Amigo de Pecadores!

Amigo de Pecadores




Por David Wilkerson
12 de junho de 2006

Cristo contou a Simão uma parábola sobre dois homens que deviam dinheiro a um credor: "Um lhe devia quinhentos denários, e o outro cinqüenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais?" (Lucas 7:41-42).

Simão parece que entendeu a mensagem. O versículo seguinte diz: "Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou" (7:43). Qual foi exatamente a mensagem de Cristo a esse fariseu? Resumindo, Ele estava dizendo a Simão: "É você que precisa perdão".

Veja, quando Jesus de início disse a ele, "Uma coisa tenho a dizer-te", quis dizer, "Quero mostrar o quê está em teu coração. Esse momento em torno da mesa não tem a ver com essa mulher que aqui chegou. Tem a ver contigo, Simão. Tem a ver com o espírito que há em ti, com o teu orgulho religioso, a tua arrogância, o teu espírito condenatório, a tua falta de compaixão".


Creio que Jesus estava dizendo ao orgulhoso fariseu, basicamente: "Essa mulher assim chamada 'ímpia' conhece as profundidades da depravação. Ela sabe que merece condenação. Ela admite a desesperança e vê a si própria como a pior das pecadoras. A razão crucial para ela ter vindo aqui e fazer isso, é por estar tão agradecida pela misericórdia e pela purificação".




 

"Essa mulher vê o teu desdém por ela, Simão. Ela ouve os cochichos entre vocês todos, e sente a tua ira condenando-a. Mas por sua vez, ela não te julga. Não, ela te ama a despeito disso. Isso porque ela conhece do quê foi perdoada. Ela é capaz de amar a todos, por ter sido tão amada apesar dos seus pecados. Agora ela sente que não tem o direito de julgar os outros."


"Mas você, Simão, não vê a depravação do teu próprio coração. Você confortavelmente condena essa mulher, que se mostra partida - mas não vê que precisa tanto ou mais dessa misericórdia. Você está pensando que ela necessita de muito perdão e você de pouco. Mas não é assim."

Avalie o que Jesus havia previamente dito aos fariseus: "O que sai do homem, isso é o que o contamina. Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem" (Marcos 7:20-23).

Em meus cinqüenta anos de ministério, vi tanta tolice, tanta coisa falsa, tanto mercantilismo do evangelho e falsas doutrinas. E sei que isso tudo feriu o Senhor. Jesus expulsou os cambistas em Seus dias e mostrou o que era falso. Mas reservou suas denúncias mais incisivas para o farisaísmo. Os registros dos evangelhos me convencem de que não havia nada que Cristo odiasse mais.




A Minha Oração nas Últimas Semanas Tem Sido
Para que o Senhor Mostre o Farisaísmo em Meu Próprio Coração






Tenho orado: "Jesus, antes de eu pregar outro sermão sobre a situação da Tua igreja -- antes de eu falar uma palavra sobre os defeitos de outros ministérios -- por favor, mostre-me o meu próprio coração. Santo Espírito, poderoso cirurgião, corte fundo o meu câncer e radiografe o meu coração. Mostre-me o orgulho e a dureza do meu próprio coração".

Li recentemente que há 3.700 denominações pentecostais nos Estados Unidos e cerca de 27.000 pelo mundo. Além destas, há milhares de grupos carismáticos e pequenas denominações. No Brasil, Argentina, Nigéria e outros países africanos há centenas destas. Os batistas não estão muito aquém no número de vários grupos.

Muitas destas denominações são doutrinariamente boas, fazem um grande trabalho, e estão levantando igrejas espirituais. Estão poderosamente pregando o evangelho e ganhando um grande número de almas. Mas há também muita coisa que é blasfema, muitos falsos profetas, e muito pedido de dinheiro dos pobres.

Assim também era nos dias de Cristo. Havia tantos tipos de fariseus, tantos ramos de saduceus, tantos sacerdotes se debatendo. As falsas doutrinas abundavam, viúvas eram roubadas e os idosos tinham suas casas roubadas, tudo por motivos "religiosos".

Jesus deixa claro que um dia os perpetradores destes atos tão pecaminosos serão todos julgados. Irá cada um ficar diante dEle naquele dia, e dar contas pelo que fez. Mesmo assim enquanto ministrava na terra, Ele se recusava a gastar tempo monitorando os negócios dessas pessoas. Ele ainda não estava assentado sobre o Seu trono de Juiz; pelo contrário, Ele colocava a concentração seriamente na obra do reino.

