Cristianismo Judaizante: nos passo do caranguejo!
Rev.
Marcelo Lemos
Antes de ler o artigo veja o vídeo:
O
vídeo acima foi gravado a mais de um mês. Mas, se o leitor acha que
o “Templo de Salomão” do Bispo Edir Macedo é o único exemplo
de apostasia judaizante na igreja brasileiro, leia o artigo a seguir
e descubra que não.
Estou
viajando, mas entre entrar e sair de Belo Horizonte nas últimas
semanas acabei arrumando tempo para visitar um “feira evangélica”
na capital mineira. Uma decepção. Misturados a versões bíblicas,
chaveiros com temas religiosos e folhetos evangelísticos, encontrei
diversos outros artefatos de fazer o estomago embrulhar. Correntinhas
da sorte (daquelas de fazer promessa), cajados, espadas e arcas da
aliança confeccionadas em plásticos, óleos perfumados com as mais
variadas essências, além de trajes para uma tal de “dança
litúrgica”. Não fosse pelos materiais genuinamente cristãos
expostos em outros boxes, certamente seria possível confundir com
uma feira de artigos para macumba.
Por
algum motivo, provavelmente explicado pelo sionismo latente na
teologia cristã popular de hoje (entenda-se Dispensacionalismo), há
uma verdadeira atração por tudo que aparece sob a famosa Estrela
de Davi, como se a mesma fosse portadora de algum poder santificante e
de autenticação. Assim, se o AT fala de uma Arca da Aliança, os
neoevangélicos estão dispostos a se prostrarem diante de sua
réplica hoje, bem como estão dispostos a carregarem na carteira
réplicas da espada de Gideão, ou do machado de Eliseu. Indo além
do próprio Dispensacionalismo, tais “evangélicos” (sic) se
sentem mais atraídos pela “sombra” do que pela “realidade”.
Outro
dia, por exemplo, observando o diálogo entre dois jovens pregadores
pentecostais, notei o grande fascínio que nutriam por expressões
hebraicas “cheias de poder” (palavras deles). “Shamah”,
“Tsidikenu”, “Jeova Nissi”, dentre tantas
outras. Que há de errado com tais palavras e expressões?
Absolutamente nada. A grande questão é que “Jeová Nissi”
e “Deus é a minha bandeira” significam a mesma coisa, e
não há nada de poderoso em ficar repetindo a mesma ideia em
hebraico; a menos, claro, que a pessoa tenha em mente algum tipo de
“mantra” - mas aí, já não estamos mais nos domínios da fé
cristã. Contudo, pregadores sabem que gritar e repetir tais
expressões inúmeras vezes de seus púlpitos, certamente lhes
renderá uma pregação “poderosa”, aos olhos de seus ouvintes...
Por
uma quase total ignorância da teologia neotestamentária eles
alimentam a fantasia de que Deus se comoverá com palavras e símbolos
judaicos! Inadvertidamente, acreditam que Deus se alegrará vendo Sua
Igreja ignorando o Juízo que Cristo trouxe sobre a Casa de Israel, e
com isso, rejeitam os tesouro da Nova Aliança em troca das migalhas
da Antiga:
“Disse-lhes
Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edificadores
rejeitaram, essa foi posta como pedra angular; pelo Senhor foi feito
isso, e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto
eu vos digo que vos será tirado o
reino de Deus, e será dado a um povo
que dê os seus frutos” (S. Mateus
21. 42,43).
Se
Cristo está certo sobre a Igreja ter recebido as chaves do Reino de
Deus, qual o sentido de querer aquilo que, segundo Jesus, foi
aperfeiçoado pela fé cristã? Será que não ouviríamos hoje a
mesma acusação que S. Paulo fez os cristãos da Galácia? “Ó
insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi
representado Jesus Cristo como crucificado? Só
isto quero saber de vós: Foi por obras da lei que recebestes o
Espírito, ou pelo ouvir com fé? Sois vós tão insensatos? tendo
começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis?”
(Galatás 3. 1-3).
Não
é de se estranhar, portanto, que a judaização da religião
neoevangélica
seja capaz de assumir contornos ainda mais assustadores, chegando a
ponto de, literalmente, substituir a Fé Cristã por uma versão
helenizada da Fé Judaica. Tenho um
amigo assembleiano que quase me fez ter um infarte quando disse que
estava congregando em uma sinagoga, onde estava aprendendo o quanto
os cristãos tinham se afastado da verdadeira religião de Jesus. Já
estava prestes a se converter em um gentio-messianico-judaizante!
