Anglicanismo Real: aceitamos o desafio!

Rev. Marcelo Lemos

"A audácia com que o falso evangelho tem sido promovido na Comunhão Anglicana tem, para tomar emprestado uma frase proferida pelo meu bom amigo arcebispo Peter Jensen, despertado o gigante adormecido da ortodoxia anglicana" - Arcebispo Eliud Wabukala.

Optar pelo anglicanismo nem sempre é algo fácil nos dias de hoje. Já escrevi sobre minha escolha ter sido tomada com base em dados bem fundamentados, porém, nem tudo que se diz anglicano ajuda em tal decisão.

De certo modo, me parece que o termo "anglicano" é usado por muitos como desculpa para as atitudes mais estapafúrdias. Tem gente, por exemplo, que gosta de se vestir de padre, de falar como padre, de acreditar quase como um padre, mas ao mesmo tempo não tem coragem de ir para Roma - seja porque não teria muita chace de subir da hierarquia lá, seja por questões de frouxidão moral, e então, terminam se denominando "anglicanos". Mas, são anglicanos por qual razão? Basicamente, ao que parece, eles tomam o anglicanismo com um guarda-chuva sob o qual qualquer coisa pode ser abrigada!

Tais pessoas simplesmente não entendem o que o anglicanismo quer dizer com "via média", e termiam simplesmente jogados na mediocridade, termo que aliás, também vem de "caminho do meio". Assim, temos anglicanos que defendem as práticas sexuais condenadas nas Escrituras, ou que abraçam religiões que nada tem a ver com Cristo - sabemos de um grupo cujo líder de declara também um bruxo!

Em meio a tudo isso é, muitas vezes, um tanto difícil conseguir o respeito dos demais cristãos. Porque, além do anglicanismo ser pobremente conhecido no Brasil, ainda precisamos conviver com gente que o deturpou tanto a ponto do mesmo perder praticamente toda a sua identidade cristã reformada. Mas, é justamente em meio a tantos problemas que o Espírito Santo agraciou a família anglicana com o GAFCON II, que se reuniu este no em Nairobi, na África. Este evento, de proporção global, nos dá uma prova adicional de que estamos dispostos a enfrentar os grandes desafios a nossa frente, quer estejam no mundo secularizado a nossa volta, quer estejam nos apostatas que também levam nosso nome.

Para desespero de liberais e apostadas dos mais diversos, Nairobi reuniu ao em torno de 1300 bispos anglicanos, cujo compromisso é criar redes de anglicanos féis as Escrituras em todo o mundo. Gente como a Diocese Anglicana do Recife, a Igreja Anglicana Reformada do Brasil (IARB), e a Free Church Of England (FCE). São comunidades que tanta gente chama de fundamentalistas e "falsos anglicanos", mas estiveram na conferencia, e certamente se alegraram com os compromissos firmados pelos bispos de todo o mundo.

Vale registar porém que, no caso da IARB e da FCE não estamos falando de comunidades ligadas à Comunhão Anglicana, como as demais ali presentes. Mesmo assim, nossa presença, quase acidental, no Gaficon 2013 é um marco histórico, para nós, e para o anglicanismo ortodoxo. Pela graça de Deus, os liberais terão que nos engolir. E terão que engolir gente como Eliud Wabukala - da citação que abre esse artigo - que mesmo sendo da Comunhão Anglicana, não se curva as imposições da agenda liberal e politicamente correta.

Em sua palestra em defesa do Gafcom, Wabukala diz com todas as letras da necessidade dos anglicanos confessantes resitirem o falso evangelho que se travestiu de espiritualidade anglicana. É o mesmo discurso que fez nascer, e alimenta as forças de gente como nós, a Igreja Anglicana Reformada do Brasil. Enquanto gente ligada a apóstata IEAB (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil) vive nos dizendo que os "39 Artigos da Religião" é apenas um documento histórico, mas não contém a doutrina anglicana, o arcebispo claramente afirma o oposto:

"Como qualquer movimento autentico de Reforma na Igreja, GAFCON simplesmente recuperou o que foi perdido; estou pensando particularmente, mas não exclusivamente, nos "39 Artigos da Religião", que foram elaborados pelo arcebispo Tomas Cranmer como expressão daquilo que foi soterrado pela escolástica medieval".

Em seguida o palestrante relembra as palavras da Declaração de Jerusalém "defendemos os '39 Artigos' como contendo a verdadeira doutrina da Igreja, em concordância com a Palavra de Deus, e tem autoridade sobre os anglicanos hoje".

Qual será o futuro do Anglicanismo? Os liberais sonham com uma Nova Balilônia, uma nova velha Meretriz. Nosso desafio é levantar a Bandeira do Evangelho, e defender a qualquer custo a Fé Reformada de nossos pais. O desafio está lançado, e nós o aceitamos, contando com o auxilo da Graça de Deus.