Ecologia sob a ótica da Teologia do Reino!
Rev. Marcelo Lemos
Hoje, 22 de Abril,
comemora-se o Dia da Terra. Se por um lado o “discurso verde” foi
sequestrado pela ideologia marxista, a ponto de alguns acusarem
ambientalista de promoverem o verde como “a nova cor do comunismo”,
por outro, o fato é que a Igreja de Cristo tem a responsabilidade de
cuidar de toda a Criação, como dispenseira que é dos bens que tem
herdado. Ainda que não seja minha intenção escrever um ensaio
sobre o tema, coloco neste breve artigo algumas referências
bíblicas, seguidas de comentários para a nossa reflexão nessa data
tão importante.
Teologia do Reino, a
Teologia da Esperança
O Reino de Cristo está
entre nós. E não existe qualquer atrito entre a obra Salvadora de
Cristo, com sua obra de Restauração de todas as coisas, incluindo a
criação, “ao qual convém que o céu receba até os tempos da
restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca dos
seus santos profetas, desde o princípio” (Atos 3. 21).
Naturalmente, a restauração completa apenas se dará na Eternidade,
mas isso não anula o fato de que o reino de Cristo, assim como o
fermento colocado numa massa, realiza seu trabalho progressivo desde
já (S. Mateus 13. 33).
A obra de Cristo não
visou exclusivamente a restauração do homem, mas também de toda a
Criação. “Fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade,
segundo seu beneplácito, que nele propôs para a dispensação da
plenitude dos tempos, de fazer convergir em Cristo todas as coisas,
tanto as que estão no céu como as que estão na terra” (Efésios
1. 9,10). Assim como o objetivo de Cristo é restaurar o homem a sua
condição original, no Édem, o mesmo vale para o restante da
Criação. Infelizmente, parece que muitos cristãos imaginam que
Deus simplesmente abandonará esse Planeta ao caos, desistindo
completamente de seu plano original.
Sabemos que por causa
do pecado de Adão, a humanidade se viu afastada da divindade, e
impotente. Sua glória original foi perdida (Gênesis 3.7-10). De
modo semelhante, a Criação que era “boa” aos olhos de Deus,
também foi contaminada pelo pecado, convertendo-se num campo de
suor, espinhos, cançaso, e, principalmente, de morte (Gênesis 3.
17-19; Isaías 24. 1-6; Romanos 5.12). Do paradisíaco Jardim
localizado no lugar chamado Éden, foi o homem expulso, e Deus tomou
todas as providências para que ele não pudesse retornar...
Parecer ser um fim
desastroso, não? E é. Porém, o próprio Deus já provera uma
solução maravilhosa. Ainda no Jardim, houve a primeira profecia a
respeito de Cristo, Aquele que seria ferido pela Serpente, mas a
venceria esmagando “sua cabeça” (Gênesis 3. 15). Esse Vencedor
maravilhoso nasceria de uma mulher... E a vitória de Cristo só pode
ser completa! S. João nos escreve, por exemplo, que “Para isso o
Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do Diabo” (I S.
João 3.8). Por isso, não só o homem, mas os demais seres, recebem
os benefícios do Calvário, diz S. Paulo: “Porque a criação
aguarda com ardente expectativa a revelação dos filhos de Deus.
Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade,
mas por causa daquele que a sujeitou, nas esperança de que também a
própria criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção,
para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Romanos 8. 19-21).
Mais uma vez,
certamente a restauração definitiva será na Eternidade, no
entanto, a glória dos filhos de Deus já começa a ser restaurada
desde agora; ou não? Por qual razão a glória da criação deve ser
ignorada, especialmente pela Igreja? Na linguagem bíblica, a própria
salvação dos eleitos é um evento definitivo, progressivo e final.