Como ele não nasceu judeu, evidentemente não poderia se tornar
judeu messiânico,
oras! Por mais que o tenham iludido na
tal sinagoga, o máximo que ele poderia
vir a ser era
um caranguejo estiloso!
Porque,
segundo o que nos é dito no Primeiro Concílio da Igreja, registrado
em Atos 15, os gentios não precisam se submeter a cultura judaica
para seguirem a Cristo. Um gentio que faz isso está andando pra
trás, feito caranguejo, e isso faz dele
“insensato”, ou
tolo, nas
palavras de S. Paulo.“Porque
pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo
além destas coisas necessárias: Que
vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da
carne sufocada, e da prostituição; e destas coisas fareis bem de
vos guardar. Bem vos vá.” (Atos
15. 28,29).
Mas
a loucura não tem limites, é com um poço sem fim - depois que se
cai nele o Inferno é o limite. Quem assistiu ao filme “Viagem ao
Centro da Terra” - adaptação meia-boca do livro homônimo de
Júlio Verne – deve se lembrar da cena onde os três personagens
“descobrem” o caminho para o centro da Terra. Aqueles três
tiveram a sorte encontrar um bom lugar de pouso no fim do buraco, mas
o caranguejo normalmente termina na frigideira quando sai de seu
habitar natural.
Nesse
poço cavado pelos judaizantes tem uma loucura atrás da outra. Mas,
vamos deixar as tolices dos neoevangélicos de lado, e aproveitar
para dar olhar mais em baixo. Está virando 'modinha' entre alguns o
costume de não mais chamar Deus de “Deus”, e Jesus de “Jesus”,
além de outras descobertas mirabolantes, daquelas que fariam o
Discovery Channel produzir uma minissérie. Porém, ao invés
da nova série se chamar “O Astronauta Antigo” o nome
seria algo como “Em Busca do Jesus Perdido”,
pois o Jesus que conhecemos hoje foi, senhoras e senhores, uma
falsificação do Império Romano. Aliás, se você quer questionar
alguma coisa no Cristianismo o caminho mais fácil é botar a culpa
num tal de Constantino. Sua tese, só por isso, já ganhará um monte
de seguidores, além de render bons dividendos (pergunte aos
Adventistas do Sétimo Dia, às Testemunhas de Jeová ou a Dan
Brown).
Jesus,
meus caros, não tem poder para salvar. Apenas Yahusha
salva, como descobriu certo grupo judaizante. Segundo ensinam, o
falso nome “Jesus” se estabeleceu através das traduções
bíblicas, feitas primeiramente pelos católicos romanos, no que
foram seguidos pelos protestantes. Felizmente, hoje temos esses
verdadeiros iluminados para nos ensinar a verdade.
Mas,
o que falta entre os judaizantes é a tal da unidade. A única coisa
que os une é a ideia de que, nós, cristãos, falsificamos o nome do
Filho de Deus. E qual é o nome verdadeiro? Uma segunda resposta nos
é dada por um grupo chamado “Testemunhas de Yeshôshua”
(veja artigo completo sobre eles AQUI).
Bem, já temos duas teorias judaízantes, e agora?
Bem,
talvez quem salve seja, na verdade, Yeshua, como afirma
um grupo intitulado de “Judeus da Unidade”. Segundo seu
líder do grupo, o rabino Marcos Andrade Abraão, “Roma
criou um personagem que pegou emprestado a história do verdadeiro
Mashiach”.
O
que mais me impressiona é que tais grupos estão conseguindo
convencer pessoas que já conhecem o Evangelho. Recebo noticias e
questionamentos
sobre esses casos de “conversões”,
ou melhor, de apostasias.
E isso me faz perguntar se a raiz não está justamente na
mentalidade mistica-judaizante
da
qual falei já no inicio deste artigo. Porque, não é verdade que
tudo isso tem sua origem na mentalidade de que o cristianismo é
apenas uma expressão do judaísmo em sua essência?
