A melhor versão das Escrituras



Doutor Bíblia Responde:

A melhor versão das Escrituras




Por Marcelo Lemos

Um leitor questiona: “Pastor... qual versão da Bíblia o senhor acha mais confiável: ara,arc, acf, NVI ou outra?”.

Olha, se por confiabilidade se pretenda dizer de uma fidelidade estreita ao texto grego, minha preferência é sempre pelas Bíblias da “família” Almeida, especialmente a publicada pela Sociedade Bíblia Trinitariana, chamada Almeida Corrigida Fiel. Contudo, não compartilho da tese de que esta tradução seja a “única” aceitável, nem que seja uma tradução “perfeita” - minha opinião é que ela pode ser definida como a mais confiável dentre as demais. Não vou além deste ponto.

Este esclarecimento é necessário, pois quem estuda o assunto deve estar familiarizado com aquela tese que advoga que todas as demais traduções bíblicas são erradas, e até mesmo seriam pecaminosas, quando não, obras do Inimigo. Tal pensamento é muito comum em alguns círculos fundamentalistas, especialmente entre os Batistas históricos.

Existe algo que todo leitor das Escrituras deveria ter ciência: há dois métodos de tradução disponível. Um, mais antigo, denomina-se “equivalência formal”; outro, mais novo, denomina-se “equivalência dinâmica”. No primeiro caso, o tradutor se preocupa em ser estritamente fiel a cada palavra do texto original; no segundo método, a preocupação é com o sentido, mas não necessáriamente com cada palavra.

Acho que posso dar um exemplo bem simples, e comum, que ilustram o que quero dizer.

S. JOÃO 1.1

εν αρχη ην ο λογος και ο λογος ην προς τον θεον και θεος ην ο λογος

Transliterando este texto, palavra por palavra, teriamos algo como “Em o principio era o Verbo, e o verbo estava junto a Deus, e o Logos era Deus”. Observe que é preciso ajustar melhor a tradução ao nosso idioma, a fim de facilitar a leitura, e o entendimento. Podemos fazer isso por “equivalência formal” ou “dinâmica”.

A “família” Corrigida, de Almeida, verte o texto pelo método formal:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto a o Deus, e o Verbo era Deus”.

Há, entretanto, traduções que preferem o método dinâmico. Dentre elas, a Linguagem de Hoje. Observe como o tradutor usa de maior liberdade ao traduzir o texto:

Antes de ser criado o mundo, aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus”.

De certo modo, o que a Linguagem de Hoje faz não é somente traduzir o texto, mas também interpretá-lo. Felizmente, sua interpretação está correta, mas, e se não estivesse? As Testemunhas de Jeová, por exemplo, também se valem da tradução dinâmica, e vejam como fica João 1.1 em sua Tradução Novo Mundo:

No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era [um] deus”. Nesta tradução, Jesus não é mais identificado como sendo igual a Deus, mas, sendo uma divindade menor, apenas “um” deus.

Penso que a tarefa de interpretar as Escrituras Sagradas é responsabilidade de quem lê as Escrituras, e não de quem a traduz. O papel do tradutor não é interpretar, mas nos dizer o que os 'originais' dizem. Por este motivo, entendo que as Bíblias da 'família' Almeida sejam mais confiáveis. São elas que uso no Púlpito, na EBD, no Seminário.

Com isso, repito, não estou fazendo coro a tese que afirma que todas as demais traduções sejam ruins, ou malignas. E também não estou afirmando que as Almeidas seja isentas de erros. Portanto, não estou de acordo com a posição 'fundamentalista' aqui.

Acho que posso ilustrar este ponto com mais um exemplo: na minha opinião, o texto da Corrigida Fiel em Apocalipse 22.14, favorece a tese de uma salvação adquirida mediante boas obras - Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas”. Guardar os mandamentos para ter direito a árvore da vida!

Essa tradução não aparece em outras versões, inclusive nas mais recentes da família Almeida: “Bem-aventurado aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito a árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas!” (Almeida, 1995).

Assim, meu conselho é que se tenha em mãos sempre uma Bíblia de tradução formal, para se ter uma noção mais exata de cada palavra presente no texto original, e que se use, com a devida cautela, outras versões, a fim de poder esclarecer melhor o sentido do texto.

Envie suas questões para marcelolemos.editor@hotmail.com

Paz e bem!

3 comentários :

  1. Que bom ler isso... mas estou esperando seu estudo de 1 Jo 5.7.
    Hj o pessoal do texto Receptus já não se identifica mais com o Texto majoritário, vários textos estão em luta entre esses dois textos, e especialamente 1 Jo 5.7...
    aguardo.

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  2. Sim, ainda devo resposta tbm sobre a LXX, que foi feita na mesma pergunta. Já estou preparando, fiz questão de dividir a resposta por partes, para evitar confussão (e para facilitar minha vida, risos),

    Obrigado pela participação. Aliás, hoje, aqui neste nosso servidor, BLOGGER, conseguimos ultrapassar a barreira dos 500 acessos-dia.

    Estou muito feliz, pois achei que saindo do Wordpress, levaria muitos meses para conseguir ultrapassar essa marca!

    Paz e bem

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  3. Fico feliz por vc, seu traballho merece ser apreciado. Merece pelo conteúdo, que tem enfocado a Graça de Nosso Deus, na Bendita pessoa de Jesus.
    Algo maior teria motivo de atenção?

    Eu e meu MCA só pode, e sempre irá, aprender com vc.
    uma abraço.

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