Anglicanismo Real: uma introdução
Rev.
Marcelo Lemos
Há
alguns anos eu mesmo pouco sabia a respeito do que se chama
“anglicanismo”, ainda que soubesse alguns detalhes parcos
sobre a história da Igreja da Inglaterra. E confesso que
muito do que eu já pensei sobre o tema baseava-se em alguns
preconceitos. Depois, ironicamente, eu mesmo me declarava anglicano,
e passei a lidar, então, com diversos desses preconceitos agora
lançados diante de mim. Hoje vou aproveitar a realização da GAFCON
II para iniciar uma série de artigos que lidará com tais
preconceitos, que existe dentro e fora do próprio anglicanismo.
Neste texto traço apenas algumas observações iniciais.
Acredito
que Deus usou, de modo especial, duas vozes para lidar com esse
desafio aqui no Brasil. A mais famosa delas foi a Bispo Robson
Cavalcanti, já falecido. E também o Bispo Josep
Rossello, da Igreja Anglicana Reformada do Brasil.
Sobre Cavalcanti, com quem temos algumas divergências sérias, o
fato é que ele, a seu modo, enfrentou o liberalismo teológico da
maior denominação anglicana do Brasil, a IEAB, e acabou sendo
excluído da mesma, junto com a Diocese do Recife. Mas, uma força
inesperada neste debate surgiria do interior de São Paulo.
Refiro-me, claro, a Igreja Anglicana Reformada do Brasil,
nascida com o Bispo Francisco Buzzo, que também já foi
membro da liberal IEAB. Você pode conhecer um pouco dessa história
vendo a entrevista que o mesmo concedeu ao “Papos Teológicos”.
O papel do Bispo Jossep Rossello neste debate foi, e ainda é, crucial, especialmente, nas redes sociais, a começar pelo praticamente finado Orkut. Inclusive entre os Reformados pouca gente acreditava que poderia haver alguma coisa realmente cristã no anglicanismo, seja porque acham que todos eramos liberais, ou pelo preconceito grandemente disseminado de que somos apenas uma Igreja “romana” mais moderninha... Com a graça de Deus, não poucas vezes assistimos várias pessoas voltar atrás em suas opiniões, inclusive pedindo perdão pelo juízo apressado que nos lançavam. Hoje, pelo que acompanho, da Igreja Anglicana Reformada do Brasil pode se dizer que lançou um “marco” na história do anglicanismo em nosso País, quer isso agrade ou não este ou aquele setor episcopal.
Um
elemento a mais neste marco se deu na última semana, com a presença
do Bispo Rossello na segunda edição do GAFCON,
que se deu em Nairobi, África. Dela
também participou a Diocese Anglicana do Recife, e com toda justiça.
No vídeo abaixo você pode assistir a entrevista do Bispo Miguel
Uchoa, sucessor do Bispo Calvanti.
Um detalhe inusitado, e para mim muito significativo, foi ver o GAFCON, ao menos na entrevista acima, chamar da Diocese do Recife de “Província”, e não de “Diocese”. Significativo porque, até onde sei, a Comunhão admite apenas uma “Província” por País, e no Brasil, infelizmente, a provícia da Comunhão é a liberal IEAB, que já faz planos de aceitar plenamente o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Talvez tenha sido apenas um lapso dos Bispos, incluindo o irmão Uchôa, - “My Province is GAFCON”, declarou o Bispo, concordando com o entrevistador! - mas pode ter sido algo mais significativo – vamos torcer pela segunda opção!
Já
a presença do Bispo Rossello no evento foi discreta, sem
holofotes, contudo real. Nós estivemos na Conferência que trata do
futuro do Anglicanismo no mundo, a qual, como nós, é cristã, e
profundamente preocupada com a intromissão dos valores pagãos
dentro da Igreja:
"Portanto,
uma das maiores tragédias é a contradição de uma igreja mundana -
a inconsistência dela - quando, em vez da igreja ser enviada ao
mundo, está infectada pelo mundo!"
- Declaração dos bispos anglicanos, Gafcon 2013, Nairobi, Africa!
- Declaração dos bispos anglicanos, Gafcon 2013, Nairobi, Africa!
Um
tapa para aqueles que já nos disseram que somos apenas uma turminha
querendo entrar na Comunhão Anglicana “pelas
portas dos fundos”.
Não somos. Somos anglicanos, de fato, fieis aos 39
Artigos da Religião,
como se dá com a maioria dos anglicanos do mundo, reunidos mais uma
vez no GAFCON, onde também fomos
recebidos como convidados, e representantes do NAMS. Talvez os
liberais respondam que o GAFCON é
apenas um grupo de velhotes reacionários...
Bispo Josep Rossello, a esquerda, com Lee Gatiss, diretor da Church Society,
da qual já foi membro o Bispo J.C. Ryle
O
que temos visto na Comunhão é um eterno “ouvir, ouvir, ouvir”
os dois lados do debate (assistam a entrevista do Bispo Uchoa, se
ainda não fizeram). É preciso que a mesma assuma um lado, que faça
sua escolha. Não se pode servir a dois senhores, não sem magoar um
deles. Nós, os anglicanos, estamos do lado de Cristo e de Sua
Palavra (desculpem a redundância). Se os liberais não estão, não
são anglicanos. Se a Comunhão não os calar, também não é. E
nós, da Igreja Anglicana Reformada do Brasil, só
queremos comunhão com quem, de fato, é anglicano, ou não o sendo,
seja, todavia, cristão.
Se Deus nos permitir, continuaremos voltando a este tema nos próximos dias. Até logo.
A PAZ MEU IRMÃO, UMA PERGUNTA OS IRMÃOS NÃO ESTÃO FAZENDO PARTE DO GAFCON POR CAUSA DA DIOCESE DO RECIFE ?
ResponderExcluirNão, irmão Silvado. Nosso bispo foi convidado a ir a Gafcon 2013.
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