A eficácia do Batismo: extratos do pensamento de Calvino
1] Aqui, de fato, eles revelam a sua impiedade, não só de forma mais clara, mas também mais grosseiramente. O instrumento de opus operatum é recente, e foi inventado por monges analfabetos, que nunca aprenderam nada da natureza dos Sacramentos. Porque nos sacramentos só Deus propriamente age; os homens não trazem nada de si mesmos, mas se aproximam para receber a graça que lhes é oferecida. Assim, no Batismo, Deus, nos lava pelo sangue de seu Filho e nos regenera pelo Espírito, na Ceia, nos alimenta com a carne e o sangue de Cristo. Qual parte do trabalho o homem pode reinvindicar, sem blasfêmia, enquanto o todo parece ser da graça? O fato da administração ser cometida aos homens, não derroga mais da operação de Deus do que a mão derroga do artífice, uma vez que só Deus age por eles, e realiza o todo. Calvin, Selected Works, vol, 3, p., 176.
2] Então a Escritura encontra ocasião para exortação em todos os benefícios de Deus que se lista para nós, e nas individuais partes de nossa salvação. Uma vez que Deus se revelou Pai para nós, nós provaríamos nossa ingratidão para Ele se nós não, por sua vez, nos mostrarmos seus filhos [Malaquias 1:6; Efésios 5:1, 1 João 3:1]. Uma vez que Cristo nos purificou com a lavagem de seu sangue, e concedeu essa purificação por meio do batismo, seria inconveniente nos sujarmos com novas contaminações [Efésios 5:26, Hebreus 10:10, 1 Coríntios 6:11, 1 Pedro 1: 15,19]. Visto que que Ele nos enxertou no Seu corpo, nós precisamos tomar especial cuidado especial para não desfigurar a nós que somos seus membros, com qualquer mancha ou nódoa [Efésios 5:23-33, 1 Coríntios 06:15, João 15:3-6] . Calvin, Institutes 3.6.3. * ver br 1
3] Por que nós somos batizados, a não ser para ser lavados de todas as nossas manchas, para que possamos ser puros e limpos diante de Deus, para que possamos ser membros de Jesus Cristo, para que possamos ser revestidos de sua justiça, e (em resumo) para que possamos ser renovados pelo Espírito Santo? Agora, repousa no homem mortal que nos batiza, nos conceder todas essas coisas? Não, se nós considerarmos ele como como um homem em sua própria peculiar pessoa. Mas é estabelecido que é a vontade de Deus que os ministros da sua palavra devem batizar em seu nome: o batismo precisa ter aquela virtude, não obstante ser transmitida pela mão de um homem.Calvin, Sermons on Deuteronomy, Sermon 16, Deut 3:12-22, p., 93.
4] Novamente, nós vemos que Deus está contente com algumas cerimônias. Pois não é sua vontade que nós tenhamos mais enfeites, luzes, perfumes, bolos, sacrificios de animais, nem outras coisas tais como essas; mas sua vontade é que em nosso batismo, nós tenhamos tal segurança de nossa lavagem e purificação pela graça que é adquirida por nós em nosso Senhor Jesus Cristo... Calvin, Sermons on Deuteronomy, Sermon 82, Deut 12:8-14, p., 505.
5] Nós temos neste dia os Sacramentos. De fato, nós não temos uma grande multidão, como os pais tinham, pois eram mais do que precisamos, porque nós temos a substância de todas as velhas sombras, nosso Senhor Jesus Cristo. Mas apesar de tudo isso, Deus ainda hoje se aplica à nossa rudeza por Seus sacramentos. Na água do batismo, nós temos um testemunho de que nós somos lavados e purificados, e que nós somos renovados pelo Espírito Santo. Agora, então, nós não devemos devanear sobre a água, mas quando vermos o sinal visível, nós devemos subir ao alto, e entender, que Deus realiza a coisa na verdade, que é significada para nós pelo sacramento visível. Calvin, Sermons on Deuteronomy, Sermon 174, Deut 30:9-14, p., 1081.
Fonte: http://calvinandcalvinism.com/?p=87.
6) O Batismo representa em particular duas coisas: a purificação que obtemos pelo sangue de Cristo, e a mortificação de nossa carne que obtivemos por sua morte. O Senhor mandou que os seus se batizem para remissão dos pecados. E são Paulo ensina que Cristo santifica pela Palavra de vida e purifica pelo Batismo de água a Igreja da qual Ele é o Esposo. São Paulo ensina também que somos batizados na morte de Cristo sendo sepultados em sua morte para andar em novidade de vida. Isto não quer dizer que a água seja a causa, nem sequer o instrumento da purificação e da regeneração, senão só que recebemos neste Sacramento o conhecimento de estes dons. Se diz que recebemos, obtemos e confessamos o que acreditamos que o Senhor nos dá, já seja que conheçamos estes dons pela primeira vez ou que, conhecendo-os de antes, nos persuadamos deles com maior certeza. O Batismo serve também a nossa confissão diante dos homens, pois é um sinal pelo qual, publicamente, fazemos profissão de nosso desejo de formar parte do povo de Deus, para servir e honrar a Deus numa mesma religião com todos os fiéis. E por quanto a aliança do Senhor conosco é principalmente confirmada pelo Batismo, por isso com toda razão batizamos também os nossos filhos, pois participam da aliança eterna pela que o Senhor promete que será não só nosso Deus, senão também o de nossa descendência.
Fonte: João Calvino. Breve Instrução Cristã, pag 33. Disponibilizado na SolideoGloria – Biblioteca Evangélica Virtual.
Versões Publicadas em Português dos Textos Citados:
br 1) Além disso, a Escritura toma matéria de exortação de todos os benefícios de Deus que nos rememora e de cada elemento de nossa salvação: visto que Deus nos é exibido por Pai, seríamos acusados de extrema ingratidão, a não ser que, de nossa parte, sejamos exibidos como seus filhos [Ml 1.6; Ef 5.1; 1Jo 3.1]; visto que Cristo nos purificou pela lavagem de seu sangue e nos comunicou esta purificação mediante o batismo, não é consentâneo que nos poluamos de novas imundícies [1Co 6.15; Ef 5.26; Hb 10.10; 1Pe 1.15-19]; visto que nos enxertou em seu corpo, é indispensável que, a nós que somos membros seus, nos guardemos diligentemente para que não nos respinguemos de qualquer mancha ou nódoa [Jo 15.3-8; Ef 5.27]; Institutas Edição Clássica. Editora Cultura Cristã.
Publicado originalmente em Morto Por Amor, divulgação: Olhar Reformado.
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