Parece complicado? Na verdade é bem simples, desde que a gente não
tenha medo de levar a sério o linguajar das Escrituras. Nossa
salvação é definitiva, pois é imutável, fato consumado. Ela é
progressiva, pois ainda estamos sujeitos a corrupção da nossa
própria natureza, e as investidas do Tentador. E ela é também
final, pois um dia nossa jornada terá fim, e nossa luta terminará,
como Ele é, nós também seremos. Por isso, a Bíblia diz que fomos
salvos (passado), “que nos salvou, e nos chamou com uma santa
vocação” (I Timóteo 1. 9); que estamos sendo salvos (presente),
“efetuai a vossa salvação, com temor e tremor” (Filipenses 2.
12); e que seremos salvos (futuro), “alcançando o fim da vossa fé,
a salvação das vossas almas” (I Pedro 1. 9).
De modo surpreendente,
o Novo Testamento usa a linguagem da Criação para falar das nossa
redenção. A Bíblia nos diz que, em Cristo, nós fomos re-criados
(passado), que estamos sendo re-criados (presente), e que seremos
re-criados (futuro). Compare: Efésios 4. 24, II Coríntios 3. 18, e
Filipenses 3. 20-21.
Isso tem sérias
implicações também sobre a Criação de Deus. Pois, qual era o
objetivo original de Deus para o homem? Basicamente, o objetivo era
que o homem tivesse senhorio sobre o restante da
criação.
“E
disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu,
sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo
réptil que se arrasta sobre a terra. Criou,
pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e
mulher os criou. Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e
multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes
do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se
arrastam sobre a terra. Disse-lhes mais: Eis que vos tenho dado todas
as ervas que produzem semente, as quais se acham sobre a face de toda
a terra, bem como todas as árvores em que há fruto que dê semente;
ser-vos-ão para mantimento” (Genesis
1. 26-29)
Esse senhorio,
evidentemente, foi perdido com o Pecado. Depois da Queda, o que o
homem tem feito é agido como um predador, e não como um
dispenseiro. Deus não colocou o homem no Jardim para destruí-lo,
mas sim, para que cuidade dele: “Tomou, pois, o Senhor Deus o
homem, e o pôs no jardim para o lavrar e guardar” (Genesis 2. 15).
A isso chamamos de Mandato Cultural. É a responsabilidade da Igreja,
como corpo, e cada cristão individualmente, agir no mundo como
dispenseiro dos bens do Senhor. A terra não é nossa, propriamente
falando, estamos aqui para cuidar.
Ainda mais
evidentemente que esse senhorio foi restaurado com
Cristo. De modo que, ao longo da História, a medida que o Evangelho
avança, e o povo eleito se mantém fiel ao Mandato Cultural, também
a criação tem sido beneficiada pela ação da Igreja. A Igreja,
desde já, pode viver “num Jardim”, desde que leve sua missão a
sério, de modo integral. Por exemplo, mesmo estando no Egito, o povo
de Deus vivia num jardim, “Então
Ló levantou os olhos, e viu toda a planície do Jordão, que era
toda bem regada (antes de haver o Senhor destruído Sodoma e
Gomorra), e era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito, até
chegar a Zoar” (Gênesis 13. 10). Novamente, o pecado do homem
traría destruição àquele lugar, no entanto, quando o povo eleito
voltou a habitar aquela região, ele se tornou “melhor que o Egito”
- Gn. 45. 18; 47. 5-6, 11 e 27. Não
é nenhuma surpresa que o Faraó, alguns anos depois, tenha ficado
assustado com a prosperidade desse povo do Pacto, afinal, assim como
se diz na Criação, também no Egito o povo de Deus “frutificou e
multiplicou” grandemente (Êxodo 1. 7).
Como
explicou o apóstolo Pedro em Atos 3, diante dos judeus, o objetivo
de Deus de restaurar todas as coisas em Cristo, foi profetizado
largamente pelos profetas antigos. Tomaremos Isaías e Ezequiel como
exemplo:
“Olhai
para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque
ainda quando ele era um só, eu o chamei, e o abençoei e o
multipliquei. Porque
o Senhor consolará a Sião; consolará a todos os seus lugares
assolados, e fará o seu deserto como o Edem e a sua solidão como o
jardim do Senhor; gozo e alegria se acharão nela, ação de graças,
e voz de cântico. Atendei-me, povo meu, e nação minha, inclinai os
ouvidos para mim; porque de mim sairá a lei, e estabelecerei a minha
justiça como luz dos povos” (Isaías
51. 1-4).
