade dos filhos, manter um bom plano de saúde, e tantas outras coisas são fins bons e desejáveis. São fins que o próprio Deus sancionaria. Mas, será que roubar para atingir tais fins é algo bom e digno de alguém que defenda a ética cristã? Ser os fins justificam os meios... Alguém me escreveu dizendo que não deveria ser tão duro com a Bancada Evangélica, já que o Planalto, sabidamente, é um “antro de corrupção”. Ora, com todo respeito, quer dizer que o fato consumado se auto justifica?  Vamos levar essa lógica adiante. Todos sabem que o Brasil é um “antro de violência”: nossas ruas matam mais que a maioria dos conflitos bélicos no mundo, e, sendo isto fato consumado, não deveríamos fazer nada contra isso. Que tal?

Ademais, apesar de Palocci ser emblemático, ele não é o único personagem da historieta. Não vamos nos esquecer do Haddad, Minsitro da Educação, incompetente confesso. O cara que não foi capaz de organizar o Enem agora quer proibir os estudantes de recorrer na justiça contra possíveis erros nas provas futuras. No Edital Enem 2001 o texto prevê que é responsabilidade do aluno “verificar se seu caderno de questões contém algum defeito gráfico que impossibilite às questões”. Putz! Agora o aluno vais ser obrigado a trabalhar como consultor gráfico do Mec nas provas que são da responsabilidade de... Haddad! Imagine a cena num Tribunal. Juiz falando: “O reclamante tem sua ação contra a MEClandia rejeitada; é verdade que o brinquedo quebrou, mas quem mandou o usuário não conferir a qualidade do equipamento ante de usars?”. Comédia Tupiniquim! Mas no acordo, a Bancada Evangélica aceitou não mexer com sábio ministro do saber. O Ministro, apesar de incompetente, fica. Nada de grave, afinal ele é só ministro da Educação, e ninguém acha que a educação seja importante para o futuro do Brasil (que tolice seria!).

A minha opinião caros amigos e leitores: não há Justiça quando uma injustiça é feita para se chegar a ela.  

O que o Brasil precisa, a começar pela Igreja Evangélica? Precisamos levar a sério a Ética que recebemos das mãos de Deus. Abaixo reproduzo um trecho do livro “Ética & A Lei de Deus”, de William O. Einwechter, da Editora Monergismo:

Teonomia é a visão da ética cristã que ensina que a lei de Deus como revelada no Antigo e Novo Testamento é o único padrão autoritativo de verdade e justiça, e que a Escritura é inteiramente suficiente para nos instruir na justiça em cada esfera da vida. A Palavra de Deus é o único padrão aceitável para julgar o certo e errado de qualquer e todo comportamento humano. A teonomia ensina que o motivo correto da ação humana é o amor por Deus e pelo homem; que o padrão da ação humana é a Palavra de Deus; e que o fim ou propósito da ação humana é a glória de Deus.

A teonomia, como um sistema de ética estritamente bíblico, se opõe a todas as formas de autonomia ética; vê a lei natural como uma regra de ética insuficiente; repudia todas as formas de antinomianismo e legalismo; defende uma interpretação e aplicação cuidadosa da lei; e sustenta que a lei de Deus deveria ser o padrão para a vida social e política de toda nação.

Teonomia, como uma formulação estritamente bíblica de ética, glorifica a Deus; apresenta o verdadeiro dever do homem; é a verdadeira ética do amor; é a resposta apropriada à graça; é a vereda da bênção; é o caminho da vitória; e é o caminho do reavivamento e reforma.

Em essência, a teonomia é a aplicação consistente e fiel do princípio da Reforma do sola Scriptura à questão da ética.

Pode haver algumas diferenças em alguns pontos entre aqueles que aderem à ética teonômica, mas todos os teonomistas diriam a Confissão de Fé Escocesa que a lei de Deus é "a mais justa, a mais imparcial, a mais santa e a mais perfeita". A essência da teonomia é um amor por Deus e sua lei, e um desejo de ordenar tudo da vida de acordo com os mandamentos de Deus. Possa Deus conceder a cada um de nós a graça para declarar alegremente com o salmista, "Oh! quanto amo a tua lei!".

De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom quer seja mau (Ec 12.13-14).

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