Eles são teólogos ou militantes do PSTU?




Imagem de Jesus como um guerrilheiro marxista em Caracas, Venezuela [Foto: Agências]

Por  Gutierres Siqueira 

Eles não falam em encarnação, ressurreição, justificação ou Trindade. Eles não debatem arminianismo e calvinismo. Eles não estão lendo os pais apostólicos ou mesmo os clássicos do protestantismo. Eles leem a Caros Amigos, revista de extrema-mega-ultra-esquerda. Eles debatem sobre a “opressão” do neoliberalismo e os males da cultura ocidental... Sim, eles são alunos de algumas faculdades de teologia.


Algumas faculdades de teologia estão formando militantes de esquerda, e não teólogos. Eu estudei jornalismo e sei que isso não é exclusividade da teologia. As ciências humanas em geral deixaram a função básica de aprofundamento da ciência para a militância adolescente. Na faculdade de jornalismo que estudei, mesmo sendo uma das melhores da cidade, pouco falamos de língua portuguesa e muito em “vila campesina” e a Revolução Russa.

Antes que os esquerdistas fiquem nervosos comigo e me demonizem com adjetivos feios como “retrógrado” e “direitista”, eu quero falar que a discussão desse post não é se a natureza do esquerdismo é boa ou não, mas sim que a qualidade da teologia cai quando uma faculdade torna os alunos de especialistas para militantes de um partido radical. É grave quando alunos em lugar de lerem os enormes compêndios de teologia estão nas ruas, em alguma manifestação com quinzes “gatos pintados”, gritando que contra burguês é necessário votar no 16!

O filósofo Luiz Felipe Pondé, no ótimo livro Contra um Mundo Melhor: Ensaios do Afeto [1 ed. São Paulo: Leya, 2010. p 178], escreve sobre a decadência da faculdade hodierna que, em lugar de ensinar, milita por uma “causa”: uando falamos em ciências humanas- ciências quase inúteis e de resultados dúbios-, o mérito então desaparece e, em seu lugar, resta mediocridade, corporativismo, repetições que mimetizam produtividade em termos numéricos e quantificáveis. Tudo a serviço de disputas miseráveis dos pequenos poderes institucionais.

A academia virou um lugar de aversão pela maturidade com corporativismo que demoniza aqueles que pensam diferente. A adjetivação é a morte da ciência, da busca pelo conhecimento. Quando os “progressistas” rejeitam os “conservadores” eles desprezam toda uma rica tradição filosófica que teve sua expressão maior no Iluminismo inglês, em nomes como David Hume, Edmund Burke, Russell Kirk e Michael Oakeshott. Nas faculdades de teologia que abraçam essa tendência dita progressista, a escola alemã predomina em detrimento de outros importantes teólogos do mundo anglo-saxão. Agora, se o alemão forWolfhart Pannenberg esse também não é valorizado.


Portanto, é necessário resgatar a teologia das faculdades de teologia.





Publicado originalmente no Teologia Pentecostal, divulgado aqui, no Olhar Reformado.

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