Nos próximos dias veremos um crescimento nas tolices e na falsidade dentro da igreja como nunca antes houve. Anjos de luz irão surgir - serão pastores e evangelistas possuídos por demônios, com um discurso cheio de lábia, enfático e sedutor.Tais homens terão força com sua presença, e suavidade na pregação de uma palavra totalmente inspirada pelo Diabo.

Há não muito tempo vi um evangelista destes na televisão apresentando um trabalho de levantamento de fundos. Contou uma história louca sobre uma mulher que deu 100 dólares para o seu ministério, e dentro de semanas recebeu uma herança de mais de 800.000 dólares.

Fiquei preso na cadeira em choque, ao assistir essa sedução caminhando. Logo fui me esquentando com raiva, e gritei aos céus, "Vou desmascarar este homem!". Mas, a próxima coisa que entendi foi o Senhor cochichando ao meu coração: "Não, você não vai. Você vai deixá-lo em paz. Um cego guia outro cego, e todos acabam caindo no barranco".

Acredito, de verdade, que o meu desejo era defender o evangelho, mas eu estava reagindo na carne. O fato é: Jesus já fez uma declaração sobre esse mesmíssimo assunto. Os discípulos vieram até Ele um dia dizendo, "Mestre, Tu estás ofendendo os fariseus com o Teu ensino". Jesus lhes respondeu: "Deixai-os; são cegos, guias de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco" (Mateus 15:14).

Fui compelido a trazer muitas palavras fortes durante meus anos de ministério, palavras fortes contra o falso e as tolices. Eu não estou recuando diante do que disse, apesar de saber que algumas vezes me orientei mal em meu zelo. Mas as coisas vão ficar tão ruins, com tantas coisas ofendendo o Senhor, que poderíamos facilmente ficar o tempo todo tentando apagar estes incêndios. Cristo nos diz que não é nisso que temos de nos concentrar. Pelo contrário, Ele nos dá uma palavra clara sobre qual deve ser o nosso propósito nestes últimos dias.





Somos Chamados a Restaurar os Caídos






Preste atenção no outro espírito que estava manifesto na casa do fariseu Simão aquela noite: o espírito de perdão e de restauração. As escrituras nos dizem: "E, voltando-se para a mulher" (Lucas 7:44). Aqui eu vejo Jesus mostrando onde o nosso foco deve estar: não na falsa religião, não nos falsos mestres, mas nos pecadores.

Desviando o olhar de Simão e seus convidados, Jesus se volta para a mulher e diz: "Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muito pecados, porque ela muito amou...A tua fé te salvou; vai-te em paz" (7:47,50). Jesus estava revelando aqui porque Ele veio: para favorecer e restaurar os que caíram, os sem amigos, os derrubados pelo pecado. E está nos dizendo hoje: "Esse é o Meu ministério".

Igualmente, diz o apóstolo Paulo, é aí que devemos nos concentrar. Não devemos julgar os que caíram, mas buscar restaurá-los e remover deles as repreensões e censuras. O fato é que ele fez disso o teste da verdadeira espiritualidade: a prontidão para restaurar aquele que caiu. "Se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado" (Gálatas 6:1).

Quando Paulo usa a frase "olhando por ti mesmo", está pedindo aos gálatas para recordarem-se da própria necessidade que tiveram de misericórdia no passado. Em outras palavras: "O quê Cristo perdoou em vós? Qual acusação em teu passado a misericórdia removeu? Deus cobriu esses pecados? Agora veja todos os atos e pensamentos maus em sua vida diária, e a sua própria necessidade da graça e do perdão contínuos de Cristo".

O teólogo João Calvino diz, basicamente: o cristão que julga o pecado dos outros, sendo ele mesmo culpado, é como um criminoso condenado o qual ascende à cadeira do juiz para condenar um outro. Daí a advertência de Paulo: "Olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado".

Paulo então rapidamente acrescenta essa instrução sobre o caminhar com Cristo: "Levais as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo" (6:2). Qual é a lei de Cristo? É o amor: "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros" (João 13:34).

A verdade é que o pecado é a carga mais pesada do homem. Não podemos simplesmente fazer vistas grossas ou deixar passar o pecado nos outros. Mas há um modo de ajudar a sustentar os outros em suas cargas, e é a correção branda e amorosa. Devemos restaurar os irmãos arrependidos com brandura e amor.

Paulo escreve a Timóteo sobre como tratar com os que estão nos "laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele, para cumprirem a sua vontade" (2 Timóteo 2:26).




É Importante que Compreendamos Totalmente
O que Paulo Está Dizendo Nesse Versículo






Quando lemos as instruções de Paulo "levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo", temos de nos perguntar: "Eu quero realmente viver agradando ao Senhor, cumprindo Sua palavra?".

