Ellen White: o Domingo contra sua inspiração

Por Marcelo Lemos

Nota: para saber a visao protestante (reformada) sobre o Quarto Mandamento, clique aqui.

Ao que me parece, devido a várias consultas pessoais a amigos adventistas, há uma certa variedade de pensamento a respeito do dom profético atribuído a Sra. White dentro do adventismo. Trata-se de um paradoxo muito interessante. Por um lado, nos é passada a ideia de que White foi profeta inspirada por Deus, e colocada por Ele como um tipo de “profeta do fim”, ou profeta para “o povo remanescente”. Tal entendimento é tão significativo, que o “povo remanescente” é identificado como aquele que possui “o espírito de profecia”, que por sua vez é atribuído ao dom profético de Ellen White. Segundo tal linha de raciocínio, conclui-se que a Igreja Adventista é o “povo remanescente”, e que a prova dessa alegação é Ellen White, ou seja, o “espírito de profecia”.

Entretanto, há outros lados nessa história. Em minhas consultas e debates com adventistas, já encontrei afirmações que tentam relativizar tais afirmações sobre “espírito de profecia” e “povo remanescente”. Já ouvi, inclusive, alguém me dizer que fazia uso das obras de Ellen White, do mesmo modo que eu, cristão reformado, faço uso dos escritos de João Calvino.

Me parece, todavia, tarefa hércula tentar relativizar afirmações que são feitas, em caráter oficial, a respeito da autoridade profética da Sra. White. A seguir listarei alguns exemplos:

Ellen White morreu no dia 16 de julho de 1915. Por 70 anos ela apresentou fielmente as mensagens que Deus lhe deu para seu povo” (Quem foi Ellen White; do portal Ellen White Books). Eis aqui uma afirmação impossível de se relativizar. A Sra. White é apresentada como “fiel mensageira” de Deus, tendo recebido dele a tarefa de entregar mensagens “para seu povo” - o que afirma-se ter sido feito integralmente. Se devemos levar tal afirmação a sério, implica que os adventistas admitem que os escritos de Ellen White são inspirados e fiéis ao que Deus lhe revelou e, portanto, infalíveis. Tal interpretação não é minha, mas assumida por grandes apologistas de Ellen White, como veremos na citação a seguir:

O 'Espírito de Profecia' é o que, segundo as Escrituras, a par com a guarda dos mandamentos de Deus, seria o característico da igreja remanescente... Este dom consiste precipuamente em dar ao povo de Deus mensagens diretas e específicas, traçando-lhe normas e diretrizes, dando-lhe orientação e instruções especiais... Os testemunhos orais ou escritos da Sra. White preencem plenamente este requisito, no fundo e na forma. Tudo quanto disse e escreveu foi puro, elevado, cientificamente correto e profeticamente exato(CHRISTIANINI, Arnaldo B., Subtilezas do Erro, Casa Publicadora Brasileira).

E o senhor Christianini, seguro de suas convicções, e depois de afirmar que nenhuma critica jamais prevaleceu contra tais escritos, lança o desafio: “Os seus escritos, agora vertidos em quase todos os idiomas, aí estão a desafiar a critica honesta”.

Natural que, dada tais assertivas, todos os olhares se fixem na exatidão das revelações da Sra. White. Natural também que posições em conflito com tais assertivas, oriundas do próprio seio adventista, nos causem estranheza. Ainda mais quando tais “conflitos” nascem da pena de fervorosos apologistas do adventismo. É o caso de Samuele BacchiocChi, que nos diz: “Eu discordo de Ellen White, por exemplo, quanto a origem do Domingo. Ela ensina que nos primeiros séculos todos os cristãos observavam o Sábado, e que graças aos esforços de Constantino que a guarda do Domingo foi adotada pelos cristãos, já no Século IV. Minha pesquisa mostra o contrário... Eu situo a origem da guarda dominical no tempo do Imperador Adriano, em 135 d.C.” (BACCHIOCCHI, Samuele; em e-mail enviado ao “Catholic Free Maing List”, 08 de Fevereiro de 1997).

E, para que ninguém pense que o e-mail acima é forjado, citamos ainda as palavras de Alberto R. Timm, em estudo publicado no portal adventista Centro White: “A tese doutoral de Samuele Bacchiocchi,... demonstra “que a adoção do domingo em lugar não ocorreu na primitiva Igreja de Jerusalém, por virtude de autoridade apostólica, mas aproximadamente um século depois na Igreja de Roma (Do Sábado para o Domingo, Centro White).

