Por quem Cristo entregou Sua vida?”
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Por Marcelo Lemos
“A morte de Jesus na cruz não foi para que todos tivessem a chance de aceita-lo?”, é a pergunta enviada por nosso leitor Renan.
Caro irmão, já de inicio podemos verificar uma impossibilidade total de que Cristo tenha morrido a fim de dar a todos a chance de serem salvos. Vamos supor que todos os homens tenham a mesma capacidade de se arrependerem e crerem em Jesus. Será que todos os homens recebem igual oportunidade de crerem em Jesus? Antes de responder, lembre-se de que a maioria dos homens que viveram até os nossos dias, jamais ouviram falar de Jesus. Lembre-se que, no dia de hoje, milhares de pessoas morreram sem jamais terem ouvido falar de Cristo. Então, pergunto, Deus deu a todos os homens igual oportunidade de crerem em Cristo? A resposta é não.
Mas, se Deus não dá a todos os homens igual oportunidade de crerem em Cristo, como podemos afirmar que Ele enviou seu Filho para que todos tivessem a chance de aceitá-lo? Bem, não podemos fazer tal afirmação sem contrariar a lógica e as Escrituras. Quero apresentar alguns argumentos sobre o assunto, baseando-me em afirmações bíblicas.
S. MATEUS 26.28. Nesta passagem, Jesus Cristo fala do seu sangue como sendo “o sangue do Novo Testamento”. A expressão Novo Testamento pode ser igualmente traduzida como “Novo Concerto”, “Nova Aliança” ou “Novo Pacto”. Deus fez um Novo Pacto com o homem, a fim de salvá-lo por meio de Cristo – o sangue de Cristo é o preço deste Novo Pacto. O autor da Carta aos Hebreus descreve o que é este Novo Pacto: “Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor – Porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e Eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo” (Hebreus 8.10).
Qual é a aliança? Que Deus escreveria converteria o coração do seu povo a Si, escrevendo no coração deles a Sua Lei. Portanto, o Novo Converto não é simplesmente o sangue de Cristo derramado, e que pode ou não ser aceito pelos homens, mas também, a ação direta de Deus no coração das pessoas, convertendo-as, salvando-as de seus pecados. Portanto, se Deus não converte a todos, implica que não fez a Nova Aliança com todos.
Alguém pode tentar responder dizendo que Deus só escreveria Sua Lei no coração daqueles que, primeiro, se dispusessem a Ele; todavia, isso contradiz o texto. Na passagem, o argumento é justamente este: que o Israel físico o havia rejeitado sob o Antigo Pacto, violando Suas Leis, mas que no Novo Pacto, Deus escreveria Sua Lei no coração dos eleitos. Em outras palavras, a ação pertence exclusivamente a Deus.
S. MATEUS 11.25,26. Encontramo-nos com Cristo durante oração que dirige ao Pai. Ele agradece o fato de que Deus, o Pai, não permitiu que “sábios e entendidos” compreendessem a mensagem do Evangelho, antes ocultou este conhecimento deles, enquanto revelou-o aos “pequeninos”. Não podemos fugir do significado do agradecimento de Jesus. Ele está dizendo que Seu Pai não quis que o Evangelho beneficiasse igualmente todas as pessoas, e Ele agradece a Deus por isso! Agora, veja: o termo Evangelho significa “Boas Novas”, ou “Boas Notícias” - é que Cristo veio ao mundo para levar sobre si o pecado do homem; entretanto, se Jesus diz que o Pai impede que muitos homens compreendam esta mensagem, significa que, para muitos, ou para alguns, jamais houve “Boas Novas”. Isto concorda perfeitamente com as palavras de Jesus em S. João 6.44: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer”.
Romanos 5.8; Galátas 3.13; II Coríntios 5.21. Todas estas passagens ensinam a mesma coisa sobre o Sacrifício de Cristo: que Ele ofereceu-se para morrer em nosso lugar, levando sobre Si a nossa culpa, pagando a Deus a nossa dívida. “Cristo morreu por nós”. “Fazendo-se maldição por nós”. “O fez pecado por nós”. Outras passagens dizem a mesma coisa: Cristo satisfez a Ira de Deus por nós; ou seja, ele ofereceu-se em nosso lugar. Cristo é, portanto, o nosso Substituto.
Significa, então, que Ele não pode ter oferecido-se no lugar de todos os homens, em todos os tempos, e em todos os lugares. Do contrário, devemos abraçar o Universalismo, e pregarmos que todo os homens serão salvos. Pois que, se Cristo pagou a dívida de todos os homens, todos os homens são aceitáveis diante de Deus, estão eternamente salvos. Porém, como sabemos que a Bíblia ensina que muitos não se salvarão, significa que Cristo não pagou a dívida de todos.
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É por isso que muitos arminianos gostam de usar a ilustração da conta bancária. Argumentam que Cristo teria feito um depósito no nome de cada ser humano, mas apenas aqueles que realizarem o saque serão salvos; ou seja, apenas aqueles que o aceitarem. Há vários problemas com esta ilustração.
Primeiro, a ilustração do “deposito bancário” contradiz a própria tese que pretende sustentar. Ainda que Cristo tivesse feito um depósito para cada ser humano, ainda é fato que nem todo ser humano fica sabendo de tal depósito, então, a ilustração falha em provar que Deus tenha desejado a salvação de todos os homens. Na verdade, a ilustração obriga seu autor a admitir que Deus fez depósitos inúteis.
