A Morte de Kaique e Missão Profética da Igreja


+ Rev. Marcelo Lemos

Os últimos dias nos chocaram com uma notícia terrível, a morte brutal de um jovem de 16 anos. Kaique.

Mas, ao que parece, pouca gente se preocupou com a pessoa do morto, ou com a dor de sua família. Mas muitos se apossaram de seu nome como um símbolo de seus próprios interesses. Kaique, para alguns, não é gente, é uma bandeira.


De fato, não nos importamos com gente. Parece que nossa nação tem coisas mais importantes com as quais lidar. Em 2013, só por arma de fogo, o Brasil ultrapassou 36 mil assassinatos. E daí?  Somos líderes mundiais em assassinatos, e conseguimos ficar a frente de nações que lutam a anos em guerras sangrentas. Mas, quase ninguém liga para essas mortes. E daí? Nossos políticos nada fazem contra o crime, ou para fomentar uma melhor educação. E daí? Certamente, temos coisas melhores para fazer. A Copa do Mundo, por exemplo.Até porque, quando a casa cai, sempre podemos jogar a culpa nas costas dos nossos inimigos políticos... E assim caminha nossa Nação. E daí?

Terrível mesmo é saber que isso também se dá na Igreja. Talvez por acharmos que o Evangelho se adapta a bandeiras políticas. Mas não é assim. Ainda que as ideologias humanas possam se aproximar ou se afastar de certos valores do Evangelho, a Mensagem do Cristo sempre estará acima de qualquer uma delas. A Missão Profética da Igreja é defender esses valores,inerentes ao Evangelho, independentemente de como as bandeiras humanas os classificarão.

Podemos imaginar um Profeta Isaías, ou um Ezequiel, verificando a filiação partidária dos poderosos antes de destilar suas criticas sociais e religiosas? Impossível. Porque eles não falavam de si, mas da parte do Senhor. E o que o Senhor busca é fomentar a Justiça, num mundo de injustiça, povoado por injustos. Desculpe se decepciono alguém: todos são injustos, ainda que todas (!) as bandeiras humanas utilizem a justiça como slogan.

O interesse do pobre, do órfão e da viúva. Essa é a preocupação da voz profética. A idolatria, a falsa profissão de fé, a imoralidade, seja pobres, ricos ou do Estado. Essa é a denuncia da voz profética. Não há melhores, nem piores. Não há anjos, nem demônios. Tudo o que há são pecadores. E para todos, a voz profética do Evangelho é cura. A única cura.

Como pastor preciso lhes dizer, ainda mais nesse ano de eleições, que enquanto nossas esperanças estiverem nas bandeiras humanas, seremos culpados do mesmo pecado dos Israelitas no Deserto. Eles tinham saudades das carnes disponíveis no Egito. E nós temos saudades das ideologias humanas, e desprezamos a voz profética do Evangelho - que por Graça recebemos. Eles pereceram no Deserto. O mesmo destino nos aguarda, a menos que Deus nos traga arrependimento. Avivamento ou morte.

Irmãos, não são as ideologias que interpretam e ditam a mensagem do Evangelho. É o Evangelho que nos julga, e seu julgamento virá sobre todos, independente da cor da pele, sexo, status social, ou slogan político. Nem mesmo os chavões religiosos nos livrarão do Tribunal de Cristo.

Se nossa sociedade assassina pessoas homossexuais, Deus a julgará.

Se nossa sociedade politiza a morte dos seus, por qual motivo for, Deus também a julgará.

Nenhuma bandeira humana pode nos justificar diante de Deus, apenas o Evangelho o fará. Cristo, nossa Bandeira.

Esse Evangelho nos impele contra a injustiça e o pecado, não importa contra quem, ou impetrada por quem. De onde nos virá o socorro? Unicamente da pregação sobre o Cristo Crucificado!

De seu pastor e conservo;

+Rev. Marcelo Lemos, presbítero, no site da Igreja Anglicana Reformada São Paulo.

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