Virgem Maria: Perseguida pelos Reformados?

Virgem Maria

Perseguida Pelos Cristãos Reformados?


Maria-perseguidaporreformados

Marcelo Lemos


‘Virgem Maria’, breve série de artigos abordando os principais dogmas do Catolicismo Romano a respeito de Maria, mãe de nosso Senhor Jesus Cristo. Escrito por Marcelo Lemos. Publicado no blog Olhar Reformado. Nosso objetivo é analisar tais ensinos a luz da verdade estabelecida nas Sagradas Escrituras.

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- Porque vocês perseguem tanto a mãe de Jesus? Qual o problema que vocês, cristãos reformados, têm com Maria?

Você, cristão protestante, já ouviu esta pergunta, ou algo semelhante. É quase impossível evitá-la quando abordamos o assunto na evangelização, ou no diálogo com católicos romanos. Por algum motivo, a maioria dos católicos romanos imagina a fé evangélica como tendo aversão a Maria, mãe de nosso Salvador. Será que a acusação procede?

Mesmo correndo o risco de ser deselegante não posso deixar de falar da desconfiança que tenho por alguns romanistas que usam esta acusação. Parece-me, devido a bagagem cultural dos mesmos; que o uso de uma acusação tão infundada, deva-se, antes de tudo, a pura desonestidade intelectual. Eu posso compreender que as Testemunhas de Jeová pensem que os cristãos que crêem num Estado Intermediário ‘consciente’ estejam defendendo a comunicação com os mortos, mas isso, apenas por saber que a maioria delas não tem acesso a qualquer produção cultural que não esteja ligada a seita que as controla. O mesmo atenuante não vale para os romanistas.

Por isso, penso que em alguns casos, refiro-me a católicos esclarecidos como padres e teólogos, o uso de tal acusação tem como intenção apenas criar uma cortina de fumaça, uma vez que inegavelmente, a mesma desperta algum tipo de ‘alerta emocional’ na mente dos fiéis da instituição papal.

Há outros, todavia, segundo eu vejo, que acreditam em tal acusação como conseqüência da desonestidade do grupo acima, além do estilo de evangelização equivocada de muitos ‘evangélicos’. Explico: como se pode conquistar a empatia de alguém falando mal da mãe dele? Complicado, não é mesmo? Contudo, muitos ‘evangelistas’ agem exatamente na contramão desse bom senso! E com isso fecham as portas para um diálogo produtivo com aqueles que são, como outros grupos, alvos da nossa pregação.

Não se assuste, querido leitor, com o uso que faço do termo ‘diálogo’. Não sou ecumênico. Penso que o ecumenismo é uma contradição de termos, e isso numa única palavra! Porém, acredito em diálogo. Não acredito, explico, em proselitismo desrespeitoso, em folhetos distribuídos a torto e a direito, com a única intenção de satisfazer alguma ‘meta’. Isso não é evangelismo. A Igreja evangeliza pregando a verdade, e vivendo a verdade junto a sociedade a sua volta – e nisto se inclui o diálogo. Por isso, não falo de diálogo ecumênico com outras religiões, antes, de diálogo respeitoso com pessoas diferentes de nós.

Se você leu atentamente o que acabei de escrever, deve estar sendo incomodado por uma sensação de contradição nas minhas palavras. Ocorre que eu iniciei chamando alguns católicos de intelectualmente desonestos, por nos acusarem de perseguirmos Maria. Mais à frente, porém, afirmo que, de fato, alguns cristãos ‘evangélicos’ tratam Maria desrespeitosamente... Não há contradição, são dois lados de uma mesma moeda.

Não existe desrespeito, ou desapreço, pela pessoa de Maria na teologia cristã reformada. O que nos diferencia dos romanistas neste assunto é que não damos a Maria aquilo que as Escrituras também não o fazem. Se um ‘evangélico’ ofende a pessoa de Maria, ele está, na verdade, indo além do que prevê a sua própria Confissão.