“Assim
diz o Senhor Deus: No dia em que eu vos purificar de todas as vossas
iniqüidades, então farei com que sejam habitadas as cidades e sejam
edificados os lugares devastados. E
a terra que estava assolada será lavrada, em lugar de ser uma
desolação aos olhos de todos os que passavam. E dirão: Esta
terra que estava assolada tem-se tornado como jardim do Eden; e as
cidades solitárias, e assoladas, e destruídas, estão fortalecidas
e habitadas. Então as nações que ficarem de resto em redor de vós
saberão que eu, o Senhor, tenho reedificado as cidades destruídas,
e plantado o que estava devastado. Eu, o Senhor, o disse, e o farei”
(Ezequiel
33-36).
Muito
mais poderiamos dizer, mas terminemos com uma observação
importante. Em todo o panorama da História Bíblica, observa-se que
a prosperidade real
do povo de Deus está intimamente ligada a obediência ao Mandamentos
de Deus. Assim, não existe prosperidade sem obediência a Lei do
Senhor. Não existe prosperidade oriunda de rituais. Não existe
prosperidade individualista, onde algumas pessoas prosperam, e outras
continuam aguardando sua vez. A Igreja prospera como um corpo! – e
isso destroi completamente ideologias
pagãs que tem invadido as Igrejas, como a Confissão Positiva, ou a
Teologia da Prosperidade. Também não existe prosperidade, ou
restauração da Criação, sem o Evangelho – e isso destroi
qualquer ambientalismo modinha, marxista, e sem Deus. Sem Deus, sem o
Evangelho, o futuro da Terra seria a destruição.
Segundo o pastor João Antônio de Souza Filho, em seu livro Ecologia à luz da Bíblia: "O homem não pode, por suas próprias forças, decidir o que quer com a terra, quando deve plantar, o que semear e como será a sua safra, pois todo seu esforço redundará em um completo fracasso. Deus afirma nas Escrituras que a perfeita relação do homem com a terra só acontece quando este anda em harmonia com Deus."
ResponderExcluir(...)
"Os crentes, aqueles redimidos por Jesus Cristo e que agora fazem parte da família de Deus, são os únicos que podem operar e transformar a terra. Todo esforço dos ecologistas será em vão, nulo, sem qualquer utilidade, porque não se baseia numa promessa divina de redenção da terra. A terra somente será redimida, como vimos anteriormente, quando houver a manifestação dos filhos de Deus. A natureza ficará livre de seu cativeiro através dos filhos de Deus. Portanto, como cristãos, temos muita responsabilidade em transformar a terra. Nós somos os agentes transformadores."
Levítico 26 diz:
3 - Se andardes nos meus estatutos, e guardardes os meus mandamentos, e os cumprirdes,
4 - Então eu vos darei as chuvas a seu tempo; e a terra dará a sua colheita, e a árvore do campo dará o seu fruto;
5 - E a debulha se vos chegará à vindima, e a vindima se chegará à sementeira; e comereis o vosso pão a fartar, e habitareis seguros na vossa terra. --- (Levítico 26:3-5)
Os anglicanos tem uma história em defesa do meio ambiente e do bem-estar animal. Um dos grandes nomes em defesa do bem´-estar animal é o reverendo anglicano Andrew Linzey.
Deem um lida nesse texto: http://noticias.gospelprime.com.br/teologia-animal-e-reconhecida-como-novo-campo-de-estudo-na-inglaterra/
Obs. Existe um grupo chamado CVA - 'Christian Vegetarian Association é um ministério internacional e não-confessional de crentes, que se dedica a promover uma forma de vida saudável e centrada em Cristo, entre os cristãos.'