Pregação Expositiva - Parte V

Pregação Expositiva

Parte V

Por. Marcelo Lemos

A Estrutura Homilética

Aquele leitor mais familiarizado com estudos sobre pregação certamente já tem algum contado com algum tipo de Estrutura Homilética. O título, a introdução, a tese ou proposição, o corpo do discurso e a conclusão. No artigo de hoje nos falaremos um pouco sobre um tipo de estrutura homilética que irá auxiliar aqueles que ainda possuem alguma dificuldade com o assunto.
Embora a Estrutura Homilética, como será apresentada aqui, possua uma rigidez bem nítida, o estudante não deve se permitir assustar com ela. Pense na mesma como um bom guia de viagem como o qual se pode interagir, e não como um roteiro previamente escrito por outros. Deixando-se escravizar por regras o pregador abre mão de uma de suas principais habilidades: a criatividade.

Se este for o seu primeiro contato com este modelo de Estrutura Homilética procure compreender a função de cada um de seus elementos, para que o restante do nosso estudo possa fluir com uma maior facilidade e aproveitamento. Ao pregador iniciante - ou ao desconhecedor de tal estrutura - arrisco um conselho: tenha sempre este “esqueleto” em mente e o use sempre que estiver desenvolvendo um esboço.

Conhecendo a

Estrutura Homilética



Texto Base: .............................................

Título do Sermão: ................................................................................

Objetivo específico do Sermão: ............................................................

INTRODUÇÃO:

1. ..........................................................................................................

2. ..........................................................................................................

3. ..........................................................................................................

Tese do Sermão: ................................................................................................................

Frase de Transição: ..........................................................................................................

I – PRIMEIRA DIVISÃO PRINCIPAL [.....................................................................]

1 – Subdivisão [..........................................................................]

2 – Subdivisão [..........................................................................]

Frase de Transição: ..........................................................................................................

II – SEGUNDA DIVISÃO PRINCIPAL [.....................................................................]

1 – Subdivisão [..........................................................................]

2 – Subdivisão [..........................................................................]

Frase de Transição: ..........................................................................................................

CONCLUSÃO:

1. .....................................................................................................................

2. .....................................................................................................................

3. .....................................................................................................................

Explicando a


Estrutura Homilética


Teremos como objetivo agora compreender, resumidamente, qual a função prática de cada um destes elementos no esboço e na escrita do sermão bíblico.
  • TEXTO BASE. Aqui temos a indicação de qual será o texto base da nossa pregação; que pode ser tópica, textual ou expositiva.

  • TÍTULO DO SERMÃO. Não é muito comum encontrarmos pregadores que anunciem o título de sua mensagem; exceto claro, por aqueles que vivem da venda das mesmas. No cotidiano da Igreja isso é pouco comum. Porém, é interessante o seu uso, tanto na hora da pregação, quanto antecipadamente, por exemplo, numa ‘propaganda’ colocada no boletim semanal da congregação.

  • OBJETIVO ESPECÍGICO DO SERMÃO. O que o pregador deseja ensinar ao povo? Tal será o objetivo específico daquele sermão. Ele pode, por exemplo, ensinar à Igreja que Deus deseja um retorno à prática da santificação. Este é o objetivo da mensagem. Ele está intimamente ligado ao ‘telos’ sobre o qual falamos no artigo anterior e, portanto, ditará o tom e o rumo da pregação.

  • INTRODUÇÃO. Alguns a consideram a parte mais difícil. É nela que o pregador precisa ‘quebra o gelo’ que existe entre ele e a congregação. Em outras palavras, ele precisa despertar o interesse de seus ouvintes para o tema que irá abordar. A introdução ainda vem acompanhada de uma tese e de uma oração de transição, como veremos a seguir.

  • TESE DO SERMÃO. A tese nada mais é do que o objetivo do sermão escrito ou dito de forma homilética. É a frase que o pregador usa para dizer a Igreja qual a lição que ele pretende ensinar a ela. Sua tese poderia ser: “O que Deus exige de cada um nesta noite é o retorno sincero a uma vida de santificação!”. Você conhece algum pregador que gosta de contar “causos” sobre a mãe, a vó, o tio, a roça e o galo que apareceu no bairro semana passada? Bem, se você levar a sério a tese do seu sermão, fatalmente não irá dizer nada que não esteja coerentemente relacionado ao tema “vida de santificação”.

