A reprovaçao dos judeus e outras questoes



A reprovação dos judeus e outras questões.

Por Marcelo Lemos

Nota: pessoal, continuo com problema para acessar a maquina que eu usava, mas vamos atualizando na medida do possivel. Alguns estudos estavam no HD que deu "pau", estamos recuperando, e sendo preciso, reescreveremos. Paz e Bem!

Há quase dois anos, publicamos uma pequena série de artigos sobre o texto de Romanos 9. Na série, buscamos demonstrar como muitas pessoas deturpam o ensino do Capítulo, a fim de negarem a doutrina da Total Soberania de Deus na Salvação. A pergunta que respondermos hoje, enviada por um assíduo leitor do blog, tem tudo haver com o que escrevemos na ocasião, e por isso, recomendamos tal leitura.

Na verdade, aproveitaremos para responder várias questões que surgem da leitura de Romanos 9, inclusive aquela sobre haver ou não uma “dupla predestinação”, ou seja, se Deus predestina apenas para a vida, ou se também predestina para a morte.

a) Que significa ter Deus cegado os judeus!

Há um entendimento popular que afirma que a salvação foi possível aos gentios devido a recusa de Israel em aceitar o Messias. Compreendido adequadamente tal entendimento pode ser aceito; todavia, esse mesmo entendimento termina por apontar a universalidade do Evangelho como sendo um “acidente histórico”.

Na linha de raciocínio popular, caso os judeus tivessem acreditado em Jesus, a história teria sido outra... E não se afirma isso apenas num exercício imaginativo, mas como um “se” que só não aconteceu porque a vontade “original” de Deus não foi cumprida.

Mark. R. Rushdoony acertadamente escreve: “A alternativa a um Deus soberano é um homem soberano. A alternativa a um Deus determinador é um homem determinador”. Todavia, como parece ofensiva a ideia de um Deus que tem autonomia para cegar o entendimento dos homens, nos recusamos a aceitar o ensino claro da Epístola aos Romanos, mesmo que para isso tornemos o “tempo dos gentios” um mero acidente histórico tornado possível pela soberana vontade dos homens.

Soberana vontade dos homens que não existe nas Escrituras: “Pois diz a Moisés: compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece!” (ROMANOS 9.15,16).

Integrar a nova aliança não é algo que se dá, como os judeus esperavam, por herança genética ou méritos pessoais, mas somente pela Eleição da Graça. Os judeus, sempre orgulhosos de seus “direitos” como filhos carnais de Abraão, foram endurecidos por Deus, e rejeitaram o Messias. Jesus veio aos seus, mas os seus não o receberam, mas isso foi o perfeito cumprimento da vontade de Deus: “O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos. Como está escrito: Deus lhes deu espírito de profundo sono, olhos para não verem, e ouvidos para ouvirem, até o dia de hoje” (ROMANOS 11.7,8).

Com isso, Paulo era questionado se Deus havia rejeitado seu povo, Israel, contradizendo tudo o que dissera no Antigo Testamento. A resposta vitoriosa do apóstolo é um sonoro “não”. Explica S. Paulo que os verdadeiros israelitas não eram segundo a carne, mas segundo a fé. No primeiro versículo (11.1), ele usa a si mesmo como exemplo de que entre os eleitos também há judeus: “Rejeitou Deus seu povo? De modo algum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim”.
Porém, a única entrada para a Nova Aliança é a eleição da graça, e não o fazer parte do Israel físico, como eles seguiam acreditando: “Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça. Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais por graça; de outra maneira a obra já não é obra” (ROMANOS 11.5,6).

Como erram aqueles que aguardam pela salvação da nação física de Israel! Imaginam que a salvação “aos gentios” apenas adiou a salvação aos “judeus”, quando na verdade, quer sejamos judeus, quer sejamos gentios, o tempo da salvação é hoje, o meio é a fé, e a garantia é a Eleição da Graça.

b) Há verdade na afirmação de que a predestinação é dupla, tanto para a vida quanto para a morte!