Segundo, a Bíblia jamais coloca a obra de Cristo em termos de “possibilidade”, mas em termos de “fato”. Ou seja, a Bíblia jamais ensina que Cristo tornou a salvação possível para as pessoas, mas sim, que Cristo, na Cruz, realmente salvou pessoas. “E tudo isto provem de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo” (II Cor. 5.18). Deus não tornou a reconciliação possível, Ele nos reconciliou!
Terceiro, a Bíblia jamais coloca a obra de Cristo como sendo um “deposito” feito para o usou – ou não uso – do homem. Na verdade, a Escritura chama Cristo de nossa “propiciação”; ou seja, Cristo é a oferta entregue a Deus como pagamento por nós. Sendo que Deus, o Pai, aceitou a oferta de Cristo, nossa dívida está completamente paga. “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (I João 4.10). Por isso, ao morreu, Cristo exclamou: “Está consumado!” (S. JOÃO 19.30).
Observem, portanto, a importância de considerarmos adequadamente a natureza da Obra que Cristo realizou na Cruz do Calvário. Se acreditamos que Cristo, de fato, a oferta por nossos pecados, e se acreditamos quando as Escrituras dizem que muitos homens se perderão, não podemos afirmar que Cristo ofereceu-se por todos os homens. Sim, pois isto colocaria Deus, o Pai, na posição de alguém que ira condenar uma multidão pela qual Cristo já padeceu! Deus, então, estaria cobrando desse multidão, por toda a Eternidade, uma dívida que já foi paga! Tal ideia é completamente irracional...
Efésios 5.25 "Vós maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela"
ResponderExcluirEsse versículo já diz tudo!!!
Caro Marcelo, eu tenho algumas discordâncias sobre seu ponto de vista que peço que considere
ResponderExcluir1)A chance. Entendo que “chance” significa a possibilidade de algo acontecer. A expiação conceder uma possibilidade de salvação para todos nada tem a ver com todos terem a “mesma capacidade de se arrependerem e crerem em Jesus”. A situação do homem como sendo parcialmente ou totalmente depravado não é alterado pela expiação em si. A possibilidade que uma expiação universal abre é a de que todos podem ser salvos, não que todos tem a capacidade de receber a salvação.
2)Mateus 26:28. Esse texto pode ser melhor interpretado quando colocamos ao seu lado, para comparação, o texto paralelo de Lucas 22:20
"Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós".
Aparentemente o texto de Lucas reforça a interpretação particularista, mas quando ele é visto conectado ao versículo que o segue, o pronome "vós" encontra uma definição não-particularista.
"Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de VÓS. Todavia, a mão do traidor está comigo à mesa".
O que é claro é que o pronome "vós" se refere diretamente a audiência com que Cristo fala. Se Ele está entre doze pessoas e diz "vós", não há como isso se referir a apenas onze, a não ser que declare uma explícita exceção, mas Ele não fez isso. Textualmente não há como não ler aqui que o sangue de Cristo foi derramado por Judas.
3)A Substituição de Cristo. A idéia de que se Cristo pagou por todos os pecados então todos devem ser salvos parte de uma compreensão pecuniária da expiação, a qual distorce o sentido, pois a mesma é penal. Nas palavras de Charles Hodge
“Não há graça em aceitar uma pecuniária satisfação. Ela não pode ser recusada. Ela libera ipso facto. No momento em que o débito é pago o devedor é livre; e sem qualquer condição. Nada disso é verdade no caso de uma satisfação judicial. Se um substituto for provido e aceito isso foi matéria de graça. Sua satisfação não libera ipso facto. Ela pode ocorrer para o beneficio daqueles por quem é feita de uma vez ou em um período remoto; completamente ou gradualmente; sobre condições ou incondicionalmente; ou ela pode nunca beneficiar a eles de qualquer maneira a não ser que a condição, sobre a qual a aplicação está suspensa, seja atendida. Esses fatos são universalmente admitidos por aqueles que defendem que a obra de Cristo foi uma satisfação verdadeira e perfeita da divina justiça”
4)Deus não tornou a reconciliação possível, Ele nos reconciliou. O próprio texto de onde você tira essa conclusão discorda de você. Ele não apenas diz “...Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo...”, mas prossegue dizendo “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus”. Ao mesmo tempo que é dito que somos reconciliados com Deus, é afirmado que o mundo foi reconciliado na Cruz, e que há alguns que ainda não foram reconciliados para quem nós devemos proclamar “vos reconcilieis com Deus”. Em suma, há uma reconciliação objetiva para o mundo todo e uma para ser recebida particularmente, a reconciliação subjetiva.
5)Cristo, na Cruz, realmente salvou pessoas. Se isso fosse verdade nós não seriamos justificados pela fé (Rm 5:1), mas teríamos nascido em um estado já justificado.
6)a Bíblia jamais coloca a obra de Cristo como sendo um “deposito”. A negação de uma provisão propiciada pela expiação, ainda que somente pelos eleitos, implica no ponto anterior, isto é, numa negação da justificação pela fé.
Você sabe do posicionamento dos teólogos da Igreja Anglicana em Dort?
Querido Ermerson Campos;
ResponderExcluirEstou viajando, dai a demora em publicar seu comentario. Estarei lhe respondendo assim que puder. Obrigado por participar!
Paz e bem