  • FRASE DE TRANSIÇÃO. Como o nome já indica a “frase de transição” é aquela que cria uma ponte que o pregador utiliza para passar naturalmente da introdução ao restante do sermão. Como ela faz isso? Fazendo uso de alguma PALAVRA-CHAVE. Estando unida a uma boa palavra-chave a frase de transição é uma excelente ferramenta não apenas de ‘passagem’, mas também para promover a Unidade da pregação. Observe os exemplos a seguir:

“O que Deus exige de cada um nesta noite é o retorno sincero a uma vida de santificação (TESE). Você conhece a verdadeira importância da santificação? A Bíblia nos ensina diversos motivos pelos quais a santificação é tão importante. Quais são este motivos? (Oração de Transição utilizando a palavra-chave “motivos”)

Em alguns casos mudando a palavra-chave o pregador obtém um novo sermão, mesmo que continue utilizando a mesma tese! Em outras palavras, o uso de palavra-chave também nos proporciona uma certa opção de variedade na pregação. Para pregadores que servem a mesma Igreja durante muito tempo isso posse ser útil, uma vez que nos permite pregar o mesmo sermão de forma diferente! Vejamos o próximo exemplo:

“O que Deus exige de cada um nesta noite é o retorno sincero a uma vida de santificação (TESE). Se eu lhe pedisse para escrever os passos necessários para uma vida de santificação, como você responderia? Será que podemos identifica nas Escrituras alguns passos necessários para alcançarmos uma vida de santificação? Se estes passos existem, quais são eles? (Oração de Transição utilizando a palavra-chave “passos”)

No primeiro sermão o seu objetivo seria demonstrar a importante de uma vida de santificação, neste segundo exemplo, o objetivo é ensinar o caminho a ser percorrido para alcançá-la. Não deve ser difícil perceber como isso pode auxiliar pregadores que gostam de pregar em série – utilizando uma mesma tese ele poderá pregar um mês inteiro, sem repetir a pregação!

Numa terceira pregação você pode, por exemplo, falar sobre os benefícios de se cumprir a vontade de Deus retornando a uma vida de santificação. Fechando a série, poderíamos ter um sermão evangelístico, no qual o pregar ‘fecha’ tudo o que ensinou numa mensagem que expões os falsos conceitos sobre a santificação – concluindo com a chamada do Evangelho.

Espero que tenhamos logrado transmitir o valor do uso de palavras-chave. Pessoalmente, a consideramos de grande valor, arriscando afirmar ser essa uma das mais importantes descobertas que o pregador pode fazer sobre a arte de falar em público.
  • DIVISÕES PRINCIPAIS. O que chamamos de “divisões principais” – que podem ser uma, duas ou mais – nada mais são do que o desdobramento natural da frase de transição que busca explicar o que é dito na tese. Em outras palavras, a tese é o que você quer provar, a oração de transição é como você pretende provar, e as “divisões principais” são as provas que você tem a apresentar.

“O que Deus exige de cada um nesta noite é o retorno sincero a uma vida de santificação (TESE). É possível que alguém que me tem escutado ao longo deste mês pense em “santo” como sendo alguém tido em grande estima por algum povo ou instituição religiosa. Preciso alertá-lo, porém, de que tal idéia sobre santificação é um equivoco. Hoje, quero convidar você a refletir comigo sobre os falsos conceitos sobre o que é uma vida de santificação” (Oração de Transição utilizando a palavra-chave “ [falsos] conceitos”)

I – ALGUNS PENSAM QUE SANTIFICAÇÃO É LEGALISMO... Gálatas 2.11-17. Os que pensam assim comentem um grande erro. Porque? Eis os motivos:


  • Paulo diz que o homem não é justificado pelas obras da Lei... Gálatas 2.16a



  • Paulo diz que somos justificados unicamente pela fé em Cristo... Gálatas 2.16b



Repare como usar uma palavra-chave aqui ajuda bastante na manutenção da unidade interna da divisão principal. Em muitos casos, mesmo quando o pregador usa um esboço, temos a impressão de que ele mistura as idéias do sermão – as famosas repetições e ‘enchimento de lingüiça’. Este mal pode ser evitado com uma prática tão simples como a que acabamos de demonstrar.

Lendo com atenção o modelo de Estrutura Homilética que demos lá no início se pode notar ainda que entre uma Divisão Principal e outra também é possível encaixar uma frase de transição. Aqui, assim como no exórdio, sua função precípua é dar ao pregador condições de passar com tranqüilidade de um ponto a outro do sermão.
I – ALGUNS PENSAM QUE SANTIFICAÇÃO É LEGALISMO... Gálatas 2.11-17. Os que pensam assim comentem um grande erro. Porque? Eis os motivos:


  • Paulo diz que o homem não é justificado pelas obras da Lei... Gálatas 2.16a



  • Paulo diz que somos justificados unicamente pela fé em Cristo... Gálatas 2.16b

  • Por isso, Paulo conclui que buscar a santificação por meio do legalismo é anular o Evangelho de Cristo... Gálatas 3.1-5.