Acredito que Bacchiocche, por seu comprometimento com a causa adventista, nos serve como testemunha insuspeita contra a exatidão dos escritos da Sra. White; e, certamente, enquadra-se naquilo que o senhor Christianini queria dizer por “critica honesta”. Um critica honesta, que vai de encontro ao conteúdo da revelação dada a Sra. White. Ao relatar o que lhe fora revelado em uma visão ocorrida em 27 de Junho de 1850. Esta e outra visões estão registradas na obra “Primeiros Escritos”, disponível no Ellen White Books. Na visão que temos em mente, na qual, novamente junto a seu “anjo acompanhante”, ela diz “Roma mudou o dia de repouso do sétimo para o primeiro dia da semana. Ele imaginou mudar o próprio mandamento que foi dado para levar o homem a lembrar-se do seu Criador. Pensou em mudar o maior mandamento do Decálogo e assim fazer-se igual a Deus, ou mesmo exaltar-se acima de Deus... o Papa exaltou-se acima de Deus”.

Vale observar que tais palavras não são a opinião da Sra. White, mas sim, o conteúdo da revelação que lhe estava sendo dada; imediatamente após ele conta que suplicou “diante do anjo para que Deus salvasse seu povo que se havia desviado”. A tese de White é que, “nos primeiros séculos o verdadeiro sábado era guardado por todos os cristãos”, e que mesmo após o decreto de Constantino “muitos cristãos tementes a Deus... mantinham o verdadeiro sábado como o dia santo do Senhor, e observavam-no em obediência ao quarto mandamento” (WHITE; Ellen G.; 'O Grande Conflito', pg. 52, Ellen White Books). Como vimos, tal tese não pose ser sustentada, o que reconhece até mesmo afamados apologistas da causa adventista.

O registro bíblico e da história da Igreja facilmente nos mostra que a Igreja de Cristo adorava ao Senhor no “primeiro dia da semana”, tido como “o Dia do Senhor”, cuja escrita em grego originou o termo “domingo”.

Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei as Igrejas da Galácia: no primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam coletas quando eu chegar” (I Coríntios 16.1,2). Os adventistas alegam que este texto ordena que tal coleta fosse feita “no primeiro dia da semana”, apenas visa evitar que Paulo perdesse tempo fazendo tais coletas ao chegar na cidade! Evidentemente Paulo queria evitar a perda de tempo com coletas feita em cima da hora, mas isso não explica a ordem de que tal coleta fosse feita no primeiro dia da semana, exatamente! Isso também não explica o fato de que, segundo Paulo, esta mesma ordem foi dada a todas as Igrejas da Galácia: “o mesmo que ordenei as Igrejas da Galácia”!

A única explicação possível aqui é, no primeiro dia da semana, a Igreja ajuntava-se, solenemente, para o culto prestado ao Senhor, no qual se realizava a comunhão eucarística: “E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos PARA partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles, e prolongou a prática até a meia-noite” (Atos 20.7). Interessante observar, que na exegese adventista, o motivo de terem se reunido no “primeiro dia da Semana”, foi a viagem de Paulo, que aconteceria no dia seguinte. No entanto, o texto deixa bem claro que eles se reuniram para “partir o pão”, e que a viagem de Paulo é citação meramente acidental. Ou seja, estando todos reunidos, no primeiro dia da semana, PARA partir o pão, ficaram ouvindo o discurso prolongado de Paulo, que haveria de viajar no dia seguinte. Este é o claro sentido natural do texto, inaceitável para a exegese adventista.

Fora tão claro testemunho bíblico, a favor da observância do dia da Ressurreição de Cristo, a profetiza do movimento adventista ainda precisa lidar com o testemunho amplo presente na História da Igreja: Didaque, Barnabé, Plínio, Justino, Clemente, etc.

A inexatidão da revelação da Sra. White concernente a quem mudou o dia de guarda cristão, é apenas uma dentre as provas que poderíamos listar contra a alegação dela ter sido uma profeta inspirada, fiel. E ainda mais necessário dizer: sua inexatidão prova que o povo adventista, ainda que afirme apegar-se ao princípio do Sola Scriptura, perigosamente alinha-se ao que foi escrito por Ellen G. White, assumindo o pressuposto de que mesma é portadora de uma “mensagem fiel” para a igreja dos últimos dias.