Há quem pense que Deus é soberano sobre a Salvação, mas não sobre a Reprovação. Em resumo, defendem que Deus elege os salvos para a vida, mas não elege os impios para a morte. Em outras palavras: na salvação Deus é ativo na eleição e nos meios da graça, mas, no que diz respeito aos não eleitos, Deus simplesmente os ignora, deixando-os seguir o curso natural das coisas.

Ainda que possa haver alguma verdade no pensamento agostiniano, que diz de a vontade humana não ser forçada a pecar (vide sua obra “Livre Arbítrio”), (e talvez isso seja correto), não se resolve de modo completamente satisfatório a questão se apelarmos a isso. O simples fato de Deus ter escolhido uns para a salvação, implica que ele não escolheu outros para a salvação, logo, eles os rejeitou. Se eu tenho X e Y, e decreto que apenas X será salvo, decretei a condenação de Y. Não se pode decretar a salvação de uns, sem que isso implique num decreto que condene outros. Do contrário, não existiria eleição de ninguém.

Fora isso, temos ainda a questão da onisciência divina; mesmo que não tenha existido um decreto negativo, ainda restaria o problema apontado magistralmente pelo batista Arthur Pink:

Se Ele, então, previu, ao criar certa pessoa, que esta pessoa desprezaria e rejeitaria o Salvador, e mesmo sabendo isto de antemão, Ele, não obstante, trouxe tal pessoa à existência, então, é claro que Ele designou e ordenou que esta pessoa deveria ser eternamente perdida. Novamente; fé é um dom de Deus, e o propósito de dá-la somente a alguns, envolve o propósito de não dá-la a outros”.

Observem, portanto, meus queridos, que mesmo aqueles nossos irmãos que, dentro ou fora do calvinismo, se levantam contra a ideia de um Deus que seja soberano inclusive sobre a Reprovação, não podem sustentar sua objeção sem que anulem os atributos naturais de Deus, como a onisciência.

Entretanto, basta-nos o ensino claro das Escrituras para aceitarmos que Deus é soberano sobre uma e outra eleição.
Imagine, em primeiro lugar, todas as nações, desde os dias de Abraão até os dias de hoje, que jamais tiveram a oportunidade de ouvir a Mensagem da Cruz. Segundo a Bíblia, a ignorância teológica delas não se deve a qualquer acidente histórico, mas a Soberana Vontade do Senhor. “O qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em seus próprios caminhos” (Atos 14,16). “De todas as famílias da Terra somente a vos (Israel) vos tenho conhecido” (Amós 3.2). Uma vez que Deus não permitiu que eles conhecessem o Evangelho, implica que os condenou a perdição eterna.

Novamente a Epístola aos Romanos nos esclarece muitas coisas, seja quando olhamos para o endurecimento de Faraó, seja quando olhamos para o endurecimento do Israel físico. Observamos ali que Deus não apenas os 'abandonou', mas também endureçeu; ou seja, trata-se de uma reprovação ativa. Novamente temos um acerto comentário de Pinke: “Isto está de pleno acordo com as declarações da Sagrada Escritura Do homem são as preparações do coração, mas do SENHOR a resposta da língua” (Provérbios 16:1); “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR, que o inclina a todo o seu querer” (Provérbios 21:1). Como o de todos os outros reis, o coração de Faraó estava na mão do Senhor; e Deus tinha tanto o direito como o poder para incliná-lo para onde quisesse. E agradou-Lhe incliná-lo contra todo bem. Deus determinou impedir que Faraó cedesse às Suas exigências através de Moisés para que deixasse Israel ir, até que Ele tivesse preparado-o completamente para a sua queda final, e porque nada menor do que isto o teria preparado completamente, Deus endureceu o seu coração”.

De modo que, nossa resposta a questão da Dupla Predestinação, é um destemido “sim”. Como escreveu o sábio, “O senhor fez todas as coisas para Si mesmo: sim, até o ímpio para o dia do mal” (Prov. 16.4).

Agradeço aos irmãos pela oportunidade de abordarmos novamente estas questões, e todos podem participar, enviando-nos novas questões, ou por comentários, ou por meio do nosso Formulário de Perguntas.

Abraços reformados.

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