O Cristo Revolucionário do Ex-Padre Beto
Rev.
Marcelo Lemos
Tenho
escutado muito sobre Cristo revolucionário ultimamente. Dizem que
ele revolucionou o seu tempo, e que foi subversivo.
Coloque-se,
por exemplo, no lugar de Herodes. Ele é governador numa região que
inclui a nação de Israel, com prévio histórico de rebeliões.
Você está sentado sobre um barril de pólvora pronto para explodir.
Com isso em mente você começa a entender melhor a reação insana
de Herodes, contada em S. Mateus 2.1-21.
Ou
se coloque no lugar dos escribas e fariseus. Eles eram o “magistério”
daqueles dias. Eram infalíveis. Eram a nata religiosa de Israel. De
repente surge alguém, que se diz o Ungido, o Filho, e os chama de
hipócritas, filhos do Inferno, serpentes e raça de víboras (S.
Mateus 23). Explica-se, que estes, assim como Herodes, o tenham visto
como um homem revolucionário e subversivo.
E,
de fato, ele era as duas coisas.
Toda
vez que ouço alguém dizer sobre a pregação revolucionária e
subversiva de Cristo, preciso concordar. No entanto, o simples fato
de que Cristo jamais apelou à política, ou às armas para converter
o mundo, já deveria envergonhar uns 90% dos revolucionários
atuais. Além disso, para piorar a coisa, nem sempre a
“revolução” que Cristo trouxe é compatível com os projetos
revolucionários” da nossa geração. A revolução cristã é
bem diferente! Vamos ser sinceros: provavelmente nenhum
“revolucionário” de hoje aceitaria a revolução cristã, pois a
tomam como conservadora e reacionária.
Vamos
tomar como ilustração um famoso e atual revolucionário. Ele atende
por Beto, e é ex-padre, tendo sido excluído da Igreja Católica
Apostólica Romana por declarações favoráveis ao adultério, a
poligamia, e a homossexualidade. Numa entrevista recente ao portal
I-Gay, o ex-sacerdote romano justificou sua postura com o seguinte
argumento:
“Jesus
era revolucionário, mas essa característica foi amenizada pela
Igreja. Ele é visto num representação romântica das palavras amor
e da paz. Acontece que o amor dele era comprometido, tanto que isso o
levou a arregaçar as mangas. Jesus inclusive combateu preceitos
religiosos, como o do “atire a primeira pedra quem nunca pecou”,
em relação às prostitutas”.
Praticamente
em cada frase há um ídolo a ser derrubado, uma mentira a ser
exposta. Coisa
fácil, aliás. Por
brevidade vamos ficar apenas com o caso da mulher adultera. Beto
coloca as palavras de um jeito premeditado,
como
que para
enganar aqueles que não conhecem pessoalmente o texto bíblico. Ele
quer convencer o leitor – no caso, os gays que o apoiam – que
Jesus revolucionou a relação da religião com as prostitutas,
quando disse “atire a primeira pedra”. Infelizmente, para e ele e
para seus fãs, tal conclusão está muito longe da verdade.
“E
os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em
adultério; e,
pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no
próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais
sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Isto
diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas
Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E,
como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes:
Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire
pedra contra ela. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando ouviram isto, redargüidos da consciência, saíram um a um, a
começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a
mulher que estava no meio. E, endireitando-se Jesus, e não vendo
ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles
teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor.
E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques
mais” – S.
João 8.3-11.
É
decepcionante
que Beto fale daquilo que desconhece. Primeiro que esse texto não dá
qualquer informação sobre o relacionamento de Cristo com as
prostitutas. O que vemos nesse texto é uma mulher pega no ato de
adultério, cuja pena era a morte. Beto ignora as palavras de S.
João, e também ignora o ensino da Lei de Deus. O adultério, na
Lei, é punido com a morte, mas a prostituição, mesmo sendo pecado,
não era punida com a morte – a menos que a prostituta fosse filha
de um Sacerdote. Isso,
por si só, já desqualifica completamente a exegese do ex-padre
Beto.
Resta
saber como Cristo agiu quanto a esse pecado então.
Do modo como o ex-padre Beto coloca premeditadamente suas palavras,
Cristo revolucionou o modo com a religião de
seu tempo
lidava com os pecadores. E,
de fato, Cristo fez isso.
Vamos
começar observando a total ilegalidade do julgamento que aqueles
homens armaram contra a mulher. De acordo com a Lei, nos casos de
adultério, homem e mulher deveriam ser julgados, com pelo menos duas
testemunhas. Mas o que os Fariseus fizeram? Apenas a mulher foi
apresentada, e nada sabemos sobre as duas testemunhas, tudo que vemos
é uma tuba sedenta de sangue, com uma presa fácil em mãos.
Mais
que o sangue, os Fariseus que lideravam a armação queriam ver Jesus
contradizer a Lei, uma vez que a lei estipula que adultério é
pecado, e que pode ser punido com a morte. Eles provocam: “E
na Lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois,
que dizes?”
(v.5). Era uma boa pegadinha, mas não funcionou, porque Cristo
jamais questionava a autoridade da Lei, apenas expunha a hipocrisia
dos Fariseus. Cristo responde: “Aquele
que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra
contra ela”.
Ok!
Vocês querem matá-la para cumprir a Lei? Sem problemas! Mas, antes,
examinem a si mesmos, e verifiquem se vocês também não merecem
essas pedradas, certo?
Bem, sabemos que nenhum deles quis arriscar, e
todos desistiram daquele julgamento ilegal.
Tudo
isso nos leva para bem longe da “revolução” pretendida pelo
ex-padre Beto. Para ele, questionar a pena que os Fariseus sugeriam
para a mulher adultera, equivale a repensarmos o que é pecado hoje.
Mas essa não foi a revolução de Cristo. Cristo
não tolerou o pecado por amor ao pecador. No máximo, podemos dizer
que Cristo tolerou o pecador
– apesar
do pecado e
para livrar o pecador do pecado. Tanto
é assim que sua entrevista com a mulher termina com as seguintes
palavras: “Vai-te,
e não peques mais”.
Com essa simples frase, todo o castelo de areia do ex-padre cai por
terra, como que num piscar de olhos.
Para
os “revolucionários” de hoje, o amor que “arregaça as mangas”
tem a ver com liberar o aborto, legalizar a prostituição, e
autorizar o casamento de homossexuais, além do apoio, financiamento
e proteção do Estado para outros pecados. Todavia, a revolução de
Cristo, baseava-se em “vai-te,
e não peques mais”.
Em outras palavras, a verdadeira revolução cristã não começa com
uma nova
legislação,
mas sim, com um
novo coração, que
pela Graça, é capaz de desejar e cumprir a Vontade de Deus.
Jesus não pretendeu resolver o problema do pecado chamando o mal de
bem, mas sim, transformando a vida das pessoas.
Qual
revolução queremos? A do Cristo, ou a de um padre excomungado não
apenas pela Igreja de Roma, mas por todos os cristãos fiéis? O
Cristo do ex-padre Beto pretende que os homens deixem de pecar com
um método bem curioso: retirando
seus pecados da
lista negra, assim
os
tornando santos da noite para o dia. Mas o Cristo dos Evangelhos
desejou mais que isso: Ele a todos convida para o caminho da
conversão. Qual
é a nossa bandeira?
Olá Marcelo! Texto muito esclarecedor! parabéns. Quando puder dá uma olhadinha lá no café. rsrs.
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