A Espada do Espírito!

A Espada do Espírito

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Marcelo Lemos

“Tomai sobretudo o escudo da fé, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” – Efésios 6.16-18.
Vamos pensar na Palavra de Deus descrita como sendo a Espada do Espírito. Espadas são armas de guerra, e é justamente esta a idéia que estava na mente de Paulo ao escrever as palavras acima. De forma bem detalhada, Paulo orienta o povo de Deus a se preparar para as adversidades espirituais que viriam, comparando os recursos da vida cristã, com as partes que compunham o vestuário de um soldado romano. Dentro deste contexto, ele compara a Palavra de Deus com a espada do soldado, daí a expressão “espada do Espírito”.


Antes de iniciarmos nossas considerações sobre a expressão em si, destacamos a ênfase dada por Paulo a oração e a “suplica no Espírito”, e a disposição do cristão estar vigilante contra os ardis do Inimigo. Não é a armadura de Deus um recurso humano, nem composta de mantras, nem rituais a serem milagrosamente utilizados na hora do apuro. Pelo contrário, a armadura de Deus é eficaz quando o cristão a vivencia como o soldado vivenciava o treinamento físico; tendo, porém, o cristão, a vantagem de ter suas armas com resultado garantido pela operação infalível do Santo Espírito.

Nada melhor para iniciarmos nossa breve meditação sobre este assunto, do que mantermos viva na alma a descrição de Hebreus 4.12: “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”.

Arma de Defesa

A facilidade que as heresias diversas encontram para se infiltrarem na Igreja de Cristo deve-se, sem duvida alguma, a infantilidade bíblica e teológica dos cristãos. Um dos mais perversos argumentos do Inimigo diz que o conhecimento bíblico e teológico é algo dispensável e, quem sabe, até mesmo perigoso. Convencidos dessa tolice, a Igreja fundamenta-se sobre sentimentos e resultados numéricos, ficando a mercê de tudo e todos.

Sem a Bíblia a Igreja resulta num corpo sem defesas naturais. Uma Igreja biblicamente sólida, resistirá com bravura, ainda que ‘gripe’ por uns dias, a todas as investidas dos falsos apóstolos. Mas quando o Corpo está destituído de suas defesas naturais, até mesmo a influencia do mais insignificante dos vírus, poderá conduzi-la a um estado de coma espiritual, e, quiçá, a morte.

Não foi um vírus de nome feio e complexidade genética que fez a Igreja de Éfeso ser repreendida pelo Senhor. Muito pelo contrário. Ela tinha, na verdade, grande força contra os mais terríveis males que lhe assediava:
“Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste... odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio” – Apocalipse 2. 1-7.

Porém, esta Igreja aparentemente tão saudável, é a mesma que ouviu do Senhor uma terrível advertência:
“Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” – Apocalipse 2.5.

Mas, afinal de contas, qual teria sido o terrível pecado cometido por esta comunidade de cristãos fiéis? O médico dos médicos dá o diagnóstico:
“Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor” – Apocalipse 2.4.

O que sempre me impressionou em Eféso, é o fato dela ser descrita, nos elogios que lhes são feitos, como uma Igreja extremamente bíblica, exceto por um pequeno detalhe – e foi justamente este pequeno detalhe, esta pequena deficiência bíblica, que a colocou em situação tão perigosa.

Não obstante, vivemos hoje cercados de cristãos que, ao contrário da Igreja de Éfeso, não possuem qualquer comprometimento com as Escrituras. Para os tais, colocar a prova “os que dizem ser apóstolos” é um mal em si mesmo; ainda que o próprio Cristo afirme ser um bem! E mesmo assim, eles afirmam sobre si mesmos o que dizia a Igreja de Laodicéia: “Sou rico, e estou enriquecido, e de nada tenho falta”.

Existiria alguma Igreja perfeita em todos os seus caminhos? A resposta evidente é não. E é justamente por este motivo que jamais devemos minimizar a importância da Espada do Espírito como nossa arma de defesa. Se desejamos nos apresentar na batalha como fieis soldados de Cristo, a Espada do Espírito deve ser nossa companheira indispensável.

Ao invés de ficarmos discutindo doutrinas, deveríamos simplesmente pregar o Evangelho! – freqüentemente escuto esta objeção de mentes preguiçosas e tolas. Se esquecem eles do básico: a são doutrina é mandamento integrante da mensagem do Evangelho (Fp. 1.7; Jd. 1.3). Além disso, a tolice dos tais se revela ainda mais quando lhes perguntamos o que é o Evangelho para eles. Ora, nenhuma resposta nos poderá ser dada caso eles elaborem algum definição teológica do assunto em questão!

O motivo que leva a crescente multidão de ‘crentes’ não terem o menor conhecimento sobre Cristo está no fato de que aqueles que pretendem lhes conduzir a Cristo, eles mesmos, também não conhecem nada sobre Cristo.
Um slogan que reflete a atitude anti-intelectual de muitos cristãos, diz: “Dê-me Jesus, não exegese”. Contudo, é a Escritura que nos dá informação sobre Jesus, e é através da exegese bíblica que averiguamos o significado da Escritura. Sem exegese, portanto, ninguém pode conhecer Jesus. Deve-se apenas testar essa afirmação questionando aqueles que dizem tais coisas, com este slogan, sobre o que eles sabem sobre Jesus? Na maioria das vezes, sua versão de Jesus não se parece, nem remotamente, com o relato bíblico. Isto significa que eles não o conhecem de forma alguma, sem falar de outros tópicos teológicos importantes, tais como infalibilidade bíblica, eleição divina e governo de igreja. O que temos de dizer é: “Dê-me Jesus através da exegese” – Vincent Cheung; Teologia Sistemática.

