Brasil: O amanhã eu não sei...

 Marcelo Lemos

A escatologia do Novo Testamento caiu como um raio sobre a antiga Nação de Israel, fulminando toda sua glória e presunção. Em cumprimento da palavra dos Profetas, Israel rejeitou o Messias, e colocou-se sob a Ira de Deus. Apesar de nossos dias estarem cheios de apóstolos e crentes desejosos de voltarem a religião judaica, o fato é que Deus deserdou o Judaísmo, e entregou as chaves do Reino a outra nação, a Igreja. Na conclusão da Parábola dos Lavradores Maus, Jesus sentencia: “A Pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isso e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, eu vos digo que o Reino de Deus vós será tirado e será dado a uma nação que dê os seus frutos” (S. Mateus 21.41,42).

O alerta de Juízo contra a Nação de Israel já havia sido dado,  de modo bem mais aberto, pelo precursor do Messias, João Batista: “Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da Ira Futura? Produzi, pois, frutos de arrependimento e não presumais de vós mesmos, dizendo: ‘Temos por Pai Abraão!’; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore que, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo!” (S. Mateus 3.8-10).


Há quem negue a ideia de um Deus que julgue povos e nações. Tais pessoas acreditam que catástrofes, crises, criminalidade, e coisas afins são apenas o que são, e que Deus simplesmente permite que sejam. Acredito que tais pessoas seriam excelentes budistas, não fosse o fato de acreditarem num Deus pessoal. Quanto ao Cristianismo, lhe é completamente estranha qualquer noção deísta da História. O Cristianismo é Teísta, e leva isso tão a sério a ponto de ‘leis naturais’ não passar de licença poética, por meio da qual expressamos os dados que chegam aos nossos sentidos, mas sem atingir a metafísica mesma das coisas.

Israel nem de longe é um caso isolado. Disso bem sabem aqueles que leem as Escrituras. A humanidade noelica, Babel, Sodoma, Egito, Cananeia... Israel é apenas o caso mais simbólico, uma vez sua condenação estar intimamente ligada ao Plano Redentivo elaborado pelo Criador. Além disso, sua grande força simbólica reside também em demonstrar que mesmo um povo agraciado pelo Pacto pode sofrer o Juízo temporal de Deus. O apóstolo S. Paulo compreendeu  a gravidade do Juízo de Deus, e alertou os gentios convertidos a Religião Cristã: “Tu estás em pé pela fé; então, não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, tem que não poupe a ti também. Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus...” (Romanos 11.20,21). Mesmo assim, há quem pense que falar da Ira de Deus não seja próprio do Novo Testamento, nem do Tempo da Graça. Será?

O título que escolhi para meu artigo faz menção a um clássico da música cristã brasileira, interpretado na voz de Oséias de Paula. Em "Amanhã”, o poeta nos fala da incerteza temporal do futuro, quer para os crentes, quer para os descrentes. E, se o amanhã é misterioso para os crentes, é muito mais tenebroso para os incrédulos, já que eles jazem, por natureza, sob a Ira de Cristo. É claro que hoje não cantamos mais musicas assim; mas será que o ensino bíblico mudou?

Enquanto ouvia essa música, preso no transito de São Paulo, me peguei pensando no amanhã do Brasil. Qual será o amanhã de um povo que tem em seu Governo gente que apoia e promove casamento homossexual, legalização de drogas e práticas abortistas? Qual será o futuro de uma nação onde nem mesmo os políticos engajados na defesa dos mais nobres valores do Cristianismo, não parecem ter moral para expor o câncer da corrupção que nos destrói? Qual será o futuro de uma nação cujo Governo elege para um Ministério, como o voltado para a Mulher, uma senhora que, além de uma vida na imoralidade, confessa cometer crimes que violam não apenas a moral cristã, mas a própria Constituição que ela deveria defender?

O amanhã eu não sei, cantava Oséias de Paula. Eu também não. Mas podemos imaginar alguns cenários. Provavelmente a História dos Hebreus, de Flávio Josefo, pudesse nos auxiliar na visualização do nosso próprio futuro. Antes de sua Paixão, o Cristo profetizou “não passará esta geração” sem que todas as calamidades por ele descritas caíssem sobre o Judaísmo. Já se passaram dois mil anos, e muitos pensam que Cristo errou na data. Pensam assim por não saberem nada sobre a Queda de Jerusalém. Totalitarismo, guerras, pestes, fome, injustiças... É isso que aguarda uma nação que se recusa a viver sob a luz da Lei de Deus.

Mas, engana-se aquele leitor que me toma por pessimista. Já escrevi várias vezes que minha teologia é uma teologia de esperança, inclusive no campo da Escatologia. Impérios se levantam e caem, o Reino de Deus, porém, permanece inabalável. Por isso, minha pregação, meu alerta e minha apologia não são testamentos, antes, são manifestos e convocações. Quem tem ouvidos para ouvir, aliste-se. 

2 comentários :

  1. Snr. Marcelo o texto em tela é de extrema lucidez, fica, portanto, parabenizado pelo mesmo.
    Abraços.

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  2. Snr. Marcelo o texto em tela é de extrema lucidez, fica, portanto, parabenizado pelo mesmo.
    Abraços.

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