Do lado Católico Romano há a predisposição de se entregar à Maria todos os títulos honrosos possíveis, mesmo que isso não esteja estabelecido nas Escrituras, mesmo que isso fira o estabelecido nas Escrituras, e mesmo que isso subverta qualquer noção mínima de racionalidade. Observem que com isso não estamos desrespeitando a pessoa de Maria, estamos questionando o proceder romanistas. São coisas completamente distintas.

A motivação da apologética reformada aqui não está contra a pessoa de Maria, mas sim, contra aquilo que fere a doutrina revelada na Palavra de Cristo. A pessoa de Maria não tem, neste sentido, qualquer relação com este debate. Logo abaixo estaremos listando alguns exemplos de como diversas afirmações romanistas sobre Maria são, não apenas ‘extra bíblicas’, como também, contrárias a doutrina da Bíblia.
  • Maria não tinha pecado. O que a Bíblia ensina é que Jesus não tinha pecado:
“Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” – II Coríntios 5.21.
“Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus” – Hebreus 7.26.
  • Maria foi assunta aos céus. Maria, segundo os católicos, não morreu; a semelhança de Enoque, por exemplo, ela foi levada aos céus por Deus, de onde reina sobre sua Igreja. Todavia, o Novo Testamento diz apenas que Jesus foi assunto aos céus, dias depois haver ressuscitado dos mortos:

E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos” – Atos 1.9.
  • Maria é mãe da Igreja. Maria guia, protege, direciona a Igreja. Todavia, as Escrituras não reconhecem nenhuma outra autoridade sobre a mesma, a não, evidentemente, a autoridade humana que, no entanto, se vale do princípio do sacerdócio universal.

Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos” – Efésios 5.23,24.

Aqui há uma contradição absurda entre o dogma católico romano e sua práxis eclesiástica, uma vez que eles, baseados em afirmações paulinas (I Tim. 2.12), vetam qualquer autoridade eclesiástica as mulheres; porém, eles assumem que Cristo divide sua autoridade com Maria, sua mãe. Se há uma igreja na face da terra que deveria, por uma questão de lógica, aceitar a ordenação feminina, está é a Romana.

Completamente absurdo imaginar que os cristãos primitivos tivessem conhecido qualquer conceito de Maria, uma mulher, tendo autoridade sobre a Igreja. Ora, os textos usados contra ordenação feminina, inclusive pelos católicos, são justamente aqueles onde Paulo confronta sociedades onde o paganismo se valia da religião centralizada na sexualidade da mulher, a deusa Mãe.
  • Maria é co-redentora. Segundo este pensamento Maria deve ser venerada como co-redentora da humanidade; ou seja, ele não é apenas mãe do Salvador, mas também a Salvadora. Segundo crêem, Maria, com seu sofrimento de mãe por Cristo, diante do Calvário, também efetuou por nós a obra da expiação. Trata-se de uma das maiores afrontas que ‘cristãos’ já dirigiram contra a Pessoa de Cristo em todos os tempos!

Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós!” – I Pedro 1.19,20.
“Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna.” – Hebreus 9.12.


Atribuir a Obra da Redenção a qualquer outro ser, além de Deus mesmo, na pessoa de Cristo, é negar a fé: “E sabemos que já o filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna!” (I João 5.20). “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14.6).

A lista que acabamos de citar sobre algumas afirmações romanistas sobre Maria é extremamente limitada, até porque, temos por objetivo expor diversos destes dogmas ao longo desta série. Além disso, nosso desejo aqui foi apenas demonstrar que em nenhum destes tópicos estamos ofendendo Maria, nem desrespeitando-a, ou menosprezando-a; apenas nos recusamos a dar a ela, ou a quem quer que seja, aquilo pertence a penas a Deus.

Nós, cristãos reformados, não apenas amamos Maria, como também fazemos questão de obedecer, com a graça de Deus, ao único conselho que ela deu a alguém, e que a Bíblia fez questão de registrar: Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser (João 2.5).

2 comentários :

  1. POR FAVOR PASTOR
    ME MANDE NOVAMENTE TEU E-MAIL


    EU NAO O ACHEI AGORA NO SEU BLOG

    OBRIGADO, VINICIUS

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  2. marcelolemos.editor@hotmail.com

    Na revista Pulpito Hoje tem ele, confira.

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