(Oração de Transição) Agora, tendo já visto que o legalismo não é a resposta para quem deseja uma vida de santificação; podemos falar também sobre seu irmão gêmeo. Isso mesmo! O legalismo tem um irmão gêmeo! O nome dele é perfeccionismo! Assim como muitos pensam que santificação é legalismo; um outro falso conceito sobre santificação é que...

II - OUTROS PENSAM QUE SANTIFICAÇÃO É PERFECCIONISMO... Mateus 23.27-28.



NOTA: importante observar que nas orações de transição colocadas entre uma Divisão Principal e outra, o pregador pode – talvez deva – fazer uso da palavra-chave que usou na introdução. Isso fará o ouvinte se lembrar que esta aprendendo sobre os “falsos conceitos” sobre o que é vida de santificação.
CONCLUSÃO. Pessoalmente consideramos esta a parte mais problemática. Aqui se dá o desfecho da mensagem. É o destino final da caminhada pela qual o pregador conduziu seus ouvintes. Será que o pregador tinha, realmente, um destino? É na conclusão que agente costuma descobrir...



O pregador pode encerrar sua mensagem utilizando recursos como: ilustração, apelo, recapitulação das divisões principais; etc. O mais importante é que a mensagem seja aplicada de forma viva e eficaz no coração de seus ouvintes. Preferencialmente deve ser rápida.

Um bom exercício é ler a conclusão que Martinho Lutero elaborou para um de seus sermões mais famosos, “Estevão”:
“Quem pode numerar as virtudes ilustradas no exemplo de Estêvão? Ali manifesta-se o fruto do Espírito. Encontramos amor, fé, longanimidade, paz, gozo, mansidão, benignidade, temperança e bondade. Vemos também ódio e censura de todas as formas de mal. Notamos uma disposição em não estimar as vantagens mundanas, nem temer os terrores da morte. A liberdade, a tranqüilidade e todas as virtudes nobres e graças estão em evidência. Não há virtude que não seja ilustrada neste exemplo; não há vício que não seja reprovado. Que o evangelista diga que Estêvão era cheio de fé e poder. O poder aqui implica atividade. Lucas diria: "Sua fé era grande; conseqüentemente, suas muitas e poderosas obras". Pois quando a fé existe de fato, seus frutos têm de se seguir. Quanto maior a fé, mais abundantes os frutos”.

Nota: num primeiro momento, sua conclusão relembra abertamente cada elemento sobre o qual ele levou seus ouvintes a meditar durante a pregação. A fé, a paciência, a disposição... Todas as virtudes que ele elogiou em Estevão são relembradas aqui. Especialmente digno de nota é perceber que Lutero relembra todas estas virtudes enfatizando que onde existe fé, obrigatoriamente existem os frutos [parte grifada].Em seguida, no desfecho, ele aplica esta relação entre fé e fruto a vida de seus ouvintes:
“A fé verdadeira é um princípio forte, ativo e eficaz. Nada lhe é impossível. Não descansa nem vacila. Estêvão, por causa da atividade superior de sua fé, realizou não meramente obras comuns, mas fez maravilhas e sinais publicamente — grandes maravilhas e sinais, como Lucas declara. Isto está escrito para sinal de que o indivíduo inativo carece de fé, e não tem direito de se gloriar disso. Não é sem propósito que a palavra “fé" é colocada antes da palavra "poder". A intenção era mostrar que as obras são evidências de fé, e que sem fé, nada de bom podemos realizar. A fé deve ser primária em todo ato. Para esse fim, que Deus nos ajude. Amém”.

Espero que tenham gostado desta pequena explicação sobre a importância e o uso da Estrutura Homilética. Num próximo artigo estaremos analisando cada um destes elementos de forma mais detalhada.

Paz e bem!

2 comentários :

  1. parabens, adorei... para m,elhorar mais ainda lancm outros sermoes prontos para noos auxiliar a transmitir ao povo.

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  2. Anderson;

    De fato, já é tempo de voltarmos a enfatizar mais aspectos da homilética, e também, lançarmos mais sermões, além de nos dedicarmos mais a esta área - como haviamos feito no inicio. A demora, deve-se a falta de tempo, e, querendo Deus, estaremos sanando-a em breve. Sua sugestão é muito bem-vinda!

    Paz e bem!

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