Num próximo artigo, que pretendemos terminar neste período de férias (minha família e eu estamos em viagem), abordaremos as visões da Sra. White a respeito do Ecumenismo – que tanto são usadas como prova de sua inspiração – demonstrando que, também estas, depõem contra a sua fidelidade como mensageira do Senhor.

11 comentários :

  1. bacchiocci atirou no pé... tenho algumas postagem sobre isso:
    http://mcapologetico.blogspot.com/2011/01/o-dr-bacchiocchi-calou-boca-de-ellen.html
    e sobre o domingo eu achei que já havia postado, mas ainda não.Mas está pronto em algum estudo pessoal, kkk
    Ele para salavar op pescoço dele ou de Ellen White negou a inerrância bíblica:
    http://mcapologetico.blogspot.com/2011/03/o-adventismo-nega-inerrancia-biblica.html

    Marcelo, obviamente terei que reproduzir esse aqui também: 'A repetição é a mãe da retenção'...abraços

    ResponderExcluir
  2. Dois sermões sobre "O Dia do Senhor". Pregado pelo Augustus Nicodemus na Primeira igreja de BH

    Exposição em João 4.19-24
    Exposição em Êxodo 20.1-11
    http://bit.ly/fZ4LP9

    ResponderExcluir
  3. Prezado Pr., a Paz de Cristo.
    O Sr. Poderia me enviar algum registro histórico, antes de 135 d.C, que mostre os cristãos guardando o dia de domingo como dia sagrado.

    Obrigado.

    Ricardo.
    meu email: ricardovictal@yahoo.com.br

    ResponderExcluir
  4. Gostaria de ver textos na Bíblia Sagrada alguma menção a guarda do domingo. O sábado não salva ninguém, mas deve ser observado, pois o Senhor não muda. Tradições de homens mudam. Suplique ao Espírito revelações comcernentes a este assunto. Não deixe tradições humanas tomar conta de sua mente tão sábia.

    ResponderExcluir
  5. Anonimo;

    Obrigado por sua visita. Veja, que os cristãos observavam o Domingo como um dia para a Eucaristica (partir o pão) é fato bem reconhecido desde sempre - quem nega tem o onus da prova. O mesmo fato é bem documentado na Patristica.

    NO entanto, mesmo que isso não fosse verdade, ainda assim Ellen White TERIA ERRADO, já que o próprio Adventismo ADMITE HOJE que não foi Constantino quem inseriu a guarda do Domingo na Liturgia Cristã.

    Abraços Reformados.

    ResponderExcluir
  6. prezado Pastor Marcelo Lemos
    Não existe na Santa biblia um único texto que fundamente o domingo como dia de adoração ao SENHOR.No entanto quanto ao dia de Sabado,dia em que DEUS descansou, abençoou e SANTIFICOU(pode o homem mudar o que DEUS santificou?)como sabe bem , não faltam textos a fundamentar o verdadeiro dia de adoração, ou seja o SANTO dia de SABADO.Quero dizer-lhe que sou Adventista do Sétimo Dia,um estudante vivamente interessado no estudo das Sagradas Escrituras e crendo na segunda vinda do SENHOR JESUS cujos sinais dos tempos descritos pelo próprio SENHOR JESUS APONTAM PARA MUITO EM BREVE conforme a Santa Biblia narra.Quanto a Ellen White(não existe igreja whitista)ela declarou que a unica regra para a vida do cristão é a SANTA BIBLIA.
    Abraço em CRISTO