Oh, as muitas, muitas maneiras pelas quais tenho tentado agradar a Deus. Tenho orado, "Oh Senhor, prostra-me diante de Tua presença. Que eu chore quebrantado. Torna-me contrito, desnude o meu espírito, não deixe que mornidão alguma me infecte. Dê-me uma paixão maior pela Tua palavra".

Todas estas coisas são boas, são bíblicas, e fazendo-as nos sentimos bem, pois estamos fazendo coisas que agradam a Deus. Mas Paulo diz, "Eis aqui o quê o Senhor mais quer de nós. Aqui está a Sua palavra sobre como cumprir a lei de Cristo: leve as cargas dos outros. Restaure os que caíram".

Não consigo tirar de mim essas palavras de Paulo. Elas me deixam perguntando: "Senhor, como exatamente levo a carga de alguém? Não dá para eu levar o pecado do outro; isso é obra unicamente de Cristo. Mas Senhor, Lhe ouço dizer que é isso que desejas. Portanto isso deve ser algo que eu deveria saber o quê é, mas não sei. Qual é a orientação?".

Eis o que ouço do Espírito Santo: devo pedir que Ele descubra todo o meu orgulho, a minha inveja, todo o meu ciúme, o meu hábito de julgar os outros, e o meu zelo enganoso. E devo pedir que me dê o Seu espírito de perdão, de contenção e autodomínio. Em resumo, devo buscar o espírito que Jesus teve na casa de Simão.

Quando temos esse espírito em nós, isso age como uma força magnética que atrai os que precisam da misericórdia de Deus. É o que atraiu aquela conhecida mulher ao espírito de compaixão de Jesus. Sabemos ser obra do Espírito Santo ganhar e atrair os pecadores a Cristo. Mas por que o Espírito Santo enviaria para nós uma pessoa necessitada de perdão, se não temos o espírito perdoador?

O grande evangelista George Whitefield e João Wesley foram dois dos maiores evangelistas da história. Eram homens que pregaram a milhares de pessoas em cultos ao ar livre, nas ruas, parques e prisões, e através de seus ministérios muitos foram levados a Cristo. Mas uma disputa doutrinária surgiu entre eles quanto a como uma pessoa é santificada. Ambos os lados doutrinários defenderam suas posições intensamente, e algumas palavras fortes foram trocadas, com seguidores de ambos os lados discutindo de um jeito inadequado.

Um seguidor de Whitefield foi até ele um dia e perguntou: "Nós vamos ver João Wesley no céu?". Ele na verdade estava perguntando, "Como João Wesley pode ser salvo se prega um erro desses?".

Whitefield respondeu, "Não, não veremos João Wesley no céu. Ele estará tão nas alturas junto ao trono de Cristo, tão perto do Senhor, que não teremos capacidade de vê-lo".

Paulo chama esse tipo de espírito de "alargamento do coração". E ele o possuía em si mesmo ao escrever ao coríntios, uma igreja na qual alguns o haviam acusado de dureza, e desdenhado seu ministério. Paulo lhes assegura, "Para vós outros, ó coríntios, abrem-se os nossos lábios, e alarga-se o nosso coração" (2 Coríntios 6:11).

Quando Deus alarga o seu coração, subitamente tantos limites e barreiras são removidos. Você deixa de enxergar através de lentes estreitas. Pelo contrário, você se vê sendo dirigido pelo Espírito Santo aos que sofrem. E os que sofrem são atraídos ao seu espírito de compaixão por meio da tração magnética do Espírito Santo.

Então - você possui suavidade de coração quando vê pessoas que sofrem? Quando vê um irmão ou irmã que tropeçou no pecado...que está tendo problemas...que possa estar a caminho de um divórcio...você é tentado a lhe dizer no que está errado? Eles não precisam que alguém lhes diga isso, pois muito provavelmente eles já o sabem. O quê Paulo diz que tais pessoas que estão em sofrimento necessitam, é serem restauradas em um espírito de mansidão e delicadeza. Eles precisam de um encontro com o espírito que Jesus demonstrou na casa de Simão.

Eis o clamor do meu coração para os dias que me restam: "Deus, remova toda a estreiteza do meu coração. Quero o Teu espírito de compaixão pelos que sofrem...o Teu espírito perdoador quando vejo alguém que caiu...o Teu espírito de restauração, para afastar deles as acusações. Carregue esse exclusivismo do meu coração, e alargue minha capacidade de amar meus inimigos. Quando me aproximar de alguém que esteja em pecado, que eu não vá julgando. Pelo contrário, permita que as fontes de água que brotam em mim sejam um rio do amor divino para com eles. E que o amor que lhes é mostrado faça acender dentro deles o amor pelos outros".


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