Dispensacionalismo: Israel e Igreja na Nova Aliança

Dispensacionalismo: Israel e Igreja na Nova Aliança
Por Marcelo Lemos, editor
Um pensamento muito popular em nossos dias advoga que Deus tem um plano especial e separado para o povo de Israel. Segundo esta doutrina, Deus possui dois povos sobre a face da Terra; o primeiro é Israel, o segundo é a Igreja. Israel seria o povo original de Deus, mas, tendo rejeitado o Messias, deram lugar a um novo povo: a Igreja formada pelos gentios crentes em Jesus. Todavia, isso não teria feito Israel deixar de ser o “povo eleito” e, de fato, ensinam: além do plano traçado por Deus para a sua Igreja, Ele teria também um plano reservado para os descendentes carnais de Abraão.


Este plano estaria intimimente ligado, por exemplo, a uma suposta Grande Tribulação no futuro, com duração de 7 anos. Durante este período, o povo de Israel, dizem, terá grande papel e importância; cabendo a eles responsabilidades importantes, como a pregação do Evangelho aos que não foram levados no arrebatamento secreto.

Também vem da idéia de que os descendentes carnais de Abraão possuem um lugar especial na Escatologia divina, a esperança dispensacionalista num reconstruição do Templo de Salomão; num Reinado Milenar Literal; na chegada das duas testemunhas do Apocalipse [dois judeus, evidentemente].Porém, a idéia de que ser membro de Israel, tanto na Antiga quanto na Nova Aliança, esteja condicionado a raça, é algo completamente rejeitado pelas Escrituras Sagradas. Mesmo no Antigo Testamento, ser parte de Israel não estava ligado a ser meramente “filho de Abraão”, mas sim, em possuir fé. Tal princípio é claramente ensinado pelo Apóstolo Paulo:“Não que a Palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas; nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência” (Romanos 9.6-8).

Se no Antigo Testamento, fazer parte do povo de Israel estava relacionado a eleição da Graça, antes de estar relacionada a mera filiação; como poderiamos condicioná-la, hoje, a esta mesma filiação?

O ensino claro das Escrituras é que os títulos, atributos e bençãos de Israel, foram transferidos  integralmente para todos aqueles que recebem a Jesus Cristo como Senhor e Salvador, e a mais ninguém, independentemente de serem ou não filhos de Abraão segundo a carne. Em outras palavras, agora Israel é a Igreja de Jesus Cristo.

Deus tem apenas um povo sobre a face da Terra; a saber, sua Santa Igreja. Todo o Antigo Testamento, incluindo todas as suas promessas, encontram seu cumprimento na Pessoa e a na Obra do Senhor Jesus Cristo, sendo, portanto, aplicadas integralmente a Sua Igreja.

“Portanto, eu vos digo que o Reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos!” (Mateus 21.43). Ser descendencia de Abraão segundo a carne, depois de Cristo, não concede qualquer privilégio espiritual a quem quer que seja.

A seguir, reproduziremos uma lista alguns títulos e atributos que eram dados a Israel no Antigo Testamento, e que, agora, sob a Nova Aliança, referem-se a Igreja de Cristo. A lista se baseia em um artigo de Charles D. Provan.

OS FILHOS DE DEUS

O povo Israel é chamado de “filhos de Deus” em diversas passagens das Escrituras:

“E disse o SENHOR a Moisés: Quando voltares ao Egito, atenta que faças diante de Faraó todas as maravilhas que tenho posto na tua mão; mas eu lhe endurecerei o coração, para que não deixe ir o povo. Então dirás a Faraó: Assim diz o SENHOR: Israel é meu filho, meu primogênito” (Êxodo 4.21,22).

“Filhos sois do SENHOR vosso Deus; não vos dareis golpes, nem fareis calva entre vossos olhos por causa de algum morto. Porque és povo santo ao SENHOR teu Deus; e o SENHOR te escolheu, de todos os povos que há sobre a face da terra, para lhe seres o seu próprio povo!” (Deuteronômio 14.1,2).

“Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu filho. Mas, como os chamavam, assim se iam da sua face; sacrificavam a baalins, e queimavam incenso às imagens de escultura” (Oséias 11.1,2).