    António Santos

    ResponderExcluir
  7. Olá Pr.Marcelo Lemos..
    Concordo plenamente com meu irmão na fé "anonimo', tb sou ADVENTISTA DO SETIMO DIA,e ñ somos uma igreja whitista, mas sim a igreja remanescente que aguarda a volta do Nosso Senhor...e me desculpa a sinceridade ,mas o senhor como pregador do evangelho deve saber perfeitamente que após sua ressureição Cristo ainda ficou varios dias junto com os discipilos preparando-os para anunciar o evangelho por todo o mundo, então pq o proprio Jesus, ñ falou claramente que com a sua ressureição o dia de guarda havia sido alterado para o domingo?
    pelo contrario Ele mesmo, continuou guardando o Sábado...Você citou a noite em que Paulo, precisou continuar pregando até a meia noite(unico texto que costumam utilizar para justificar Paulo "guardando" o domingo), mas se esqueceu dos 84 sabados que Paulo e outros discipulos guardaram, citados no livro Atos..diante disso por que ainda insistem em dizer que o domingo é o dia de guarda..sendo que nem Jesus disse isso, o senhor acredita que Ele sendo o Filho de Deus iria esconder isso de sseus seguidores?Por qual motivo Jesus ñ iria revelar a mudança do dia de guarda, apenas para deixar seus filhos confusos?E tb ñ iria Ele contra as proprias Escritura pois em Malaquias 3:6 Ele diz ser o Senhor, e ñ muda...Tb esta escrito nas Escrituras em Apoc. 22:18-20 que nada deve ser retirado, nem acrescentado, pois quem asim fizer terá sua parte retirada da arvore da vida.Isso ñ seria contraditoria para Nosso Senhor, falar uma coisa mas fazer outra?
    Uma pergunta que gostaria que o sr. me respondesse, o sr. sendo o ministro do evangelho guarda o domingo corretamente? pois sim, se vcs afirmar que esse é o dia de guarda, porque continuam tratando esse dia como outro qualquer, afinal, vcs compram, vendem, fazer coisas de interesse pessoal, até trabalham no domingo, dia que teria que ser "santo" para vcs..falo isso pq pertencia a religião catolica, e sei como é realizada essa "guarda", e convivo com pessoas d ediversas denominações que até em festas vão no dia "santo", ou seja domingo...estranho este tipo de quarda ñ acha?
    Pense nisso pastor...

    ResponderExcluir
  8. Bem, pelo visto o objetivo do pastor é desacreditar o ministério de Ellen G. White e em anexo validar a guarda do domingo. Li o artigo e gostaria de fazer algumas observações:
    No décimo parágrafo do artigo em voga o autor comenta que White (no mínimo é o que se tenta passar), que ela errou em seu comentário porque não foi Constantino que mudou o sábado para o domingo como dia de repouso e para isso o senhor Gonçalvez usou um teólogo adventista e seu comentário infeliz para dar sustentação a sua afirmativa. É interessante que na mesma página 52 do livro "O Grande Conflito" que o senhor Gonçalvez usa para fazer uma citação, White mostra que o sábado não foi mudado de um dia para o outro. Se lermos a página toda vamos perceber que o que ela dá a entender é que a apostasia não só da adoração de imagens como da mudança do sábado para o domingo foi algo gradativo, exatamente como o senhor Bacchiocchi apresenta em sua tese doutoral. Na página 53 do mesmo livro "O Grande Conflito" ela fala de fato que: "Na primeira parte do século IV, o imperador Constantino promulgou um decreto fazendo do domingo uma festividade pública em todo o Império Romano". Algo confirmado pela história (Codex Justinianus, livro 3, tít. 12, parágrafo 2) ela não diz que Constantino simplesmente do nada muda o dia de repouso do sábado para o domingo (se assim ela falasse teria errado), ele simplesmente ratifica algo que já vinha sendo mudado, ou seja, ela não ERROU como diz o autor. Muitos adventistas mal informados erram em dizer que foi Constantino que mudou, ele ratificou uma apostasia que já vinha sendo introduzida há muito tempo no seio da igreja. Devo lembra que um erro nunca é introduzido entre o povo de Deus do dia pra noite, é um processo paulatino de concessões até total rebelião/apostasia, era assim que acontecia com o povo de Israel no passado. Portanto, Ellen White não disse que foi Constantino que do nada mudou (contra isso que Bacchiocchi fala) ele oficializou/promugou em sua época o que já havia sido alterado com o passar do tempo. Infelizmente o comentário do senhor Bacchiocchi acaba colocando palavras que a senhora White não disse.

    Outro típico erro é a afirmação de que "o livro do Apocalipse chama o primeiro dia da semana" de Dia do Senhor (Ap 1:10). Essa afirmação não pode ser suportada pelo uso da frase no NT ou literatura contemporânea, ou seja, a primeira designação clara do domingo como "dia do Senhor" ocorre no final do segundo século no Evangelho apócrifo de Pedro. Este uso não pode ser legitimamente atribuído a Apocalipse 1:10. Uma das principais razões é que se o domingo já havia recebido a denominação nova de "dia do Senhor" até o final do primeiro século, quando o Evangelho de João e o livro do Apocalipse foram escritos, por coerência esperaríamos que este novo nome para o domingo, fosse usado consistentemente em ambas as obras, especialmente por estes dois livros terem sido aparentemente, produzido pelo mesmo autor em aproximadamente o mesmo tempo e na mesma área geográfica. Se a nova designação "dia do Senhor" já existia até o final do primeiro século, e expressava o significado e natureza do culto cristão no domingo, João não teria motivos de usar a frase judaico "primeiro dia da semana" em seu Evangelho e no Apocalipse "dia do Senhor". Portanto, o fato de que a expressão "dia do Senhor" ocorre no livro apocalíptico de João, mas não no seu Evangelho, onde o primeiro dia é mencionado explicitamente em conjunto com a ressurreição (João 20:01) e as aparições de Jesus (João 20:19, 26) sugere que o "dia do Senhor" de Apocalipse 1:10 dificilmente pode se referir ao domingo. (BACCHIOCCHI, Samuele. Do Sábado para o Domingo, pp 111-131).

