Entre meteóros e a Esperança...
Rev.
Marcelo Lemos
É
interessante observar como o coração da fé cristã sempre se
mantém, ainda quando nós cristãos não conseguimos concordar com
todos os detalhes sempre. A Segunda Vinda, por exemplo. Minha mãe e
meu pai acreditam que ela provavelmente se dará nos próximos anos,
e que talvez ainda estejam vivos para ver; por outro lado, estou
convencido de que isso provavelmente não acontecerá tão cedo, e
que algumas centenas de anos, talvez mais, ainda estejam por vir.
Fora isso, eles e eu aguardamos a mesma coisa!
Sobre
o Reinado de Cristo acontece algo semelhante: até mesmo os chamados
“amilenistas” acreditam em um Reino, e seu nome [“a-milenismo”,
sem milênio] se refere a uma negação da literalidade deste
Reino, e não da sua existencia, com alguns erroneamente pensam. Todo
cristão acredita no Senhorio de Cristo sobre tudo e todos, inclusive
sobre as nações. Qual a natureza desse Reino? Quando ele começa?
Quais as suas implicações? São nesses detalhes que começam as
divergências.
Vamos
tomar Daniel 7. 13-14 como exemplo.
“Eu
estava olhando nas minhas visões noturnas, e eis que vinha com as
nuves do céu um como filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de
dias, e foi apresentado a ele. E foi lhe dado domínio, e glória, e
um reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o
seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino
tal, que não será destruído!”.
Praticamente
todo cristão aceitará que o profeta fala do Reino de Cristo. Mas
não é assim tão simples, pois é preciso responder uma ou duas
questões: Quando começa esse Reino? No tempo da Primeira Vinda, ou
milhares de anos depois, talvez em 2013, 2014...?
O
entendimento mais corriqueiro nos diz que Daniel está profetizando a
Segunda Vinda de Cristo, que pode acontecer hoje, amanhã, ou outro
dia. É fácil compreender tal interpretação quando lemos o profeta
dizendo “e eis que vinha com as nuvens do
céu”. Evidentemente, o termo “vinha” passa a impressão de
que Cristo está vindo para a Terra, aproximando-se de seu
observador, Daniel. Na verdade, Cristo se aproxima de alguém na
visão, mas não é do profeta, nem da Terra. Muitos leitores ficarão
surpresos com tal afirmação, mas peço que acompanhem o racicíno
com suas Escrituras ao lado do computador.
Podemos
observar que se trata de uma visão, e que nela, Cristo se aproxima
uma pessoa, Deus Pai. Esse detalhe faz toda a diferença: “e
dirigiu-se ao ancição de dias, e foi apresentado diante dele”.
O que Cristo está fazendo nesta cena? Estaria vindo para a terra? Ou
Ele está, na verdade, indo em direção ao Pai - “ao ancião de
dias” -, e sendo apresentado diante Ele? O texto responde isso de
forma muito clara.
Ademais,
durante essa cena, onde o Filho se apresenta ao Pai, chegando numa
nuvem, o que acontece? Daniel diz que “foi lhe dado domínio, e
glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o
servissem”. Eu sei que boa parte dos leitores deve ter escutado
dezenas de sermões falando que a Visão de Daniel ainda não
aconteceu, e que talvez possamos ver isso um dia, quando algo
grandioso acontecer na História do mundo. Eu, porém, digo-lhes:
isso já aconteceu, e podemos viver o Reino desde já, pois Cristo
recebeu toda autoridade das mãos do Pai após a sua Ressurreição
dentre os mortos. Ao aparecer aos seus discípulos, ele ordena que
conquistem o mundo através do Evangelho: “Quando o viram, o
adoraram; mas alguns duvidaram. E, aproximando-se Jesus, falou-lhes,
dizendo: Foi me dada toda autoridade no céu e na Terra. POR
ISSO, ide e fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo,
ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e
eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos” (S. Mateus 18. 17-20).
Vamos
comparar o quadro da Ressurreição de Cristo com a profecia de
Daniel. Sobre a profecia sabemos que:
1)
Cristo está chegando nas nuvens;
2)
Cristo está se apresentando ao Pai, o “ancião de Deus”;
3)
E Cristo está recebendo um Reino.
