Qualidades do Interprete - M.S. Terry

Qualidades do Interprete


Traduzido e adaptado por Marcelo Lemos para o projeto “Olhar Reformado”.


 Por M.S. Terry

Em primeiro lugar, o interprete das Escrituras – e, na verdade, de qualquer livro que seja – deve possuir uma mente sã e bem equilibrada; está é a condição indispensável, pois a dificuldade de compreensão, o raciocínio defeituoso e a extravagãncia da imaginação, são coisas que pervertem o raciocínio e conduzem a ideías vãs e nécias. Todos estes defeitos – qualquer um deles – imposibilita aquele que os possui de ser um interprete da Palavra de Deus.
Um requisito especial para o interprete é a rapidez de percepção. Ele deve gozar do poder de assimilar o pensamento do autor e notar, com um olhar, toda sua força e significado. A esta rapidez de percepção deve vir unida uma amplitude de visão e uma claridade de entendimento, prontos a colher não apenas a intenção das palavras e frases, como também o propósito do argumento. Por exemplo, ao tratar de explicar a Epístola aos Gálatas, uma percepção rápida notará o tom apologético dos dois primeiros capítulos, a veemente audácia de Paulo ao afirmar a autoridade divina do seu apostolado e as importantes consequencias de suas pretenções. Notará, também, com quanta força, os incidentes pessoais aos quais se faz referencia na vida e ministério de Paulo, entram em seu argumento. Se aprecisará vividamente o apaixonado apelo aos “gálatas insensatos!”, no inicio do terceiro capítulo e a transição natural que se faz, a partir deste ponto, para a doutrina da Justificação. A variedade de argumentos e de ilustrações nos capítulos 3 e 4; a aplicação exortativa e os conselhos práticos dos dois ultimos capítulos também saltaram aos olhos; e então, a unidade, a intenção, e o desígnio de toda a Epístola estará retratada, peranto os olhos da mente, como um todo perfeito, o qual se irá apreciar mais e mais, a medida que se acrescenta atenção e estudo aos detalhes e minúcias.
O interprete deve ser capaz de perceber rapidamente o que uma passagem não ensina, bem como de perceber qual a sua verdadeira intenção.

Um intelecto vigoroso não estará desprovido de poder imaginativo. Nas descrições narrativas, se deixa lugar para muita coisa que não é dita, e abundam nas Escrituras, aquelas passagens que não podem ser devidamente apreciadas por pessoas carentes de poder imaginativo. O interprete fiel, frequentemente, deve se transportar para o passado e pintar para sua própria alma as cenas dos tempos antigos. Precisa possuir uma intuição da natureza e da vida humana que lhe permita colocar-se no lugar dos escritores bíblicos, a fim de ver e sentir como eles. Porém, as vezes, acontece de homens dotados de muita imaginação, tornarem-se expositores pouco confiáveis. Uma imaginação exulberante está exposta ao erro, introduzindo conhecturas e fantasias, no lugar da exegese verdadeira. Mas, a imaginação bem disciplinada se associa ao poder da concepção do pensamento abstratoi, tornando assim, apta para formular, se necessário, hipoteses a serem usadas em ilustrações ou argumentos.

 Porém, acima de qualquer outra coisa, um interprete das Escrituras carece de um critério saudável e sobrio. Sua mente precisa ter a competencia necessária para analisar, examinar e comparar. Não deve se deixar influenciar por significados ocultos, por um hermeneutica alegorica, nem por conjecturas plausíveis. Antes de se pronunciar, deve pesar todos os prós e contras de alguma possível interpretação; deve considerar se seus principios se sustentam e são coerentes consigo mesmos; deve balancear as probabilidades e obter conclusões com as maiores precausões possíveis. Não deve economizar trabalho a fim de tornar isto um hábito da mente, seguro e digno de confiança.

Os frutos de tal discernimento serão a precisão e a sensibilidade. O interprete do Livro Sagrado, descubrirá a necessidade destas qualidades para a descoberta das multiplas belezas e perfeições esparramadas em profusão por suas páginas. Todavia, tanto seu gosto como seu critério, devem receber a instrução necessária para discernir entre os ideais verdadeiros e os falsos. A honestidade a todo custo, assim como a simplicidade da gente do mundo antigo, ferem muitos refinamentos tolos da gente moderna. Uma sensibilidade exagerada trará, algumas vezes, motivos para se ruborizar diante de algumas expressões que aparecem nas Escrituras, sem a menor idéia de impureza. Em tais casos, o gosto refinado lerá de acordo com o verdadeiro espírito do escritor e do tempo dele.