    Continua...

    ResponderExcluir
  9. Continuação...

    Em relação a 1 Coríntios 16:2 o autor dá a impressão que só os adventistas interpretam essa passagem assim, no entanto, existem outros teólogos não adventistas que também têm o mesmo ponto de vista: Floyd V. Filson e James Reid, H.D.M. Spence e Joseph S. Exell, William F. Orr e James A. Walther, Archibald T. Robertson entre outros.
    E de fato não há nada no versículo (1 Cor. 16:2) que remotamente sugira que há algo de sagrado no primeiro dia da semana. A preocupação do apóstolo era que todos os crentes adotassem o princípio de ser sistemáticos em suas oferendas (2 Cor. 9:4 ele expressa a mesma preocupação), pois se assim o fizessem haveria abundantes recursos para levar rapidamente a mensagem de salvação ao mundo.

    Já em relação a Atos 20:7, mais uma vez o autor dá a entender que somente os adventistas interpretam que o motivo da reunião no "primeiro dia da Semana" em Trôade, foi a viagem de Paulo. Gostaria de listar comentaristas não adventistas que estão de acordo com essa interpretação: Augusto Neander, Charles John Ellicott, Meyer, Williston Walker, Conybeare and Howson, Archibald Thomas Robertson, o próprio reformador João Calvino, Dr. Horácio B. Ackett, Prof. McGarvey, W. Robertson Nicoll, G T. Stockes, W. E. Allen, entre outros.
    É no mínimo ingenuidade afirmar que Lucas, sendo gentio e escrevendo a outro gentio, se tivesse valido do sistema romano de marcação de tempo. Os evangelhos sinóticos referem-se ao sistema judaico, ainda vigorante em seus dias. E Lucas também. Vamos ver primeiramente no seu Evangelho dirigido ao mesmo Teófilo o que é dito:
    S. Luc. 2:8 – "vigílias da noite" (não havia tal entre os romanos)
    S. Luc. 4:40 – "pôr-do-sol"
    S. Luc. 23:44 – "hora sexta" (meio-dia entre os romanos) e também "hora nona" (3 horas entre os romanos).
    S. Luc. 24:29 "é tarde e já declina o dia" (referência clara ao pôr-do-sol).
    Há também em Atos dos Apóstolos:
    Atos 2:15 – "hora terceira" (9 horas entre os romanos)
    Atos 3:1 – "hora nona" (15 horas)
    Atos 10:3 – "hora nona"
    Atos 10:9 – "hora sexta" (meio-dia)
    Atos 23:23 – "hora terceira" (21 horas) da noite. Cláudio Lísias não mandaria escoltar Paulo às três da madrugada...
    Lucas não se valeu da contagem romana.
    Quanto ao "partir o pão" há divergências de interpretação, sendo temerária a afirmação de que se tratasse da Santa Ceia. Este "partir o pão" era um ato que os cristãos primitivos praticavam diariamente (Atos 2:46), e não apenas no primeiro dia da semana, como se pretende insinuar.

    Quero constar também, que nós adventistas do sétimo dia não buscamos na tradição da igreja fundamento para as nossas crenças. Buscamos e acreditamos num "assim diz o Senhor", ou seja, Sola Scriptura e Tota Scriptura são a base de nossa fé.

    Que Deus abençoe a todos!

    ResponderExcluir
  10. E outra coisa, o texto que você citou de Ellen White não tem nada de visão. É a própria opinião dela.
    http://text.egwwritings.org/publication.php?pubtype=Book&bookCode=PE&lang=pt&pagenumber=65

    Não distorça os fatos, meu amigo !

    ResponderExcluir
  11. ????????????????????????????? Que fatos!?!?!?

    ResponderExcluir

Comente e faça um blogueiro sorrir!

Reservamos o direito de não publicar comentários que violem a Lei ou contenham linguagem obscena.