Quando
isso acontecerá? Ou será que já aconteceu, na Ressurreição? Se
Cristo, em Sua Segunda Vinda, vier receber um Reino, então minha
teologia está errada. Mas se Ele já recebeu esse Reino em sua
Ressurreição, a coisa muda de figura. Assim, em primeiro lugar,
enfatizamos que no último dia, a Bíblia diz que Cristo entregará
seu Reino ao Pai: “E então virá o fim quando Ele entregar o
reino a Deus o Pai, quando houver destruído todo domínio, e toda
autoridade e todo poder” (I Coríntios 15.24). Notem, queridos
irmãos, que S. Paulo está colocando o “fim” quando o Reino for
entregue ao Pai, e não quando o Pai entroniza Cristo! Por qual
motivo deveriamos acreditar na ordem inversa? O Reino não será
entregue ao Filho quando o “fim” chegar! O Reino foi
entregue a Cristo quando ele Ressuscitou dos mortos, e
apresentou-se a Deus, o Pai. E isso é exatamente o que está
profetizado na visão de Daniel, e é confirmado várias vezes no
Novo Testamento!
“Tendo
ele dito estas coisas, foi levado para cima, enquanto eles olhavam, e
uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos...”
(Atos 1. 9) “Irmãos, seja-me permitido dizer-vos livremente
acerca do patriarca Davi... pois, sendo ele profeta, e sabendo que
Deus lhe havia prometido com juramente que faria sentar
sobre o trono um dos seus descendentes, prevendo isso, Davi falou da
ressurreição de Cristo... de sorte que, exaltado pela
dextra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito
Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. Porque Davi
não subiu aos céus, mas ele próprio declara: Disse o
Senhor ao meu Senhor: Assenta-te a minha direita, até que eu ponha
os teus inimigos por escabelo de teus pés. Saiba, pois,
com toda certeza a Casa de Israel, que esse mesmo Jesus, a
quem rejeitastes, Deus o fez Senhor e Cristo!” (Atos
2. 29-36).
Voltando
ao texto de Coríntios 15, encontramos uma incrível semelhança com
Atos dos Apóstolos, e uma declaração ainda mais poderosa a
respeito do Reinado de Cristo agora. Confira em sua tradução:
“Então virá o fim quando Ele entregar o
Reino ao Pai, quando houver destruído todo domínio, e toda
autoridade e todo poder. Pois é necessário que Ele reine
até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés”
(15. 23-25). Esse “fim” do qual fala S. Paulo se dará logo
depois da nossa ressurreição, quando Cristo retornar (cf. v. 23).
Em outras palavras, enquanto muitos aguardam a Segunda Vida, e a
Ressurreição, para que Cristo finalmente traga seu Reino sobre todo
o mundo, Paulo está dizendo que primeiro temos o Reino, depois a
Ressurreição, e Cristo finalmente entrega o Reino de volta ao Pai.
Vemos,
então, que Cristo não virá ao mundo para receber um Reino;
em Sua Segunda Vinda ele irá entregar seu Reino ao
Pai. O Reino, ele o recebeu ao ser apresentado diante de Deus,
quando da sua ressurreição. Mas há ainda outro detalhe sobre o
Reino que merece nosso destaque aqui. Muitos acreditam que o mal irá
de vento em popa, fazendo quase tudo que lhe aprouver, até que um
dia Cristo virá, interrompendo todo o mal de uma única vez. Para
esses irmãos, a Igreja irá vencer na Eternidade, mas não no
mundo. O mundo é, ao que parece, território do Inimigo, sitiado
pelas hostes do Mal, e de onde os Cristãos precisam ser resgatados
por Cristo. Ora, certamente Cristo um dia colocará ponto final em
toda a maldade que vemos e não vemos. Mas, seu Reino, acontecerá de
modo paulatino, a medida que o Evangelho avança sobre o mundo, pois
Paulo afirma que “é necessário que ele reine até que haja
posto todos os inimigos debaixo de seus pés”.
Novamente
preciso voltar as figuras descritivas do Reino que citei no artigo
anterior [Veja os artigos 1
e 2],
a saber, a criança, a semente, e o fermento. Mas, se alguém ainda
duvida do significado claro dessas duas parábolas, do grão de
mostarda e do fermento, resta recordar-lhe de Daniel 4. 10-12, onde o
rei Nabucodonossor tem uma visão onde uma grande árvore serve de
ninho para os passaros do céu, e depois tal árvore é derrubata e
os pássaros dispersos. Qual o significado da visão? Nenhum dos
sábios do rei achou a resposta de tal enigma, apenas Daniel o pode
interpretar. Daniel explica que essa grande árvore que servia de
casa para as aves do céu era o reino de Nabucodonossor, e era uma
prova de seu domínio sobre o mundo da época. Contudo, por causa do
pecado do rei, a árvore era cortada... Temos aqui uma figura
bíblica utilizada na linguagem profética, e a própria
Escritura, que é o melhor interprete de si mesma, nos diz qual o
significado. Leiam outros exemplos dessa linguagem profética
sendo usada em Ezequiel 17. 22-24, e 31. 2-9.