Arma de Ataque

As constatações acima nos levam direto para nossa próxima afirmação: a Palavra de Deus, a Espada do Espírito, é nossa principal arma de ataque contra o Reino do Inimigo. Toda vez que proclamamos o Evangelho, e toda vez que atacamos os pilares dos falsos evangelhos, estamos desferindo uma ataque direto e impiedoso contra o reino das trevas. Não importa quão baixo o Inimigo tenha aprisionado a alma do homem, o povo de Deus ouvirá a voz do Bom Pastor, e infalivelmente o seguirá:
“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.  Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas.  A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. Jesus disse-lhes esta parábola; mas eles não entenderam o que era que lhes dizia. Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram” – João 10.1-8.

Qual o meio utilizado por Cristo para chamar suas ovelhas e conduzi-las à seu aprisco? Não é outro senão a pregação do Evangelho:
“Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho” – Hebreus 1.1.

“Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?  Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação” – I Coríntios 1.18-21.

“Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” – I Coríntios 2.2.

A religiosidade evangélica pragmática nos diz que devemos buscar meios eficazes de atingirmos o coração e a mente dos perdidos. Com isso, transformam o Evangelho em auto-ajuda, e a Igreja num parque de diversões, numa casa de show, e num circo. Conseqüentemente o púlpito é cada vez mais negligenciado, ou então, transformado ele mesmo em espetáculo. Acontece, porém, da Bíblia estabelecer a ‘loucura’ da pregação como sendo o meio da graça pelo qual o pecador é conduzido aos pés do Calvário.

Mas, não falemos apenas das tolices que permeiam os pragmáticos de carteirinha; falemos também de algumas que atingem até mesmo aos cristãos reformados. Pensemos, por exemplo, no hipercalvinismo e sua recusa em pregar o Evangelho. Advogam estes que tendo Deus determinado todas as coisas, não devemos nos preocupar com os meios da graça – o que tiver de ser, será. Aparentemente trata-se de um sentimento perfeito, não fosse o fato de anular a responsabilidade humana. Sim, Deus decretou todas as coisas e nos deixou mandamentos que servem como legislação sobre a nossa conduta. Estamos obrigados a tais mandamentos, e de tal obrigação nasce a nossa responsabilidade.

Conta-se que quando Carrey se dispôs a pregar o Evangelho na Índia, alguns anciãos de sua Igreja, possuídos pelo melhor espírito hipercalvinista lhe teria dito: “Meu jovem, não perca tempo com isso, se Deus quiser salvar aquelas pessoas, ele salvará”. Carrey, também fiel ao calvinismo, pensava que se Deus quisesse salvar aquelas pessoas, Ele salvaria, todavia, seu sentimento era mais ou menos  o seguinte: “Deus nos mandou pregar a todos os povos!”.

Simples assim! Não pregamos por sabermos quem são os eleitos, na verdade, não sabemos quem são até que se arrependam. Não pregamos visando nós mesmos quebrar a resistência do pecador, e nem poderíamos pensar assim, dada a total incapacidade humana de compreender as coisas de Deus. Pregamos simplesmente porque é um mandamento do Evangelho; pregamos, pois a pregação é o meio da graça pelo qual o pecador eleito é conduzido aos pés de Cruz e salvo.

Até mesmo o trabalho de apologia realizado pelos crentes, deve ser conduzido aliado a evangelização. Na verdade, para sermos mais precisos, uma e outra coisa são distintas, mas indissociáveis. Em certo sentido, não existe apologia sem a correta apresentação do Evangelho, e não existe apresentação do Evangelho sem o combate aos falsos cristos e as falsas esperanças de salvação. Por isso mesmo é tão importante que terminemos nossa meditação recordando estas palavras de Paulo a Timóteo:
“Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltado as fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministéiro” – II Timóteo 4.1-5.

Paz e bem.

2 comentários :

  1. A Paz do Senhor!

    Falando em outro tipo de espada, tenho uma dúvida.
    Deus permitiria que se levasse uma vida, para que outra, confessasse Jesus como Salvador?
    Na cidade onde moro uma mulher foi brutamente degolada por um assassino e logo após isso o seu esposo virou evangélico. No entanto, um membro da igreja Assembléia de Deus, falou que nesse caso Deus permitiu que fosse usada a espada na Mulher (esposa) para que o marido viesse para a Igreja. Pode isso ocorrer?

    Deus o abençoe!

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  2. Oi, Carol, paz e bem.

    Biblicamente falando tudo que acontece é pela vontade de Deus, muitas vezes por motivos que sequer imaginamos. Creio ser perfeitamente possível que uma tragédia venha com o proposito de conduzir alguém aos pés de Jesus; da mesma forma que é possível uma tragédia vir e nada de 'bom' resultar disso - e em ambos os casos a vontade de Deus foi feita.

    Paz e bem

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