Na interpretação da Bíblia se faz necessário o uso da razão. A Bíblia veio a nós em forma de linguagem humana, apela para a nossa razão e julgamento; provoca a investigação e condenana a incredulidade. Precisa ser interpretada como qualquer outro volume, mediante uma rígida aplicação das mesmas leis da linguagem e da anáise gramatical. Mesmo naquelas passagens, das quais podemos dizer, que fogem dos limites da razão, alcançando o reino da revelação sobrenatural, compete ao criterio racional o dizer se tal revelação, realmente, se trata de um tema sobrenatural. Nos assuntos que estão muito além da nossa visão, pode a razão, com argumentos válidos, explicar sua própria incompetencia e, por meio da analogia e de diversas sugestões, demonstrar que existem muitas coisas que estão fora de seu domínio, as quais, apesar disso, são verdadeiras e completamente justas, e devem ser aceitas sem questionamentos. Deste modo, a própria razão pode ser eficaz para fortalecer a fé no invisível e eterno.

No entanto, é conveniente que o expositor da Palavra de Deus, cuide para que todos seus princípios e métodos de racionicio, sejam saudáveis e tenham coerência interna. Jamais deve ser basear sobre falsas premissas. Deve se abster de dilemas que acarretam em confusão. Acima de tudo, deve evitar a preciptação em estabelecer conclusões carentes do devido suporte. Não deve, jamais, dar por certo aquilo que possuir caráter duvidoso, ou esteja sendo pesquisado. Todas essas falácias lógicas, viciam seus usuários e constituem um guia perigoso para o expositor. O emprego correto da razão na exposição bíblica, se faz visivel em um proceder cauteloso, nos principios sólidos adotados, na argumentação firme e contundente, na sobriedade da imaginação utilizada, na integridade e consistencia interna de todas as suas partes. Tal exercicio da razão, sempre será recomendável a uma consciência piedosa e ao coração puro.

Em adição as qualidades que temos mencionado, o interprete deveria, também, ser “apto a ensina” (II Timóteo 2.24). Não apenas deve ser capaz de compreender as Escrituras, como também precisa expôr aos demais, de uma forma vivída de clara, aquilo que descobriu. Por conseguinte, o interprete previsa cultivar um estilo claro e sensível, esforçando-se no estudo necessário para extrair a verdade e a força dos oráculos inspirados, de forma que os demais os entenda com facilidade.

 Acima de tudo, o interprete precisa ter disposição para buscar e conhecer a verdade. Ninguém pode realizar corretamente o estudo e a exposição, daquilo que é a Revelação de Deus, se seu coração está repleto de dúvidas contra tal revelação, ou, se por um instante, vacila em aceitar aquilo que sua consciência e seu critério reconhece como bom. O interprete deve possuir um desejo sincero de alcançaz o conhecimento da verdade e de aceitá-la cordialmente, tão logo a encontre. O amor pela verdade deve ser ardente, de modo a preencher a alma com entusiásmo pela Palavra de Deus. O exegeta habilidoso e profundo, é aquele cujo espírito é tocado por Deus, e cuja alma está avivada pelas Revelações do céu.

Esse santo fervor precisa ser disciplinado e controlado por uma verdadeira reverência. “O temor do Senhor, é o principio da sabedoria!” (Provérbios 1.7). É necessário existir um estado de devoção na mente e, ao mesmo tempo, um puro desejo pelo conhecimento da verdade.

 Finalmente, o expositor da Bíblia, necessita gozar de uma comunhão viva com o Espírito Santo. Por meio de uma profunda experiência da alma, deve alcançar o conhecimento salvífico que é Jesus Cristo. De modo que aquele que deseja conhecer e explicar a outros “os mistérios do Reino dos céus” (Mateus 13.11), devem entrar na bentida comunhão com o Santo.

Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; e qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder (Efésios 1.17-19).

ATENÇÃO!


Se houver demora na atualização de nosso conteúdo, o motivo é problemas para acessar a net, somados a problemas de saúde na família. Peço a oração dos irmãos.

Graça e Paz!

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