Mas,
tanto essas seitas quanto os neoevangélicos padecem da mesma
ignorância teológica sobre o Novo Testamento. Os
judaizantes dentro de nossas comunidades ignoram a teologia
neotestamentaria a respeito da Realidade ter aperfeiçoado aquilo que
era “sombra”. Os que descem mais fundo na heresia, desconhecem a
própria letra do Novo Testamento. Para
essas seitas, o argumento
principal e
que foi
batizado com um nome judeu, portanto,
aqueles
que traduziram seu nome criaram uma falsa religião. E
esse argumento é muito sedutor para
as
pessoas
que
em
sua igreja vivem
cercadas
por palavras de ordens “judaicas” e símbolos “judaicos”;
para
elas
esse argumento pode ser muito convincente! Tão convincente que
muitos estão descendo mais fundo no fosso judaizante, e
abandonando suas congregações cristãs.
Alguém
pode negar que “Jesus” não é o nome hebraico do Cristo?
Evidentemente não! Todos os cristãos sabem disso – se aprende na
EBD. Mas, é pecado traduzir o nome de Cristo para outro idioma? Se
for pecado, então os apóstolos – que eram todos judeus! - foram
os primeiros a cometerem tal sacrilégio, pois nós herdamos deles
tal costume. Porque o nome do
Salvador é
citado
pelos Apóstolos mais de 900
vezes
no Novo Testamento, e em todos esses casos ele traduzem o nome de
Jesus para o idioma grego (IESOUS
CRISTOS
)
no qual estavam escrevendo.
Será
que a falsa religião foi inaugurada já nos dias da Igreja
Primitiva? Como
podemos sustentar a tese de que a tradução do nome do Filho de Deus
é uma
abominação,
coisa da falsa religião, se a própria Bíblia usa seu nome
traduzido para a língua grega? Que apostasia é essa que os
apóstolos, homens inspirados por Deus, preferiram
seu
nome em
Grego a suas variantes
Yeshôshua
ou
Yeshua?
Um fato aceito pela maioria esmagadora dos estudiosos do Novo Testamento é que este foi escrito em Grego, com a possível exceção de S. Mateus. Assim, ainda que eu goste muito da Peshita (versão aramaica muito antiga), o fato é que os Apóstolos escreveram a maior parte de seus livros para leitores e ouvintes gentios, que, obviamente, falavam grego. Naqueles dias não havia a Bíblia como a temos hoje. As cartas eram enviadas aos lideres das Igrejas locais, e durante a liturgia eram lidas diante de todos. E uma vez que sabemos que S. Paulo foi enviado como apóstolos dos gentios, parece óbvio supor que lhes falasse em sua própria língua: “Mas é a vós, gentios, que falo; e, porquanto sou apostolo dos gentios...” (Romanos 11.13); “Os quais pela minha vida expuseram as suas cabeças; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios” (Romanos 16.4). “A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios as riquezas inescrutáveis de Cristo” (Efésios 3.8).
E,
em todos os livros do Novo Testamento, em nenhuma vez encontramos os
Apóstolos usando o nome Hebraico ou Aramaico de Jesus. Mas as
fábulas judaizantes exercem tanto fascínio sobre os neoevangélicos
de nossa geração que essas ideias estão se tornando cada dia mais
populares. Nem todos chegaram ainda ao extremo de voltar ao
judaísmo, mas muitos o estão fazendo. Nem todos estão se
declarando “judeus cristãos”, mas se apegam com toda fé em
elementos do judaísmo. Ironia das ironias, os judaizantes foram o
grupo herético que mais deram trabalho ao apóstolo S. Paulo, e, ao
que parece, eles estão de volta, e com toda força.
Não deixa de ser hilário assistir essas mesmas pessoas ficarem tão nervosas com a visita do Papa Francisco. Ora, deviam ter ataques de nervos lendo os livros de Lutero!
Não deixa de ser hilário assistir essas mesmas pessoas ficarem tão nervosas com a visita do Papa Francisco. Ora, deviam ter ataques de nervos lendo os livros de Lutero!
Graça e paz Rev. Marcelo.
ResponderExcluirMuitíssimo obrigada pela matéria. Excelente. Já compartilhei no facebook, compartilharei mais vezes amanhã também.
Acabei de enviar o meu texto sobre a Dilma, a bispa 171 e as cantoras góspel, que saiu no Genizah. Enviei ao seu e-mail.
Abraços fraternos. Deus continue abençoando sua vida grandemente.
Obrigado pela divulgação, e pelo texto sobre nossa presidente também. Estarei publicando ainda hoje.
ExcluirExcelente texto! Vou divulgá-lo em meu blog. Que o Senhor continue abençoando seu ministério!
ResponderExcluirEm Cristo,
Jefferson Rodrigues