Deus não está calado!


Deus é incrível! Em nenhuma época e em nenhum lugar ele fica calado. As primeiras palavras da Epístola aos Hebreus lembram esse fato: “Há muito tempo Deus falou “muitas vezes” e de “várias maneiras” aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho” (Hb 1.1-2).

Na época em que, pela primeira vez na história, a perversidade humana atingiu o seu ápice, enchendo a terra de violência e corrupção, provocando o juízo de Deus por meio do dilúvio provavelmente universal, surgiu no meio da multidão um pregador, mensageiro ou arauto da justiça chamado Noé (2Pe 2.5), “o único homem que falava a favor de Deus” (paráfrase da Bíblia Viva).

Essa questão em torno do não-silêncio de Deus é tão importante que numa ocasião Jesus explicou que, não havendo quem fale, “as próprias pedras clamarão” (Lc 19.40).

Numa Europa reconhecidamente pós-cristã (ou neopagã), é extraordinário e profundamente alentador reconhecer que é de lá que estão saindo as vozes mais evangelicais de todo o mundo no presente momento de anarquia moral, confusão religiosa e superficialidade teológica. Para sermos mais exatos, essas vozes estão saindo da velha Inglaterra, cujos templos há muito tempo estão se transformando em restaurantes, clubes, museus e mesquitas. Mais extraordinário e alentador ainda é o fato de que as vozes estão saindo do anglicanismo, o ramo protestante mais ecumênico, mais ritualista e um dos mais atingidos pelo liberalismo ético e teológico. E essas vozes são autênticas e despidas de legalismo, farisaísmo, fundamentalismo, denominacionalismo, literalismo e arrogância teológica. Não são vozes luteranas, reformadas, presbiterianas, batistas, metodistas ou assembleianas, mas anglicanas. Ainda que Deus tenha falado muitas vezes e com sucesso por meio de pessoas de pouca cultura formal e pouco reconhecimento na sociedade de seu tempo, as vozes que vêm da Inglaterra são de pessoas que gozam de grande reputação tanto no Reino Unido como no restante do mundo.

Para reforçar as convicções cristãs às vezes colocadas de molho ou encostadas num canto do cérebro e das emoções, para criar as certezas básicas para quem não tem e nunca teve certeza alguma, para alimentar e nutrir a alma que sofre de anorexia espiritual e para encher o púlpito vazio e renovar o entusiasmo daqueles que “falam a favor de Deus” -- o leitor encontrará na matéria de capa desta edição uma seleção de pronunciamentos dos mais notáveis escritores anglicanos do final do século passado e do início deste século: C. S. Lewis, John Stott, J. I. Packer e N. T. Wright (em ordem de nascimento). O único que já morreu é C. S. Lewis. A limitação de espaço não permite a inclusão de outros autores anglicanos, como Michael Green e Alister McGrath (o mais novo de todos).

Os pronunciamentos estão agrupados por assunto. Escolhemos os temas mais importantes (o entusiasmo por Jesus Cristo e o sacrifício expiatório de Jesus), os temas de mais difícil aceitação (a existência do Diabo e do inferno e a questão da promiscuidade sexual) e o tema mais desafiador (a virtude da humildade).

Os anglicanos evangelicais ao redor do mundo, com razão descontentes com certos setores da Comunhão Anglicana, não precisam necessariamente aceitar o convite do papa Bento XVI para unirem-se à igreja de Roma. Se eles não conseguem sobreviver e testemunhar nas alas mais liberais de sua denominação, que se transfiram para as alas mais evangelicais do anglicanismo.

A mesa está posta e farta. Sirva-se à vontade!

Extraído da Revista Ultimato. Acesse o link para inteirar-se mais do assunto.

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