Tem
muita gente esperando o Reino vir, mas o Reino está aqui. Tem muita
gente esperando por algum evento catastrófico, como um meteoro, uma
tsunami, um Anticristo, uma Grande Tribulação, exercitos em
Megido,ou qualquer coisa assim, para que possam dizer “Cristo
Reina”. Mas ele já é Rei. Seu Reino já foi inaugurado, e tal
evento foi presenciado por muitas pessoas que caminharam com ele pela
Galiléia: “Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão de
modo nenhum provarão a morte até que vejam o Filho do homem vindo
no seu Reino” (S. Mateus 16.28). Seu Reino é feito visivel
pela Igreja, a medida que esta é fiel ao Evangelho.
Também
é em Daniel que encontramos uma afirmação inquestionável de
quando teve inicio o Reino de Cristo. Sim, já vimos que ele nos diz
que Cristo recebeu um Reino quando apresentou-se ao Pai, chegando
numa nuvem (ou seja, em sua Ressurreição). Isso é extremamente
claro. Mas há uma afirmação ainda mais chocante da cronologia de
Daniel. Segundo o profeta, o Reino de Cristo teria inicio nos
dias do Império Romano! No Capítulo 2 se sua profecia,
Daniel contempla a história do mundo retratada na estátua vista por
Nabucodonossor em um sonhor. Daniel, inspirado por Deus, revela ao
rei o conteúdo e o significado do sonhor. A estátua vista por
Nabucodonossor era fabricada por diversos materiais, cada um deles
simbolizando um reino poderoso que viria. A cabeça da estatua era
feita de ouro, simbolo do Império Babilônico. O Dorso era de Prata,
simbolo do Império Persa. A parte da citura era fabricada de bronze,
simbolizando o Império Grego. Já as pernas da estátura eram feitas
de ferro, simbolo do poderio militar do Império Romano. Depois vinha
os pés, fabricados com uma mistura de ferro e barro, e Daniel diz
que este seria um Reino dividio, tendo a força do ferro e a
fragilidade do barro.
A
estátua vista por Nabucodonossor seria derrubada, quando contra seus
pés fosse lançada uma Pedra; uma Pedra que não foi cortado por
nenhum ser humano! “Estavas vendo isto, quando uma pedra foi
cortada, sem auxílio de mãos, a qual feriu a estátua nos pés de
ferro e de barro, e os ismiuçou” (Daniel 2.34,35). O que
acontece depois da destruiçõa da estátua é surpreendente, pois a
Pedra que destroi a estátua, se transforma numa grande montanha, e
se espalha por toda a terra, “a pedra, porém, que feriu a
estátua se tornou uma grande montanha, e encheu toda a terra”.
E a intepretação de Daniel é reveladora: haveria uma sequencia de
Reinos, e depois deles, “o Deus do céu suscitará um reino que
não será jamais destruído; nem passará a soberania deste reino a
outro povo” (Dn. 2. 44).
Bem,
meus irmãos, este é apenas um resumo da Escatologia da Esperança,
da qual já falei com vocês algumas vezes. Sintetizando ainda mais,
apontamos três de seus aspectos fundamentais: 1) o Reino de Cristo
já começou; 2) O Reino cresçe gradualmente; 3) O Reino cresce pela
pregação do Evangelho, espalhando-se pelo mundo. Chamamos isso também de
Escatologia da Vitória, pois implica que a Igreja reina juntamente
com Cristo, e que pelo Evangelho, na força do Espírito Santo, os
cristãos podem e devem influenciar a sociedade a sua volta. Não
somos um exército em retirada! Somos um exércico conquistador!
Rev.
Marcelo Lemos, da Comunidade
Anglicana Carisma, e colaborador do Genizah.
E ai meu amado.
ResponderExcluirCara passei aki so para pedir para o irmao da a sua posiçao ou a posiçao anglicana melhor dizendo sobre a expiaçao ilimitada.
Se topar fazer o comentario, o topico e. "Que livro vc esta lendo".
Teve um irmao que fez um comentario dizendo que a posiçao anglicana da inglaterra e a favor da expiaçao ilimitada.
Paz d eCristo!
Graça e paz Rev. Marcelo.
ResponderExcluirEnviei um artigo para seu e-mail. Se não o encontrar, avise-me que posso reenviar. Fique à vontade para fazer as críticas e sugestões. Elas são muito apreciadas por mim. Poderia, se possível, habilitar sua caixa de entrada para receber meu e-mail? rildamar@hotmail.com
Enviei para: marcelolemos.editor@hotmail.com é este mesmo?
Abraços fraternos. ;)