Apocalipse Now: A Besta Que Emerge do Mar!



Nossa leitora Jenifer, envia a seguinte questão: “É verdade que um anjo mau irá sair da água (mar)...”.
“E pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia” (Apocalipse 13.1).
Como se vê Jenifer, o livro do Apocalipse de S. João realmente fala de uma “Besta” que sobe do “mar”. Não se diz que é um “anjo”, mas uma “besta”, ou “fera”. Algumas pessoas interpretam como sendo um anjo, mas o texto o chama apenas de “Besta” (clique no link para saber mais). Para os teólogos futuristas é uma profecia ainda por se cumprir, no período que chamam de Grande Tribulação.



Como acreditamos que a Grande Tribulação já aconteceu (acesse o link), é evidente que também identificamos no passado essa “Besta que surge do mar”, como os demais símbolos do Apocalipse de S. João. Infelizmente, algo que passa despercebido ao leitor que não compreende adequadamente a natureza do último livro da Escritura é o seu teor contemporâneo aos leitores. É importante ler os links que estou indicando para que esses detalhes possam ficar mais claros. 

Se você já leu os links sugeridos podemos ir para a chave que nos permite identificar a Besta “que surge do mar”. Ela está no versículo 2: 

“E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o poder, e o seu trono, e grande poderio”.

A primeira coisa a se observar na descrição feita pelo Profeta é quanto a natureza militar e política da 'Besta'. João nos fala que a 'Besta' tem “poder”, e um “trono”. Alguns versículos mais adiante também se vê seu poder de perseguir o povo de Deus, a Igreja (v. 7). Logo, nos parece improvável interpretar como sendo um “anjo”; é mais adequado ao contexto, e mais condizente com a História da Igreja Primitiva, identificar a 'Besta' como um Governo, ou pelo menos com um Governante.

Nossa segunda observação diz respeito ao modo como o Profeta descreve a “Besta que surge do mar”. Ele diz que ela era “semelhante ao leopardo,... o urso,... ao leão”. É aqui que se deve buscar o significado que o texto teve para os leitores originais. João usa expressões que são familiares aos seus leitores, e que são retiradas de uma outra profecia bíblica, Daniel 7.

Vale lembrar que quando João escreve suas cartas ás Igrejas da Ásia, não havia o Cannon do Novo Testamento; a Bíblia dos cristãos primitivos era formada pelos livros do Antigo Testamento. Quando João compara a “Besta” que viu com o 'leopardo', o 'urso' e o 'leão', seus leitores sabiam que ele se referia a profecia de Daniel 7, na qual o profeta vê quatro animais surgindo do “mar”:

“Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar grande. E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. O primeiro era como o leão... o segundo animal, semelhante a um urso,... e eis aqui outro, semelhante a um leopardo” (Daniel 7. 1-6).

É assim que Dnaiel descreve os três primeiros animais que viu surgirem do Mar: leão, urso e leopardo. São os mesmos animais citados por João em sua visão, ao falar da 'Besta' que viu surgir do mar. Qual a simbologia destes três primeiros animais (falaremos sobre o quarto 'animal' depois)?

A resposta pode ser encontrada comparando Daniel 2, 7 e 8, onde vemos que os três primeiros são identificados como Três Reinos:

Primeiro Animal – LEÃO – Império Babilônico

Segundo Animal – URSO – Império Persa

Terceiro Animal – LEOPARDO – Império Grego

Estes três primeiros Impérios, segundo a Profecia de Daniel, se sucederiam no domínio sobre o povo judeu, até que viesse o Messias. E a História Antiga provou que o Profeta estava certo! Primeiro o povo judeu foi escravo dos babilônios, depois dos persas, e depois destes, vieram os gregos!

Mas, ainda resta falar do quarto animal visto por Daniel... Surpreendentemente, o Profeta não fala o nome deste “quarto animal”, mas o descreve como sendo “terrível, espantoso, e muito forte” (Daniel 7.7). Termia sua descrição dizendo que ele possuía “dez chifres”.

Tendo “dez chifres” é também a descrição que João faz da “Fera” - ou 'besta' – que ele vê subir do mar! De modo que, apesar de Daniel não identificar nominalmente este último animal, podemos facilmente associá-lo ao Império Romano, que foi justamente quem sucedeu os gregos no domínio do Mundo Antigo, e que os superou em crueldade, e na perseguição contra o Cristo, Jerusalém, e a Igreja.

Reforçando ainda mais nossa interpretação, lembramos que Daniel descreve seu quarto animal como possuindo “dentes de ferro” no Capítulo 7; voltando ao Capítulo 2, o quarto Império representado na Estátua é descrito como possuindo “pernas de ferro” e pés de uma mistura de “ferro e barro”. Ferro é justamente o material mais apropriado para descrever o Império Romano, que sucedeu os outros três; isto porque seu domínio sobre o mundo se deu pela força, pelas armas, pela guerra.

Infelizmente, como temos repetido várias vezes em nossos escritos, as pessoas tendem a ver o Apocalipse como uma descrição aterrorizante do futuro da humanidade, quando na verdade, foi uma mensagem de esperança e vitória para a Igreja perseguida nos primeiros séculos.

Não só o Apocalipse deixa bem claro que a Fera seria destruída, como também as visões de Daniel garantem a mesma coisa. Por exemplo, no Capítulo 2, Daniel observa uma pequena Pedra ser lançada contra os pés da Grande Estatua, o que a faz com que ela desmorone, e espalhe tudo o que tinha sobre “toda a terra” (Daneil 2.35). Aqui temos uma maravilhosa promessa sobre a vitória do Evangelho sobre o Paganismo, e sobre o Império Romano!

De fato, uma pequena Pedra , o Cristo, foi lançada contra o Paganismo; esta 'pequena' pedra (aos olhos do mundo!), fez nascer um Novo Dia, uma Nova Era, um Novo Pacto! Morria o mundo antigo, e começa a nascer a civilização que conhecemos hoje.

Não é por menos que nos lugares onde o Império assassinava cristãos, se pode, hoje, encontrar os seguintes dizeres: Christus Victor! Semper Invictus!

Que o Senhor abra os olhos do seu povo, neste momento de Crise, e de ameças contra a Fé Cristã, e nos conduza a uma Escatologia da Vitória, uma Teologia do Domínio; deixando para trás, de uma vez por toda, a Escatologia do Medo, e da Fuga. Amém!

Um abraço, Jenifer!

2 comentários :

  1. Muito bom seu estudo, veio me esclarecer questões, que ja tinha visto muitas especulações sobre o assunto, mas nem uma tão segura e clara.

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  2. Excellente texto marcelo ,ja estou menos inculto sobre o apocalypse :) .

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