Mas, os judeus rebeldes a Nova Aliança, não são mais considerados filhos de Abraão, ainda que consigam provar sua descendência genealógica até o Patriarca: “Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós. Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai. Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fósseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.  Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto. Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus. Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira” (João 4.37-44).

Os crentes em Jesus são, agora, os verdadeiros e únicos filhos de Deus:

“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1.11-13).
  1. E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos” (João 11.49-52).
  1. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo” (Gálatas 4.4-7).
“Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele” (I João 3.1).

Romanos 8.13-16; Gálatas 3.26; II Coríntios 6. 14-18; Filipenses 2.14-16; I João 3.1.

A LAVOURA DE DEUS

No Antigo Testamento, os descendentes de Abraão são chamados como “ a lavoura” do Senhor Deus; este mesmo título é dado, agora, aos que crêem em Jesus.

“Muitos pastores destruíram a minha vinha, pisaram o meu campo; tornaram em desolado deserto o meu campo desejado” (Jeremias 12.10).

“Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus!” (I Coríntios 3.9).

O REBANHO DO SENHOR

Quem faz parte do Rebanho do Senhor? Na Antiga Aliança, para ter direito a tal posição, fazia-se necessário pertencer ao povo físico de Israel; mas hoje, por causa de Cristo, o Rebanho do Senhor é muito mais abrangente.

“Mas fez com que o seu povo saísse como ovelhas, e os guiou pelo deserto como um rebanho” (Salmos 78.52).

“Tu, que és pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José como a um rebanho; tu, que te assentas entre os querubins, resplandece” (Salmos 80.1).

“Ouvi a palavra do SENHOR, ó nações, e anunciai-a nas ilhas longínquas, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor ao seu rebanho” (Isaías 41.10).

“Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor” (João 10.14-16).

“Ora, o Deus de paz, que pelo sangue da aliança eterna tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande pastor das ovelhas…” (Hebreus 13.20).

“Porque éreis como ovelhas desgarradas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das vossas almas” (I Pedro 2.25).

“Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho” (I Pedro 5.2,3).

A CASA DE DEUS 

Israel ou a Igreja é a casa de Deus? Como o Novo Testamento aplica este título na Atual e última Aliança?
“Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa” (Números 12.7).

“Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (I Timóteo 3.15).

“E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu” (Hebreus 10.21-23).

“Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” (I Pedro 4.17).

O REINO DE DEUS 

Quem é o Reino de Deus? A nação física de Israel; tendo como sede uma Jerusalém terrestre e futura, ou a Igreja do Cordeiro, aqui e agora?

“E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel” (Êxodo 19.6).

“Mas o confirmarei na minha casa e no meu reino para sempre, e o seu trono será firme para sempre” (I Crônicas 17.14).

“E, de todos os meus filhos (porque muitos filhos me deu o SENHOR), escolheu ele o meu filho Salomão para se assentar no trono do reino do SENHOR sobre Israel” (I Crônicas 28.5).

“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14.17).

“Porque o reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder” (I Coríntios 4.20).

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia” (I Pedro 2.9-10).

“E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém” (Apocalipse 1.6).

Além destes textos, você poderá ainda estudar outras passagens como Rom. 9:252 Cor. 6:16Efe. 4:12Efe. 5:32 Tes. 1:10Tit. 2:14; - 1 Pedro 2:5,9Rev. 1:6.

Em todos estes casos, percebe-se clara e facilmente a quem pertence a filiação depois que Israel rejeitou, por providencia divina, a chegada do Messias.

Todavia, fato comum em nosso tempo é a presença de um constante espirito de reverencia para com tudo o que se relaciona com Israel. Evidentemente, devemos grande respeito a eles, como também a qualquer outro povo. Porém, não existe nada de sagrado em ser israelita, nem nas coisas judaicas. A Antiga Aliança foi completamente abolidada por Cristo, que a substituiu pela aliança do Calvário. Independentemente de sua filiação natuaral, todos os homens, hoje e sempre, precisam desesperadamente nascerem da água e do Espírito Santo.

Tanto os ideiáis dispensacionalistas sobre Israel, quanto as atuais tendencias judaizantes dos neopentecostias, são uma aberta desobendiência contra a Escritura Sagrada.

Pense nisso.

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